Foco no passado: Cinegrafista tem mais de 2,5 mil fotos antigas de Umuarama

A paixão por ‘fotos históricas e suas histórias’ é o que move o cinegrafista Edivanil Fernandes, 68 anos, a ir pra lá e pra cá em busca das mais emblemáticas para acrescentar ao seu acervo, que conta com cerca de 2,5 mil exemplares, a maioria em formato digital. Ele se concentra nesse hobby desde 1995.

Nil, como é chamado pelos amigos, antes de se dedicar exclusivamente ao ofício de gravações de casamento, era vendedor na Casa Santa Catarina, instalada em Umuarama nos anos de 1960, quando a cidade dava seus primeiros passos [foi fechada em 2016]. Nela, o colecionador atuou 38 anos.

Por ser uma loja tradicionalíssima, recebia muitos clientes que sabiam de cor e salteada fatos importantes do município. Muitos, aliás, eram os protagonistas desses fatos narrados: “Eu conversava com essas pessoas, ouvia atentamente cada detalhe e me encantava! Entre um papo e outro, perguntava se elas tinhas fotos que registraram tais histórias; as que confirmavam, me cediam para cópia”.

Muitas dessas fotos, conta Nil, saíram direto de caixas de papelão encardidas pelo tempo, ou seja, estavam “bem guardadas, mas praticamente esquecidas ou restritas a uma família”. Para ele, isso não estava certo. “Logo sentia um desejo de dar visibilidade para essas belezas captadas em preto e branco”, revela.

Essa sensação e esse convívio com os mais velhos foi decisivo, então, para ingressar no mundo do colecionismo. “Foi o que despertou em mim a vontade de colecionar fotos antigas, por acreditar que temos que guardar essas lembranças porque fazem parte das nossa memória coletiva”, confirma. “Moro em Umuarama desde 1958, então também tenho muito a acrescentar e a me preocupar com isso”, reforça.

Segundo ele, o garimpo para montar a sua coleção nem sempre foi fácil, mas nunca foi improdutivo. “Rendeu muitas preciosidades”, orgulha-se. Entre as que considera mais interessantes estão as fotos que mostram as construções do Hotel Roxy, do Cine Umuarama e da Casa Santa Catarina; a inauguração da primeira rodoviária e a preparação do terreno para a Praça Santos Dumont.

A tecnologia deu impulso ao hobby. “Quando comecei tinha que tirar foto da foto para poder tê-la no meu acervo; a partir do ano 2000, com a chegada do scanner, ficou mais fácil prosseguir na lida”, atesta Nil, acrescentando que a tal máquina de leitura óptica colaborou para melhorar a qualidade das fotos. “A digitalização propiciou isso, o que é fundamental, e ainda facilitou nosso trabalho”, comemora.

Gibis e filmes antigos

Paixão por história, por fotografia não é tudo para o colecionador. Ele encara o hobby também como algo que instiga o senso de colaboração: “Quando colecionamos fazemos trocas, o que ajuda a fortalecer os laços de amizade com as pessoas que conhecemos e a fazer novas amizades”.

Pelo que diz Nil, percebe-se que os ganhos pessoais vão além, quando recomenda o hobby como um exercício de disciplina e persistência para o alcance das metas: “Para se ter o acervo dos sonhos é preciso lembrar que sem persistência não se consegue”.

O conselho tem fiabilidade, afinal ele já colecionou gibis, filmes em fitas VHS e discos de vinil e ainda coleciona filmes em DVD. Tem cerca de 4 mil, de vários gêneros, de 1914 a 1968. Entre eles, cita os de comédia Charles Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd, o Gordo e o Magro, os Três Patetas e Reis do Riso.

E ainda: tem todos os do Mazzaropi, quase todos os do Tarzan, e os filmes nacionais da Atlântida e Vera Cruz, dos anos de 1950 e 1960.

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