Graça Milanez Publisher do OBemdito

Sinônimo de problema no passado, rua José Balan ‘renasce’ para o comércio

“Isso é uma bela de uma área comercial... O povo que ainda não percebeu... Olha só movimento!”, diz pequeno empresário

BRECHÓ DA SOL: Solange de Assis de Souza, 45 anos, aproveitou o apelido para dar nome ao seu negócio (FOTOS: DANILO MARTINS)
Sinônimo de problema no passado, rua José Balan ‘renasce’ para o comércio
Graça Milanez - OBemdito
Publicado em 14 de outubro de 2022 às 11h15 - Modificado em 21 de maio de 2025 às 21h37

A rua José Balan não é mais a mesma faz tempo, mas nunca esteve tão visada como agora. Há uns 30 anos era um dos pontos mais vulneráveis de Umuarama, principalmente na faixa que beira o córrego Mimoso, que nasce no bosque dos Xetá; ali dezenas de famílias viviam em barracos precários, muitos de lona. Políticas de habitação se encarregaram de transferi-las e os barracos foram eliminados. 

Quem ficou sabe que a paisagem agora é muito mais promissora. Testemunho disso é o número crescente de estabelecimentos comerciais que vão se instalando e ganhando clientes no trecho da avenida Parigot de Souza à ponte, que liga o local ao bairro Panorama [daí em diante a rua passa a se chamar Nereu Ramos].

“Isso é uma bela de uma área comercial… O povo que ainda não percebeu… Olha só movimento!”, diz William de Oliveira, 35 anos, apontando para a rua, que realmente tem grande fluxo de veículos. No local, ele e o sócio, Júlio Amaral, montaram uma loja de acessórios e prestação de serviços para automóveis [colocação de película de vidro e instalação de som].

“Na verdade, eu transferi minha loja da avenida Brasil para cá, porque lá o aluguel aumentou muito; aqui é bem mais tranquilo até porque comprei esta casa”, conta, empolgado. Com simplicidade, mas funcional, a casa de madeira foi readequada e letreiros coloridos na fachada dão o tom comercial. “Fiz um bom negócio”, garante Oliveira.

William de Oliveira, na loja de acessórios que mantém com o sócio
Fátima Barros em seu Garden Primavera: plantas a partir de R$ 5

Quase em frente, também pautado na simplicidade, está o Garden Primavera, da empreendedora individual Fátima Barros, 57 anos. Até um ano atrás ela produzia e vendia em casa mudas de suculenta e cactos. “Fiz uma boa clientela e agora resolvi dar um passo maior, abri este espaço”, conta.

Quase em frente, também pautado na simplicidade, nasce o Garden Primavera, da empreendedora individual Fátima Barros, 57 anos. Até um ano atrás ela produzia e vendia em casa mudas de suculenta e cactos. “Fiz uma boa clientela e agora resolvi dar um passo maior, abri este espaço”, conta.

Um banner no muro anuncia a loja de plantas, montada no quintal da casa onde mora, com uma estufa e algumas prateleiras. “Fiz esta gambiarra porque a gente não tem aqueeele poder…”, brinca.

No entanto, nessa “gambiarra”, ela mantém mais de cem espécies de plantas, com preços que variam de R$ 5 a R$ 50. “Estou confiante! Se Deus quiser vai dar certo… quer dizer, já deu”, exclama, mostrando-se otimista.

Conveniência e bar

Já o aposentado Timóteo Borges dos Santos, 65 anos, não está muito animado, não. Ele é dono da Conveniência Panorama, que montou há seis meses na sala e na garagem da casa. “Resolvi abrir isso daqui porque o dinheiro da aposentadoria não dá pra nada”, queixa-se. Na loja vende bebidas, doces, salgadinhos e carvão, entre outros itens, para clientes da redondeza.

“Mas o lucro é ‘muito pouco’… Estou pensando em fechar”, avisa. E lamenta: “Ainda mais que, aqui do lado, abriu um bar… agora mesmo que não vai pra frente isso daqui”.

Funcionando há um mês, o bar é da Débora de Araújo, 30 anos, que está desempregada e tem dois filhos pequenos para sustentar.

Ela aproveitou a varanda da casa para abrigar os móveis: um conjunto de mesa e cadeiras [típicas de bar], uma geladeira, um banco de madeira e o balcão, que tinha em cima duas latinhas de cerveja, três corotes e alguns sacos de ‘chips’], todos, aparentemente, reciclados.

“Foi o que pude fazer”, justifica. “O movimento está bem fraco, mas não vou desistir; preciso ganhar meu sustento aqui!”

Timóteo Borges dos Santos: em busca de complemento para a aposentadoria
Solange e seu Brechó da Sol: alternativa para trabalhar em casa, perto do filho

Brechó da Sol

O nome não poderia ser mais propício e simpático. Solange de Assis de Souza, 45 anos, aproveitou o apelido para dar nome ao seu bazar/brechó. Na sala e na varanda da casa ela expõe as roupas usadas que tem em estoque. Essa ‘vitrine’, quando não chove, ocupa também parte do quintal da frente.

Sol conta que resolveu abrir o bazar porque não pode trabalhar fora; ela tem um filho com uma alergia nos olhos considerada grave , que precisa de cuidados permanentes. “Assim, trabalho em casa e fico o tempo todo perto dele”, alega, confiante. “Com a graça de Deus isso vai dar certo”.

Faz de tudo

O mecânico Genivaldo dos Santos Martins, 43 anos, mora na rua José Balan e alugou a casa da frente para instalar sua oficina, que, segundo ele, é genérica. “Aqui nós fazemos de tudo… o que dá dinheiro nós fazemos!”, diz, com bom humor. Por causa de um problema sério de coluna, diz também que “nem poderia estar trabalhando” [referindo-se a horas de trabalho].

Mas mostra-se contente. “Parar de trabalhar? Não tem jeito. Tem que pagar água, luz, aluguel…”, menciona, enquanto conserta uma roda de um carro. No local, ele tem planos de abrir uma loja de peças para automóveis.

 “Tenho 25 anos de experiência no ramo, inclusive com máquinas pesadas… acho que vai dar certo, porque… trabalhar com carteira assinada, não quero… os ‘patrão paga’ o que querem, não o que a gente merece”.

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