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Estava acompanhado? Médico comprou dois sorvetes antes de ser morto no bosque Uirapuru

No carro de Renan também foram encontrados um par de sapatos que não eram dele e um copo de whisky

O médico Renan Tortajada - Foto: Redes sociais
Estava acompanhado? Médico comprou dois sorvetes antes de ser morto no bosque Uirapuru
Leonardo Revesso - OBemdito
Publicado em 24 de março de 2023 às 16h27 - Modificado em 21 de maio de 2025 às 12h04

Amigos do médico Renan Tortajada, 35 anos, brutalmente morto e enterrado no bosque Uirapuru, em Umuarama, acreditam que ele estava com alguém no carro antes de ir voluntariamente ou ser atraído para o local do crime.

Uma câmera de segurança mostra o momento em que o pediatra entrou em uma sorveteria, às 22h35 do dia 18 de fevereiro último, quando foi morto. A informação obtida no estabelecimento é que o pediatra comprou dois picolés. Entrou e saiu tranquilamente, sem esboçar pressa.

No carro de Renan também foram encontrados um par de sapatos, número 37, e um copo de whisky. O médico calçava outra numeração e não consumia álcool, conforme uma amiga. Esses dois objetos, no entanto, podem ter sido deixados no veículo pelo assassino confesso, Guilherme da Costa Alves, 26, uma vez que ele se apossou do veículo depois de tirar a vida do pediatra, com golpes de pedra e socos.

“Temos muitas suposições. O Renan podia estar com algum amigo, que, de repente, após a divulgação do crime, pode ter decidido ficar calado. Passa tudo pela cabeça, até que essa pessoa que estava com o Renan seja uma vítima a mais do assassino confesso”, disse uma amiga do médico.

Para ela, o fato de Guilherme ter confessado o crime, não é suficiente para entender o que e como tudo aconteceu. “Temos o sentimento de que o assassino matou mais gente e não contou tudo”, reiterou. A hipótese de que o serial killer tenha matado mais gente não está descartada dentro da polícia. 

Fotos: Colaboração OBemdito

Inquérito concluído

O inquérito sobre as mortes do médico e de Alexan Carlos de Goes, a travesti Sabrina Medeiros, 43 anos, já foi concluído pela Polícia Civil (PC) e entregue ao Ministério Público (MP). Guilherme foi indiciado por homicídio qualificado (por duas vezes), ocultação de cadáver (por duas vezes) e furto (por duas vezes). Além do carro de Renan, o criminoso também levou dinheiro da outra vítima, Sabrina.

Depois de preso, Guilherme confessou outras duas mortes, de Fernandes Nunes de Araújo, 50 anos, e Everton Josimar de Oliveira. Esses crimes estão em um segundo inquérito da PC.

Para a amiga de Renan Tortajada, saber o que realmente aconteceu nas horas que antecederam à morte do médico é fundamental para a família e os amigos. “O assassino mentiu, depois trouxe outra versão. A gente percebe que ele é um monstro impiedoso e não conhecia em nada o Renan”.

Fernandes Nunes de Araújo (esq) e Everton Josimar de Oliveira (Fotos: divulgação)

Tentativa de suicídio

Guilherme foi transferido para a cadeia pública de Guaíra, onde, no último dia 6 deste mês de março tentou suicídio. OBemdito apurou que o serial killer prensou a embalagem de alumínio de uma marmita e cortou os pulsos.

O assassino teria dito que recebera uma “ordem do capeta” para dar fim à própria vida. Ele foi transferido para o Completo Médico Penal de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

Guilherme da Costa Alves (Foto: Danilo Martins/OBemdito)

Primeira versão

Em seu primeiro depoimento na delegacia de Umuarama, Guilherme da Costa Alves disse que matou Renan Tortajada por causa de R$ 200, após o médico negar o pagamento de uma relação sexual.

A travesti estaria passando pelo lugar e teria presenciado o momento em que o corpo do médico era enterrado em uma cova rasa, ao lado do muro que separa o bosque o estádio Lucio Pipinio. Guilherme contou que correu atrás de Sabrina e também a matou, para evitar uma testemunha ocular do crime anterior.

“Eu tinha usado mais de cinco gramas de cocaína. Estava fora do normal. Não tava como eu tô aqui. E querendo usar droga, querendo usar droga, eu terminei de fazer o que ele queria lá, aí eu pedi o dinheiro pra ele, e ele falou que não tinha. Aí nós ‘começou’ a discutir lá, aí eu ‘di’ umas pancadas nele, ele bateu a cabeça no meio fio, começou a sangrar muito, aí que eu vi que ele ia morrer de um jeito ou de outro, eu terminei de matar ele, enterrei”, relatou o criminoso.

Guilherme, que já tinha passagens pela polícia por roubo, posse e tráfico de drogas, afirmou que não conhecia o conselheiro Alexan Carlos de Goes, a Sabrina Medeiros. “No caso, quando eu tava enterrando ele (Renan), tava passando um travesti e viu o pé dele (Renan) pro lado de fora do buraco lá, tentou sair correndo, eu corri atrás dele (Alexan) e acabei matando ele também”.

Alexan Carlos de Goes e Renan Tortajada – Fotos: Redes sociais

Segunda versão

Ao ser levado de volta à sala do delegado, diante de inconsistências em sua primeira fala, Guilherme desmentiu que conhecesse Renan e que tivesse mantido relações com ele no interior do bosque, antes de matá-lo.

Na nova versão, o bandido disse que assassinou o médico e a travesti porque acreditava que estaria sendo perseguido por ambos, a serviço de traficantes que o buscavam por conta de dívidas de drogas.

Guilherme também relatou que não encontrou a travesti no bosque, e sim na rua, onde fazia ponto, e que, de posse do carro de Renan, levou Sabrina para uma área escura nos fundos do bairro San Marino, onde a matou de forma violenta, com socos e golpes de pau. No local indicado foi encontrada uma peruca loira, que seria da vítima.

Lacunas

Para o delegado-chefe da 7a Subdivisão Policial, Gabriel Menezes, há lacunas nas duas versões, mas a segunda é a mais confiável. O celular de Renan foi apreendido. O aparelho pode conter as informações que a família do médico tanto procura para suplantar ao menos uma pequena parte da perda dolorosa e incompreensível.

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