
Trabalho voluntário: Bazar da Saau recebe clientes de várias cidades da região
O projeto comercializa roupas, calçados e acessórios; doações são constantes e lucro das vendas ajuda a manter o abrigo de animais da entidade


Na Avenida Paraná, nas proximidades do Lago Aratimbó, tem uma casa que não é uma casa: é uma loja, mais propriamente um bazar. Enfim, ali está em funcionamento, há oito anos, um projeto da Saau (Sociedade de Amparo aos Animais de Umuarama), criado para ajudar a manter o canil da entidade, que atualmente abriga mais de 1,2 mil cães e gatos.
À venda estão roupas de vários tamanhos [adulto e infantil], unissex e de uma infinidade de modelos, algumas de marcas badaladas, além de calçados, acessórios e outros itens. Tudo doação da comunidade. O estoque enche prateleiras, mesas, caixas pelo chão… São mais de dez mil peças, aproximadamente, abarrotando os cômodos do bazar. OBemdito foi conferir.
Duas voluntárias se encarregam das vendas: a aposentada Benedita Parlatte, 57 anos, e a professora Cláudia Tomasella, 49 anos. Elas dedicam pelo menos 12 horas por semana de trabalho à causa. “Cuidamos de tudo aqui”, diz Benedita. “Assumi esse compromisso porque amo animais e me faz bem saber que o que faço ajuda a dar um lar para os que são abandonados”, justifica.
Cláudia também diz amar o que faz. “Encaro como uma missão e acredito estar fazendo minha parte nesse contexto, pois zelar pelos bichos abandonados ou em situação de maus tratos é um dever de todo cidadão, não é só da Saau, como muitos pensam, infelizmente”, desabafa. [Também participa da equipe o aposentado Derdébio Zago, que no momento está de licença.]
Os clientes são de toda a região. Muitos, fidelizados, como a funcionária de usina de açúcar de Cidade Gaúcha, Angela Maria da Silva, 55 anos. Ela conta que vem todo mês a Umuarama e sempre passa no bazar para checar as novidades. “A gente encontra muitas coisas legais aqui”, exclama, enquanto vai separando as peças que deseja ficar.
A cada compra ela leva pelo menos umas dez peças. “Costumo gastar uns 200 reais, mas levo roupa para todos da família: marido, filhos; e acho que sempre acerto, porque gostam muito!”, ressalta. “Venho com amigas; lotamos um carro e cá estamos… Além da gente estar se ajudando, ajudamos a Saau… Isso é gratificante!”

Outra que prestigia o projeto é a estudante de Medicina Veterinária Júlia Stopa, 25 anos. “Este é o melhor lugar para comprar roupa! As pessoas têm que vir aqui para conhecer”, empolga-se, mostrando as 40 peças que comprou, gastando apenas R$ 121. “Eu compro, quando enjoo trago de volta [ela doa] e assim vou variando meus looks”.
Para ela, essa é uma forma que encontrou para colaborar com a Saau: “Ajudo assim: compro roupa para cuidar de cachorros; e faço propaganda do bazar, não canso de recomendar para minhas amigas, porque realmente aqui tem muita coisa bacana!”.

Mas o lucro, ó…
Quando o assunto é renda líquida, o gráfico da empolgação dá uma baixada. Embora o volume do estoque seja grande e sem custo [pois tudo vem de doação], os preços são muito, mas muito baixos. As peças variam de R$ 1 a R$ 15.
“Mas são preços normalmente aplicados em bazar e têm que ser acessíveis; funciona assim, como se fosse um padrão: se subirem, perdemos clientes”, explica Cláudia.
O lucro é irrisório, porém nunca menosprezado. “Paga o aluguel e as pequenas despesas básicas da casa e ainda sobra um pouco para a Saau”, informa a voluntária. E atenta: “O bazar é uma alternativa para incrementar a arrecadação de dinheiro para a Saau, mas não tem só esse propósito”.
Um deles, cita a professora, é estimular o consumo consciente e colaborar para amenizar um dos maiores problemas socioambientais da atualidade. “Nessa questão entra a reutilização, o que ajuda a prolongar o uso da roupa ou calçado por mais tempo, atitude importante, pois sabemos que a indústria têxtil é uma das que mais consome recursos naturais e é grande poluidora, também”. Fica a dica!
=== O bazar da Saau fica na Avenida Londrina, 6420 ; abre às tardes de segunda-feira, quarta-feira e dos sábados, das 13 às 17h.








