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Umuaramense relembra como se tornou ‘mãe à primeira vista’ de três crianças adotadas

Para Marilini Della Valentina, o amor pelos filhos surgiu antes de conhecê-los durante o processo de adoção

Foto: Danilo Martins/OBemdito
Umuaramense relembra como se tornou ‘mãe à primeira vista’ de três crianças adotadas
Luiz Fernando - OBemdito
Publicado em 14 de maio de 2023 às 08h11 - Modificado em 21 de maio de 2025 às 08h56

Marilini Della Valentina está celebrando neste domingo (14) o seu segundo Dia das Mães na companhia das suas filhas Lara e Maria, de 8 e 4 anos, e seu filho Pedro, de 7, que foram adotados em 2021 por ela e seu esposo, Juliano Barbosa. Em celebração à data especial, ela conversou com OBemdito e contou um pouco da história de como se tornou uma verdadeira ‘mãe à primeira vista’ das crianças.

A mulher – que trabalha ao lado do marido na Feira do Produtor de Umuarama – disse que o sonho de adotar crianças teve início em sua adolescência, porém o desejo só se concretizou quando ela e seu marido tomaram a decisão juntos em meados de 2019, após 16 anos de casados sem que ela engravidasse.

“A gente não esperava que os nossos biológicos não viriam, mas aí eu acho que foi Deus já preparando o coração, né?”, relembrou. “E assim, a gente nunca foi atrás de saber se sou eu ou se é ele que não poderia ter, pra gente não faz nenhuma diferença”.

Foi então que ela e Juliano deram início ao processo de adoção no Fórum de Umuarama. O casal passou, individualmente, por vários processos envolvendo cursos, palestras e outras avaliações até que a juíza definisse os dois como aptos para entrarem na fila de adoção. “Mas são etapas fáceis, não tem nada de outro mundo, igual todo mundo pensa”, explicou.

Marilini afirmou que desde o início ela e o marido tinham em mente adotar três crianças, e isso acabou caindo como uma luva, pois apesar do casal estar na 81ª colocação da fila, eles eram o únicos da Comarca que planejava adotar três filhos. “E aí em 2021, no comecinho da pandemia, a gente foi chamado porque ninguém queria três”, afirmou.

Com a notícia, o coração de Marilini quase explodiu de tanta alegria. “Na hora eu saí chorando, né?”, relembrou. “Eles [funcionários do Fórum] ligam, daí na hora a gente foi lá conhecer a ficha da criança e saber se aceitaríamos ou não ir conhecer, e depois eles marcam a data. E assim, o coração ‘explode’, não tem como. Mãe à primeira vista”.

O amor chegou antes da cegonha

O primeiro contato de Marilini e Juliano com os filhos aconteceu dentro do Fórum, em 2021, e segundo ela foi uma ‘gangorra’ entre controlar – durante três horas -, as emoções e tentar se relacionar positivamente com as crianças. Para ela, o sentimento é de realização, como seria uma gestação, algo que você está esperando há anos para se concretizar.

“É estranho, porque você já ama as crianças, você já tem um amor enorme, mas eles não te conhecem, então você não pode demonstrar muita coisa na hora pra eles, porque pra eles é tudo novo”, explicou. “Você não pode chegar abraçando e beijando. Se eles virem no colo ok, mas se não você fica ali, conversando, brincando com eles”.

Na época, Lara tinha 6 anos e Pedro tinha 5, por isso ambos ficaram um pouco tímidos, pois como eram mais velhos, ambos já tinham um pouco de entendimento sobre o que estava acontecendo ali. “Apesar de querer, eles estranharam. Então começaram a brincar, mostrar alguma coisa”, relembrou.

Já a caçula, Maria, que na época tinha 2 anos e meio, já veio no colo da mamãe e ficou com ela durante as quase todo o tempo que estiveram juntas. “E foi bem difícil pra ela sair, até me emociono…”, disse, enquanto buscava o momento na memória. “E na hora você não pode demonstrar emoção, então depois que saiu da sala a mãe vai chorar, porque é sua filha que não quer ir embora, mas você não pode levar ainda”.

Foi somente após um mês e meio do primeiro contato, intercalando com vários outros encontros do casal com os filhos, que Marilini pode enfim trazer as crianças para morar em sua casa. “Eles passaram um dia inteiro em casa – tem uma equipe que leva e busca -, depois eles passaram 3 ou 4 finais de semana, aí o juiz já liberou para que eles ficassem com a gente no período de adaptação, que são 90 dias. Depois disso ele assinou a guarda definitiva e então a troca de nomes na certidão”.

Memórias de amor e memórias que só o amor cura

A primeira das crianças que se referiu à Marilini como mãe foi Lara, conforme relembrou a moradora. “‘Mãe, posso passar o batom na sua boca?'”, foi o que a pequena disse, e provavelmente a mãe nunca irá se esquecer das palavras.

“Não tinha batom, era só brincadeira”, explicou. “E eu falei ‘pode’, mas ficou aquilo na minha cabeça, eu pensei ‘Ela me chamou mesmo de mãe? Será que eu ouvi isso?’ Aí depois a Lara perguntou de novo: ‘Mãe, posso brincar de passar esmalte em você?’, e pegou um negocinho lá e fingia que estava passando. Aí eu soube que ela falou mesmo”.

Com o tempo, o amor de Marilini foi só aumentando, conforme ela foi conhecendo cada pedacinho novo na personalidade das crianças. “A Lara é a mais velha e a mais quieta. É muito amorosa, mas é mais quietinha… e estabanada também”, brincou. “Aí o Pedro é mais dengoso, é o que fica mais perto de mim, porque as meninas é mais com ele [o pai, Juliano], e o menino é comigo, acho que é normal, né? O dengo da mãe. Já a menor é um serelepe”.

Um dos desafios dos pais é também saber que as crianças tiveram um passado difícil, de uma vida que Marilini e Juliano não fizeram parte, e que as feridas dessa vida só o amor irá curar. “A minha filha chega e fala ‘mãe, as crianças na escola jogam comida fora, elas não sabem o que é passar fome. Passar fome dói.’, então é uma coisa que me marcou muito. Mas hoje graças a Deus ela sabe que isso nunca mais vai acontecer na vida dela”, prometeu. “E amor não falta”.

Na vida nova, adaptação das crianças à rotina e vida do casal fluiu tão naturalmente, que para Marilini é como se eles sempre fizessem parte de sua vida. Juntos, os cinco já até viajaram à praia e partilharam momentos inesquecíveis. Além de carinhosos e amorosos, ela disse que as crianças são educadíssimas e respeitam os pais em absoluto. “Não tenho do que reclamar, é só alegria. E a bagunça é a bagunça de criança”.

Gratidão pelo carinho e pelos desenhos rabiscados

Durante a conversa, Marilene tentou, mas não conseguiu exprimir em palavras a sensação que é comemorar mais um dia das mães na companhia dos três pequenos. “É maravilhoso, não dá nem pra explicar. Você acordar com um ‘mamãe, feliz Dia das Mães’, com um abraço, um beijo, um desenho rabiscado né?”, celebrou.

Neste ano, ela irá repetir o que fez em 2022. O casal e os filhos irão se reunir com as avós e depois irão na missa para agradecer à Deus pela belíssima e abençoada família que construíram. “É o nosso momento, agradecer pela família que a gente tem. Foi Deus que trouxe, foi Nossa Senhora que trouxe eles para mim, então vai ser ensinar o caminho para eles”, concluiu.

Assim como para Marilini, OBemdito deseja um feliz e abençoado Dia das Mães para todas as mães e mães de leitores que acompanham o nosso trabalho diariamente.

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