Rudson de Souza Publisher do OBemdito

Violência contra LGBTQIAPN+ cresce no Paraná e revela subnotificação alarmante

Estado registra mais de 800 violações de direitos em 2025, mas apenas 14% viram denúncia formal; especialista alerta para efeitos da exclusão e pede políticas públicas eficazes

Apesar do número elevado, apenas 116 denúncias foram formalizadas junto à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, ligada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH) (Foto Handler/iStoch)
Violência contra LGBTQIAPN+ cresce no Paraná e revela subnotificação alarmante
Rudson de Souza - OBemdito
Publicado em 31 de maio de 2025 às 14h06 - Modificado em 31 de maio de 2025 às 14h07

O Paraná já contabiliza, nos cinco primeiros meses de 2025, 829 casos de violações de direitos humanos contra pessoas LGBTQIAPN+ (sigla que reúne diversas identidades de gênero e orientações sexuais). Apesar do número elevado, apenas 116 denúncias foram formalizadas junto à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, ligada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH).

Os dados constam no Painel de Dados da Ouvidoria e acendem um alerta sobre a subnotificação de casos e a vulnerabilidade dessa população.

A capital, Curitiba, lidera o ranking no estado: foram 276 casos neste ano e 769 em 2024. No ano passado, o Paraná fechou com 2.230 registros de violações, mas apenas 291 denúncias — o que aponta para um padrão preocupante de invisibilidade institucional.

Para a advogada e coordenadora do curso de Direito da Faculdade Anhanguera, Camila Escorsin Scheifer, o cenário reflete uma violência estrutural e contínua.

“A comunidade LGBTQIA+ enfrenta preconceito, exclusão social, falta de apoio familiar, e dificuldades de acesso a oportunidades. Isso gera sofrimento psicológico grave, depressão e, em casos extremos, suicídio”, diz.

A especialista destaca que, embora a violência física — especialmente contra pessoas trans — seja a mais visível, muitas agressões se manifestam de forma velada, como a discriminação cotidiana.

“É essencial que a sociedade e os órgãos públicos se engajem mais no combate à LGBTQfobia, com políticas públicas que informem e protejam”, afirma.

A urgência do tema se reforça com dados internacionais. Um levantamento da organização europeia TransRespect revela que a expectativa média de vida de pessoas trans é de apenas 35 anos.

No Brasil, o “Dossiê 2024 sobre Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2023”, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), apontou crescimento de 10% nos assassinatos: foram 145 homicídios e 10 suicídios entre pessoas trans, sendo a vítima mais jovem uma adolescente de 13 anos.

A violência que atinge a comunidade LGBTQIAPN+ no Paraná e em todo o país não é apenas uma questão de segurança pública, mas de garantia de direitos fundamentais.

“É uma luta que impacta toda a sociedade e exige empatia, ação efetiva e compromisso contínuo de todos os setores”, conclui Scheifer.

A população pode denunciar casos de violência e violações de direitos pelo Disque 100. O serviço é gratuito, sigiloso e funciona 24 horas por dia.

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