Violência contra LGBTQIAPN+ cresce no Paraná e revela subnotificação alarmante
Estado registra mais de 800 violações de direitos em 2025, mas apenas 14% viram denúncia formal; especialista alerta para efeitos da exclusão e pede políticas públicas eficazes
O Paraná já contabiliza, nos cinco primeiros meses de 2025, 829 casos de violações de direitos humanos contra pessoas LGBTQIAPN+ (sigla que reúne diversas identidades de gênero e orientações sexuais). Apesar do número elevado, apenas 116 denúncias foram formalizadas junto à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, ligada ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDH).
Os dados constam no Painel de Dados da Ouvidoria e acendem um alerta sobre a subnotificação de casos e a vulnerabilidade dessa população.
A capital, Curitiba, lidera o ranking no estado: foram 276 casos neste ano e 769 em 2024. No ano passado, o Paraná fechou com 2.230 registros de violações, mas apenas 291 denúncias — o que aponta para um padrão preocupante de invisibilidade institucional.
Para a advogada e coordenadora do curso de Direito da Faculdade Anhanguera, Camila Escorsin Scheifer, o cenário reflete uma violência estrutural e contínua.
“A comunidade LGBTQIA+ enfrenta preconceito, exclusão social, falta de apoio familiar, e dificuldades de acesso a oportunidades. Isso gera sofrimento psicológico grave, depressão e, em casos extremos, suicídio”, diz.
A especialista destaca que, embora a violência física — especialmente contra pessoas trans — seja a mais visível, muitas agressões se manifestam de forma velada, como a discriminação cotidiana.
“É essencial que a sociedade e os órgãos públicos se engajem mais no combate à LGBTQfobia, com políticas públicas que informem e protejam”, afirma.
A urgência do tema se reforça com dados internacionais. Um levantamento da organização europeia TransRespect revela que a expectativa média de vida de pessoas trans é de apenas 35 anos.
No Brasil, o “Dossiê 2024 sobre Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras em 2023”, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), apontou crescimento de 10% nos assassinatos: foram 145 homicídios e 10 suicídios entre pessoas trans, sendo a vítima mais jovem uma adolescente de 13 anos.
A violência que atinge a comunidade LGBTQIAPN+ no Paraná e em todo o país não é apenas uma questão de segurança pública, mas de garantia de direitos fundamentais.
“É uma luta que impacta toda a sociedade e exige empatia, ação efetiva e compromisso contínuo de todos os setores”, conclui Scheifer.
A população pode denunciar casos de violência e violações de direitos pelo Disque 100. O serviço é gratuito, sigiloso e funciona 24 horas por dia.





