
‘Maria das Flores’: Há mais 30 anos no ramo, empreendedora comemora sucesso de suas lojas
Da barraca na calçada foi para o camelódromo; agora ela também tem um quiosque para chamar de seu


Ela entrou no negócio muito antes de virar febre, muito antes do boom de importados da China estourar por aqui. Ainda era o tempo em que as vendedoras de flores, nas ruas das cidades, inspiravam romantismo. A nossa se chama Maria do Carmo Nogueira de Araújo, 59 anos. Há mais de 30 ela está no ramo, só que, atualmente, com empresa formal, em dois endereços fixos.
Maria das Flores, como ficou conhecida, começou vendendo flores numa barraca na calçada da Avenida Paraná [num ponto onde está instalada hoje a loja Nossa Casa]. Detalhe: ela fazia as flores que vendia, de tecido; pétalas de cetim formavam atraentes botões de rosa, que eram os mais procurados.
“Vendia bem”, confirma, lembrando que também aceitava encomendas. “Principalmente em datas comemorativas, como Dia das Mães, da Secretária, dos Professores… Conquistei muitos clientes e a simpatia das pessoas”, assegura, com olhar cheio de brio.
Diz também que para começar fez muita faxina em residências: “Foi a maneira que encontrei, à época, de conseguir o dinheiro para comprar os instrumentos e a matéria-prima e, assim, realizar meu sonho de ser florista”.
Um ano depois, percebeu que podia ampliar o negócio, que havia demanda para tal. Foi quando se instalou no camelódromo, assim que foi inaugurado, em 1996. Mais especificamente no box 79, de 5m2, onde está até hoje.
Nessa época começavam a entrar no mercado as flores de plástico importadas. “Era uma novidade! Comecei a revender. Eu ia para São Paulo comprar e foi só sucesso”, exclama.

Segundo ela, as vendas rendiam em média três salários mínimos de lucro por mês, o que dava para sustentar a família. E dela, sempre teve o apoio: “Meu marido me ajudava e me ajuda; meus filhos, depois que cresceram, também… trabalhamos sempre unidos!”. Também se orgulha de ter “conseguido dar estudo” para os filhos.
Além dessa harmonia familiar, também nunca faltou otimismo, o que fez o negócio dar outro salto. Há dois anos a marca Maria das Flores está também num quiosque, de 20m2, na calçada do terminal urbano de ônibus. “Era uma revistaria, que fechou; reabri para vender flores”, orgulha-se a empresária, que mora no Jardim Colibri.
Agora ela toca a empresa nos dois endereços com a competência de quem fez por merecer: “Não tenho estudo, venho de família humilde, mas sempre tive muita fé! Eu me empenhei muito para tudo isso dar certo e, com a graça de Deus, tudo aconteceu como eu queria”. Maria tem três filhos; dois – Daiane e Pedro – trabalham com ela; Kenedy é operador de máquinas.

Arranjos e ‘perfuminho’
Nas lojas da Maria das Flores não tem só flores, simplesmente. Para agregar valor ao que vende, ela cria arranjos. “Parei com o artesanato, com a confecção, mas não com a criação”, avisa.
“Como conheço bem meus clientes, costumo já deixar uns arranjos prontos do jeito que gostam; a maioria compra para presentear”, diz Maria, que, nessa composição, acrescenta papel de embrulho colorido com os tradicionais selinhos ‘com amor’.
“Ah, coloco também um perfuminho”, salienta. “A gente tem que ser criativa, senão…”. A reticência informa o óbvio: negócio sem criatividade não prospera.





