Filha abraça sonho do pai vítima da Covid e toca empresa de hastes com recicláveis
Alexandre Dias Aguado faleceu em dezembro de 2020 e pegou toda a família de surpresa
A jovem Isabelle Giarola Aguado, de 23 anos e moradora de Altônia, decidiu honrar os sonhos de seu pai e assumir a chefia da empresa Dimensom, que é especializada em fabricação de hastes para cercas elétricas utilizando metais recicláveis. A decisão foi tomada após o morador vir a óbito em 2020, em decorrências de complicações por Covid.
OBemdito conversou com a jovem, que explicou que seu pai – que sempre foi muito conhecido e querido em Altônia – abriu a Dimensom Eletrônica em 2004, se tornando rapidamente referência na cidade para serviços eletrônicos e automotivos. Porém com o passar dos anos e o sucesso da empresa, sua paixão por empreender se inflamou por outras áreas.
“Como ele já trabalhava com antena parabólica e o meu pai sempre foi uma pessoa curiosa ele começou a procurar saber mais sobre como elas funcionava, como se fabricava, qual era a matéria prima, os processos e tudo mais”, explicou Isabelle. “Isso foi despertando ainda mais a vontade dele por ter uma fábrica”.
Foi então que no final de 2011 e início de 2012 que Alexandre Aguado decidiu fabricar as antenas parabólicas explorando o processo de reciclagem de materiais feitos em ferro e alumínio. Porém com o passar dos anos o empresário teve que enfrentar um novo desafio: o evoluir da tecnologia e a obsolescência das antenas parabólicas.
“As antenas parabólicas começaram a ficar mais escassas, até porque as pessoas começaram a usar mais celular, internet e tudo mais”, disse Isabelle. “Aí para o meu pai não sair desse ramo que ele gostava muito ele começou a migrar da antena parabólica para a cerca elétrica”.
Isabelle explicou que na empresa eles trabalham com o que é chamado de “reprocesso”. Ela compra a sucata de fornecedores específicos, e o material é retrabalhado até que seja transformado no produto final, que são as hastes metálicas utilizadas nas cercas elétricas.


A jovem também explicou que adaptação do produto aos tempos mais modernos pode ter sido pela característica intrínseca do altoniano de sempre lutar pelo sucesso. “O meu pai não veio de uma família rica, então ele teve sempre que correr atrás dos sonhos e dos ideias dele. Tanto é que com 11 e 12 anos ele vendia galinhas”, expôs Isabelle. “Então ele sempre correu atrás para ter as coisinhas dele”.
Alexandre Dias Aguado faleceu por Covid com 41 anos no dia 21 de dezembro de 2020 e pegou toda a família de surpresa, que teve que lidar com o luto ao mesmo tempo que encarava a nova realidade do empreendimento que foi erguido pelo trabalhador.

Na época do falecimento, Isabelle não morava mais com os pais. Ela vivia e estudava em Umuarama, prestando estágio em uma cooperativa de crédito – área totalmente distinta da de seu pai. “Eu, minha mãe e meus irmãos tomamos um banho de água fria”, confessou. “Meu pai trabalhava ele e alguns funcionários, então eu e minha mãe não tínhamos total conhecimento sobre os negócios dele (…) então foi bem difícil o recomeço”.
As lágrimas deram lugar ao suor após a família ter que aprender os processos de transformação, gerenciamento e conhecer os fornecedores. Com muita luta eles conseguiram assumir o controle da empresa e dar continuidade ao que Alexandre havia construído.
Durante o processo de adaptação, a jovem contou ao OBemdito que também foi alvo de muito preconceito vindo de pessoas que não acreditavam na capacidade dela em chefiar a empresa devido à ser mulher e pela sua pouca idade. “Tiveram pessoas que viraram as costas por não acreditarem que daria certo”.
Atualmente Isabelle provou o contrário à essas pessoas, e é a responsável pela fábrica de hastes metálicas, ao passo que sua mãe administra a loja de eletrônica. O irmão dela também trabalha auxiliando em ambos os setores.
Ela finaliza garantindo que apesar da muita falta que seu pai faz, a Dimensom segue prosperando e honrando a memória de Alexandre Aguado. “A gente vem todo dia batalhando para manter os sonhos dele de pé”.










