PC pede prisão preventiva de estudante que desviou quase R$ 1 milhão da formatura
A estudante Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, teve sua prisão preventiva solicitada pela Polícia Civil de São Paulo. […]
A estudante Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, teve sua prisão preventiva solicitada pela Polícia Civil de São Paulo. A jovem confessou ter desviado R$ 937 mil da comissão de formatura da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
Alicia foi indiciada nove vezes nesta segunda-feira (30) por apropriação indébita de recurso material, que é quando a pessoa adquire um recurso financeiro de outra pessoa sem o consentimento desta. O inquérito havia sido enviado na última sexta-feira (27) ao Ministério Público.
Devido aos nove desvios feitos por Alicia, a PC solicitou que ela responda nove vezes pelo crime, cuja pena é de um a quatro anos. Se condenada, ela poderá pegar até 36 anos de prisão.
O advogado da acusada, Sérgio Ricardo Stocco Giolo, é contrário à decisão, afirmando que a prisão preventiva só pode ser determinada em situações excepcionais ou em casos de extrema necessidade.
Ainda não se sabe quais foram os motivos que levaram a PC a solicitar a prisão preventiva de Alicia. Entretanto, de acordo com o 16º DP, a jovem apresentou uma postura de “uma pessoa que tem certeza da impunidade, a ponto de sair sorrindo do interrogatório”.
Depoimento
Em um depoimento prestado na tarde do último dia 19, a estudante de medicina da Universidade de São Paulo, Alicia Dudy Müller Veiga, de 25 anos, confessou o desvio de quase R$ 1 milhão arrecadados pelos alunos da faculdade de Medicina, que seriam utilizados para pagar a formatura dos formandos.
De acordo com a delegada Zuleika Gonzalez Araújo, Alicia confessou ter o desvio de R$ 937 mil – valor que antes ela havia informado ser R$ 927 mil, não justificando a alteração – e o crime de apropriação indébita por parte do dinheiro.
Em depoimento, a jovem – que era presidente da comissão responsável pela formatura – disse que tirou o valor da empresa contratada para arrecadar o dinheiro, a “Ás Formaturas”, alegando que este não estava sendo bem administrado. Então, por conta própria, ela decidiu administrar os valores, fazendo “péssimas aplicações” e perdendo o montante.
Ainda de acordo com a delegada, Alicia passou a utilizar as quantias em proveito próprio, exibindo uma vida bastante incompatível com sua renda, tendo inclusive comprado um iPad Pro de R$ 6 mil e alugou cinco meses um apartamento por R$ 3.7 mil (com condomínio).
No depoimento, a jovem afirmou ter agido completamente sozinha, porém a delegada ainda irá ouvira namorada de Alicia e possivelmente seus pais. “Ela disse que não abre a vida pessoal para a família e que só ela tinha conhecimento dessas ações”.
A princípio, a jovem irá responder em liberdade. “Agora vamos seguir com as investigações e apurar se há mais fatos delituosos”, disse a policial. “São 110 alunos que se esforçaram para entrar na faculdade de medicina da USP e agora estão vendo esse sonho correndo risco”.
Sentinel Bank
Uma das aplicações feitas teria sido o valor supostamente investido, segundo ela, na empresa Sentinel Bank, com sede em Umuarama. Em outra ocasião, a jovem afirmou que investiu R$ 800 mil na empresa – que já foi investigada pela Polícia Federal por fraude envolvendo pirâmide financeira – e foi vítima de um golpe.
“Eu não tinha experiência em investir, então eu fiz o que parecia o óbvio e seguro na época, que era procurar uma investidora. Nosso dinheiro foi todo repassado pra Sentinel Bank, uma ‘investidora’ que no final das contas não se passava de um grande golpe e nunca mais retornou nem com o dinheiro investido, nem com os rendimentos”, afirmou Alicia em uma mensagem no grupo de WhatsApp da comissão.
Logo após, Alicia afirmou que tentou recuperar os valores realizando apostas em uma lotérica. Também confessou ter utilizado parte para benefício próprio, comprovando o crime de apropriação indébita, cuja pena prevista é de quatro anos e multa. Segundo ela, o dinheiro foi utilizado para pagar o aluguel de seu apartamento e seu carro.
“A Alicia foi interrogada e indiciada pelo crime de apropriação indébita”, afirmou a delegada Zuleika em coletiva de imprensa. “Ela narrou que, num primeiro momento, teria sacado os valores porque começou a desconfiar da administração da empresa. Sacou num primeiro momento R$ 604 mil porque pensou que poderia investir”.





