
Com planos para exportar, Baterax comemora produção de 60 mil baterias por mês
Marca já está em todos os estados do Brasil; meta é buscar novos mercados para expandir ainda mais


Desde o declínio da cafeicultura, há pelo menos 40 anos, Umuarama discute modelos de desenvolvimento voltados à industrialização. Se na prática eles não existiram [ou não existem] à risca, pelo que se vê, as poucas políticas de incentivo acabaram motivando investidores e gerando bons frutos.
Um exemplo admirável é a Baterax, indústria de baterias automotivas, única nesse ramo, na região, que de uns anos para cá deu um salto gigantesco: na geração de empregos, cresceu de 40 na primeira década para 270 postos de trabalho, o que significa um aumento de 300%; e em relação à produção, o percentual foi de 600%: passou de 5 mil para 60 mil unidades/mês.
No mesmo compasso, claro, o espaço físico ganhou dimensão significativa: nasceu em 1977, num barracão de dois mil metros quadrados; hoje são sete barracões, lado a lado, somando mais de oito mil metros quadrados, que abrigam os diferentes setores da linha de produção, onde profissionais e máquinas atuam juntos.
“Isso quer dizer que a Baterax não cresceu só em números, mas também em tecnologia”, ressalta a diretora executiva, Sandra Alonso Guilherme, 65 anos. “Desde que assumi a direção da empresa, em 2000, não paramos de investir em recursos que garantem sua crescente capacidade produtiva e posição de destaque no mercado”.
De Umuarama, a marca vai para todos os estados do Brasil. Os que mais compram são Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo. “Temos um amplo mercado, com representantes comerciais comprometidos e muitos clientes fidelizados”, endossa a CEO.
Para chegar a este nível, conta que o caminho foi árduo: exigiu muita dedicação dos gestores, principalmente em estratégias de planejamento e acompanhamento de resultados: “Nosso propósito sempre foi oferecer ao mercado produtos de boa qualidade e performance; isso incluiu a criação de um núcleo de pesquisa próprio para o constante aprimoramento das nossas baterias”.
Acompanhar as tendências e as inovações do mercado é outra preocupação da equipe da Baterax, que no momento estuda a possibilidade de começar a exportar baterias. “Nossa previsão é para que isso aconteça em dois anos”, informa Sandra.
Ela diz que se sente honrada por fazer parte do cenário empresarial de Umuarama, colaborando para a sua expansão: “A Baterax tem hoje a visibilidade que merece; isso é gratificante, pois significa que nosso trabalho teve resultados positivos e reconhecimento”.

Família unida: mãe e filhos
A visibilidade que Sandra Alonso construiu para sua Baterax refletiu nela própria, colocando-a entre os empreendedores de destaque da região de Umuarama. Sua biografia é inspiradora.
Ela ficou viúva do fundador da Baterax, Pasqual de Oliveira Guilherme, aos 42 anos; até então era dona de casa, das que não se queixam, diga-se de passagem: “Foi uma fase boa, pois tive tempo para educar e acompanhar o crescimento dos meus três filhos”.
Assim que superou a dor pela morte do esposo, foi à luta. A falta de experiência em gestão não a intimidou: “Como se sabe, as adversidades muitas vezes nos desafiam; e foi o que aconteceu: assumi a administração da Baterax de cabeça erguida, com humildade e cheia de planos”.
O principal era dar continuidade ao sonho do marido, que desejava ver a marca Baterax consolidada. “Todo início é trabalhoso! E ele fez muito sacrifício para impulsionar o negócio que deixou já com as diretrizes traçadas; coube a mim garantir a estabilidade e, num segundo momento, a expansão”.
Mas nessa história, tem outro detalhe curioso: quase 100% dos funcionários eram homens. E como enfrentar as farpas do machismo? “Não existia”, garante a diretora. “Não via e não vejo isso como um problema; sempre fui muito respeitada!”.
Vinte anos se passaram até ela poder contar com a parceria dos filhos na administração da Baterax. Atualmente Eduardo Alonso Guilherme, 43 anos, formado em Administração e Comércio Exterior, gerencia o departamento comercial; e Carolina Alonso Guilherme, 40 anos, formada em Direito e Publicidade, comanda o financeiro.
“Ambos são competentes e muito dedicados”, garante a mãe orgulhosa. “Posso assegurar que estou plenamente realizada porque ‘fiz’ os sucessores”, comemora.

Mais obras
Em pouco tempo, a Baterax terá mais um motivo para se posicionar como uma empresa moderna, preocupada com a sociabilidade de seus colaboradores.
Está quase concluído o prédio onde pretende montar um confortável salão para refeições, com ambientes também para descanso. “Já temos um refeitório, mas ficou pequeno”, comenta Sandra.
O novo ficará com mais de três mil metros quadrados de área [o atual tem menos de 400m2]. “Deverá estar pronto em seis meses; estamos caprichando para que fique bonito e confortável”, promete a diretora.

Empresa engajada
Além do certificado Iso 9001 e selo do Inmetro, que autentificam a boa qualidade dos seus produtos, a Baterax é uma das poucas indústrias da região engajadas nas questões ambientais.
Ela é integrante do Green Farm CO2 Free, programa voltado para a preservação ambiental. “Não participamos por obrigação, mas sim por acreditarmos que temos compromisso com o meio ambiente; estamos motivados para fazer nossa parte”, afirma a diretora.
A Green Farm, sediada no Mato Grosso do Sul, presta serviços ecossistêmicos, em sistema de cotas. Zaeli, Gazin e outras empresas de renome também investem.
Outro trabalho importante da Baterax neste sentido é a unidade de reciclagem de baterias que implantou em Cruzeiro do Oeste. Lá, a empresa promove a logística reversa do produto, retirando dele os materiais que podem ser reaproveitados, principalmente o chumbo.










