Graça Milanez Publisher do OBemdito

Biscuit se torna negócio para ‘dona de casa que buscava algo para ajudar nas despesas’

Geralmente acontece assim: a pessoa descobre que tem habilidades para trabalhos manuais, se encanta por um e começa a se […]

Paula, em seu ateliê: encomendas chegam de várias partes do Brasil (FOTOS: DANILO MARTINS/OBEMDITO)
Biscuit se torna negócio para ‘dona de casa que buscava algo para ajudar nas despesas’
Graça Milanez - OBemdito
Publicado em 23 de outubro de 2022 às 19h53 - Modificado em 21 de maio de 2025 às 21h02

Geralmente acontece assim: a pessoa descobre que tem habilidades para trabalhos manuais, se encanta por um e começa a se dedicar; quando vê… já está fazendo, da arte, um negócio. Aconteceu com Paula Cristina Silva Coelho, 49 anos, moradora do Bairro San Marino, de Umuarama. A paixão dela é por biscuit, aquelas esculturinhas fofas moldadas à mão com massa de porcelana fria. “Amo de paixão”, anuncia.

A incursão por essa expressão artística começou há mais de vinte anos; há sete virou fonte de renda, em ateliê montado em casa. “Eu era dona de casa e buscava alguma coisa para fazer, para ajudar nas despesas da casa. Tentei crochê, pintura, mas nunca ia para frente. Numa banca vi revistas sobre o biscuit, comprei, li, testei as receitas e deu certo”, relembra.

Com a venda das centenas de peças que faz todos os meses tira um salário em torno de dois mil reais, comercializando pela internet para todo o Brasil e também em lojas [duas revendem os produtos, uma de Umuarama e outra de Salto Del Guairá /Paraguai].  “Meu forte são as encomendas, que chegam sem parar”, conta Paula.

‘Laceiras’

Nas oito horas por dia [ou à noite] que se dedica ao trabalho, o que mais faz são apliques de laços para cabelo de meninas. “Tenho um grupo no whats de ‘laceiras’, no qual posto toda novidade que lanço; essa parceria é uma bênção, porque facilita minha comunicação com elas e, claro, as vendas”.

Também se destacam no acervo de produtos da Paula velinhas temáticas de festa de aniversário [topo de bolo], chaveirinhos, lembrancinhas de recém-nascido, enfeite para caneta e cuia de chimarrão. “Vendo bastante kits de caneta e chaveiro que representam profissão, principalmente enfermeiro e médico, que geralmente são para presente. Nessas horas, sinto que meu trabalho é bem valorizado!”

Falando em valor… dos anos de 1980 para cá o artesanato com biscuit no Brasil ganhou muitos adeptos, o que fez esse produto ganhar projeção no mercado, principalmente no das lembrancinhas. Nessa onda, surgem as fábricas que produzem a massa e as forminhas de silicone [e até franquias], largamente comercializadas mundo afora.

“Quando eu comecei não existia nada disso… eu fazia a massa usando como base o amido de milho no micro-ondas, dava muito trabalho! Hoje compro pronta, porque compensa. Quanto às forminhas, elas agilizam quando há muita encomenda, mas gosto mesmo é de moldar à mão”, esclarece Paula, que já ministrou muitos cursos, em Umuarama, sobre o assunto.

Nave da Xuxa e outras fofuras

Paula conta que um dos temas mais desafiadores que encarou foi fazer a nave da Xuxa com uma Xuxinha junto, para o topo do bolo de um aniversário de 42 anos de uma cliente. “Foi difícil, mas consegui”, comemora.

A delicadeza é bem visível na nave colorida com apliques de brilho e na miniescultura da modelo Xuxa Meneguel, vestida de branco. “O trabalho exigiu mão firme e persistência nos detalhes, por isso por isso o coloco entre os mais interessantes”, comenta Paula. 

As esculturinhas de personagens religiosos também exigem bastante dedicação na decoração, que precisa ser minuciosa. “Cada peça é única! O resultado acaba sempre me surpreendendo e vejo que cativa também meus clientes”, orgulha-se a artesã.

Afinal, o que significa biscuit

Ah, como a linguística é boa para nós! Ela consagra palavras pelo uso que, muitas vezes, nada tem a ver com o significado original. Biscuit, em francês, é biscoito, ou seja, um doce que comemos. Já lembrancinhas feitas com massa biscuit… não são doces, nem comestíveis, mas virou nome das pecinhas de aparência meiga, que, muitas vezes, até dá vontade de comer [rss]. Bom lembrar também que o termo entrou no rol dos estrangeirismos que se dão bem por aqui.

Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias do OBemdito em primeira mão.

Mais lidas