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Dianês Piffer se aposenta da Guarda Municipal de Umuarama após mais de 30 anos de atuação

A ex-diretora de Trânsito de Umuarama é integrante da primeira turma da GM, de 1992

Foto: Danilo Martins/OBemdito
Dianês Piffer se aposenta da Guarda Municipal de Umuarama após mais de 30 anos de atuação
Luiz Fernando - OBemdito
Publicado em 8 de março de 2023 às 13h54 - Modificado em 21 de maio de 2025 às 13h08

Após mais de 30 anos de contribuição para a segurança pública da Capital da Amizade, a atual ex-diretora de Trânsito Dianês Maria Piffer, de 54 anos, se aposentou em fevereiro deste ano da Guarda Municipal de Umuarama e deixa um legado de mais de 30 anos de atuação.

Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta quarta-feira (8), OBemdito conversou com umuaramense, que contou um pouco sobre a sua trajetória na GM, falou sobre a sua história, desafios que enfrentou e até seu planos para o futuro.

Primeira turma

Nascida e criada em um sítio de Concórdia, em Santa Catarina, Dianês conheceu a Capital da Amizade durante um passeio e de imediato se apaixonou pela cidade. “Fiz o concurso do IBGE, passei e trabalhei um tempo lá, daí fiz o da Guarda Municipal logo em seguida e acabei ficando por aqui”.

A trabalhadora integrou a primeira turma da Guarda Municipal em 1992, na gestão de Alexandre Ceranto, quando ela tinha somente 22 anos. “Na época nós éramos em 50, eram 40 homens e 10 mulheres. Para mim foi assim, tudo era novidade, porque naquele momento eu precisava trabalhar então apareceu essa oportunidade e eu enfrentei”.

Apesar de não ser uma área que ela almejava seguir, Dianês disse que o trabalho na Guarda Municipal de Umuarama acabou servindo como uma luva devido à sua vivência do interior.

“Eu nunca tinha sonhado em fazer parte da área de segurança pública, mas eu sempre gostei dessa parte de armas. Meu pai me ensinou a atirar quando eu tinha 7, 8 anos de idade, acabei fazendo o concurso, me identifiquei de cara com a profissão e falei ‘é aqui que eu quero trabalhar'”.

Memórias, conquistas e desafios

Na época em que assumiu o posto na GM, Dianês explica que a Polícia Militar (PM) de Umuarama não possuía soldados mulheres integrantes. A turma de Piffer também serviu de pontapé que inspirou e abriu portas para integrantes femininas na segurança pública.

“Não tinha, demorou muitos anos. Se eu sofri algum tipo de preconceito eu te digo assim, pode até ser, mas nunca me afetou. Eu sempre enfrentei de frente, sempre trabalhei com homens maravilhosos. Por parte da corporação nós sempre tivemos apoio então eu posso dizer: Nunca sofri, nunca me afetou”, expôs.

No início, Dianês e a equipe foi escalada principalmente para a antiga Rodoviária de Umuarama, localizada até hoje na Praça da Bíblia, no Centro da cidade. “Desde aquela época tinha muita gente ali pedindo dinheiro, os usuários de droga e eu ficava com dó dessas pessoas e eu ajudava. ‘Ah, eu queria passagem para não sei onde’ ou se a Prefeitura não fornecesse e eu acabava ajudando. (…) Eu via muito isso, eu me comovia demais com as pessoas, eu sofria com as pessoas. Depois eu aprendi que não é assim.”.

Para Piffer, a profissão de guarda municipal é ingrata, porém gratificante. Ingrata no sentido de que toda ou a maior parte das intervenções do agente geralmente são destinadas à situações de conflito, então muitas vezes o profissional não é recebido da melhor forma. Porém ela insiste que apesar desses desafios, o esforço é sempre muito gratificante.

“Ambiente predominantemente masculino”

Dianês também chama a atenção para a importância das mulheres e da igualdade entre as mulheres e homens no ambiente de segurança pública – seja da Guarda Municipal, quanto nas polícias Militar, Civil ou Federal -, que definitivamente é predominantemente masculino.

“São todas as corporações, seja na GM, PM, PC ou Polícia Rodoviária, são todas predominantemente masculinas. Então foi um desafio para mim assim como foi para as outras mulheres, mas muito gratificante. Então nós vemos hoje que é o Dia Internacional da Mulher, eu digo para elas: Nós lutamos para ter igualdade de direitos, nos equiparando aos direitos dos homens. Mas nós precisamos entender que para isso nós precisamos nos dedicar igual aos homens se dedicam”, afirmou. “Então eu digo para as mulheres ‘estudem, se dediquem e vão atrás do que vocês querem'”.

Descanso mais que merecido

Dianês se aposentou da chefia da Guarda Municipal em fevereiro deste ano. “Eu já tinha direito de me aposentar ano passado (2022), mas eu esperei um pouquinho e tal, mas chegou um momento que eu pensei ‘agora é o momento de virar a chave, encerrar essa fase e iniciar uma nova fase’ (…) eu precisava desse tempo para mim, sabe?”, explicou. “Mas assim, está sendo maravilhoso pra mim”.

Segundo Dianês, os longos anos trabalhando contribuíram pela demora do sentimento de “cair a ficha” de que ela se aposentou. Apesar de seu total amor e dedicação pelo trabalho, ela conta que trabalhar no setor de trânsito era muito estressante, o que também contribuiu pela sua decisão final. Com o novo tempo livre, ela passou a adotar novos hábitos que estão fazendo maravilhas à sua rotina.

“Eu ainda estou com sentimento de que eu estou de férias. Hoje de manhã eu fui pedalar com as meninas do grupo de pedal, nós fomos, voltamos… Então, eu eu estou tendo tempo para mim. Poxa, eu cheguei na academia hoje 10h da manhã. Nunca na minha vida eu tinha ido para a academia às 10h da manhã”, celebrou.

“Eu tenho tempo para me dedicar ao Rotary, que eu sou membro, à igreja também, que eu participo do grupo de liturgia. Estou aproveitando bastante”.

Planos para o futuro

Com a aposentadoria, os olhos de Dianês agora se voltaram para novos horizontes, como a regularização de seu registro na OAB (Ordem de Advogados do Brasil). “Quando eu me formei em direito em 2000, eu fiz a prova da OAB mas por conta da minha profissão eu era impedida de advogar. Então agora eu vou fazer um outro julgamento, na semana que vem, e estou aí preparada caso eu quiser advogar”, afirmou ela, que disse ter recebido inclusive convites para trabalhar com colegas advogados.

“Mas por enquanto eu te digo assim: eu quero um tempo para me dedicar às minhas coisas, para viajar, para descansar, para não fazer nada, porque eu nunca fiz isso na minha vida”, afirmou. “Mas aí daqui seis meses, um ano, o que Deus tiver preparado para mim vai vir e eu vou enfrentar”, concluiu.

OBemdito agradece à Dianês pelo espaço para a entrevista e também pelos vários anos atuando na nossa amada Capital da Amizade. Também desejamos à ela e à todas as nossas leitoras um feliz e gratificante Dia Internacional da Mulher.

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