Delegada Karoline Bischoff fala sobre como é ser uma mulher policial aos alunos da UniAlfa
Em homenagem ao Dia da Mulher, celebrado em 8 de março, os acadêmicos do 3º período do curso de Direito […]
Em homenagem ao Dia da Mulher, celebrado em 8 de março, os acadêmicos do 3º período do curso de Direito da UniAlfa Faculdade tiveram uma palestra especial na manhã desta sexta-feira (10). A delegada de Polícia Civil Karoline Bischoff, lotada na Delegacia Regional de Cruzeiro do Oeste, falou sobre concursos, contou o longo caminho que percorreu e sobre como é ser uma mulher policial.
A palestra foi acompanhada pelo coordenador do curso, Cleberson Cardoso de Oliveira, e a professora de Direito Constitucional I – Direitos Fundamentais e Técnica Judiciária do TRE-PR, Rafaelly Mailho Farias.
Karoline assumiu a titularidade da Delegacia Regional em 1º de fevereiro, após passar cerca de um mês como estagiária do antigo delegado. O trabalho tem sido árduo e inicialmente apavorou a jovem delegada, que atende quatro cidades (Cruzeiro do Oeste, Mariluz, Tapejara e Tuneiras do Oeste), em uma microrregião com cerca de 60 mil habitantes.
Natural de Londrina, Karoline tem 30 anos e cursou a faculdade de Direito no Rio Grande do Sul, na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Durante a graduação fez muitos estágios importantes, porém, não se ‘encantou’ com nenhuma das áreas. Passou na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no último ano da graduação. Pouco depois foi convidada por um professor para ingressar em seu escritório na área trabalhista. Acabou não aceitando, pois pensava em passar em algum concurso.
Voltou para a casa da família (que estavam residindo em Foz do Iguaçu). Lembrou que não havia feito estágio na área policial e resolver tentar algo nessa área. Para se manter financeiramente inscreveu-se em um concurso para secretária escolar do município e passou. Após idas e vindas nos estudos, voltou a se dedicar. Começou a fazer provas para os cargos de escrivã e delegada.
Viajou o Brasil fazendo provas, fez amizades em todos os lugares e, após um ano cheio de reprovações, passou no concurso para escrivã no Paraná. Depois de bastante tempo foi chamada para o curso de formação de escrivão (Acadepol). “Não tinha força nem para acionar o gatilho da arma. Sofri bullying, não tive apoio dos colegas, mas segui. Quanto mais as pessoas me desacreditavam, mais eu queria provar que eu podia”, afirmou.

E foi realmente o que aconteceu. Conseguiu fazer a prova, passou entre os melhores e foi trabalhar como escrivã na Delegacia de Sertanópolis. Foi neste momento que percebeu que havia se encontrado profissionalmente. No entanto, o sonho a ser alcançado ainda era ser aprovada no concurso para delegada no Paraná.
A aprovação veio e Karoline foi novamente para o curso de formação na Acadepol. Ela conta que se sentiu melhor acolhida do que na primeira passagem pela academia. Após a formação, foram chamados 150 novos delegados, incluindo Karoline. Ela ressalta que dentre esses, foram cerca de 30 mulheres. “O número de mulheres veio crescendo nos últimos anos e isso é muito bom”, disse.
Cruzeiro do Oeste
A nova delegada foi lotada para atuar em Cruzeiro do Oeste. “Quando descobri que era uma Delegacia Regional fiquei apavorada. São quatro cidades e cerca de 60 mil habitantes. Tem muito trabalho. Normalmente sou a primeira a chegar e a última a sair e trabalho de segunda a segunda”, explica.
Como mulher policial, Karoline fala que acaba sendo necessário se impor diariamente. “Quando chegam e veem que a delegada é uma mulher, tatuada, relativamente jovem, franzina, acabo precisando me impor. Na Comarca já estou até com fama de linha dura”, brincou.
Para a jovem delegada, seu papel não é apenas prender bandido, mas sim tem uma função social. “Quem chega na delegacia está vulnerável, ou porque foi vítima de um crime, de um golpe, de uma violência. Então temos que saber lidar com tudo isso. Apesar de cansativo, no fim do dia me sinto realizada”.

Concursos
Karoline passou vários anos estudando para concursos e deu algumas dicas para os acadêmicos da UniAlfa que pretendem seguir nesse caminho. Uma das orientações é fazer concursos ‘escada’ (subindo de cargo), com o objetivo de se manter financeiramente. “É caro estudar, pagar inscrições de concursos e viagens”, disse.
Outra dica é fazer amigos concurseiros e lembrar que esse caminho é um processo árduo, cansativo, mas que acaba sendo recompensador. “E como sempre dizem: não é o mais inteligente que passa no concurso, mas sim o mais preparado”.







