
Professora da UEM fala sobre gestão hídrica e a importância do clima na manutenção da água
Confira como os profissionais da Engenharia Ambiental e Tecnologia em Meio Ambiente atuam neste setor


Nesta Semana Nacional do Meio Ambiente, o portal OBemdito traz uma série de entrevistas destacando o trabalho de pesquisadores e educadores de Umuarama na área ambiental. Todos os dias, apresentaremos uma nova entrevista, proporcionando uma visão aprofundada dos desafios e oportunidades na conservação e sustentabilidade.
Acompanhe-nos nesta jornada inspiradora ao longo da semana, à medida que exploramos tópicos variados desde pesquisas inovadoras até o papel da tecnologia na preservação do meio ambiente. Juntos, celebraremos a Semana Nacional do Meio Ambiente e a importância da ação coletiva para um futuro mais verde.
O nosso entrevistado de hoje é a professora Caroline Kozak, do Departamento de Meio Ambiente da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Campus de Umuarama. A professora Caroline é Graduada em Engenharia Ambiental, Mestre e Doutora em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental, com ênfase em monitoramento ambiental de qualidade da água aplicada à gestão de recursos hídricos.
OBemdito: Obrigado por dedicar seu tempo para esta entrevista, professora. Hoje vamos conversar um pouco sobre uma das áreas de atuação do Engenheiro Ambiental e/ou Tecnólogo em Meio Ambiente, vamos falar sobre a Gestão dos Recursos Hídricos. Professora, poderia explicar melhor o que são os recursos hídricos e a sua importância?
Professora: Eu que agradeço o espaço. É um grande prazer falar sobre temas como este. Então vamos lá, quando falamos em recursos hídricos, estamos falando em toda água que usamos para nosso consumo direto ou indireto, afinal, todos nós precisamos de água para sobreviver. Absolutamente tudo que usamos e consumimos no nosso dia-a-dia depende da água, por isso, ela é tão importante assim!
OBemdito: Professora, o Brasil é um país tão abundante de água, por que eventualmente enfrentamos problemas de crise hídrica?
Professora: Realmente, vivemos em um país privilegiado de recursos hídricos, em comparação a outros locais do mundo. Contudo, mesmo aqui, é fácil observar variações regionais de disponibilidade hídrica, onde o Norte do país é abastecido pela maior bacia hidrográfica do mundo, enquanto a região vizinha, o Nordeste possui uma rede hídrica muito menor.
Aqui no Sul, recebemos muita influência das chuvas vindas da região amazônica e possuímos muito rios relevantes, como é o caso do Rio Paraná onde está construída a Usina de Itaipu, e do Rio Iguaçu que origina as Cataratas do Iguaçu, ícone do nosso estado.
Mas, apesar de toda essa abundância, episódios de crise hídrica acontecem, por duas grandes razões. A primeira delas devido à falta adequada de gerenciamento de toda essa água, no sentido de saber quanta água precisamos e quanta água está disponível, e a segunda associada às mudanças climáticas.
OBemdito: Realmente, as mudanças climáticas são sempre um ponto chave de discussões, mas como elas afetam diretamente a questão dos recursos hídricos?
Professora: Bom, as mudanças climáticas são influenciadas por diversos fatores, naturais e derivados do homem. Nesse caso, as nossas atividades humanas intensificadas acabam gerando um aumento de recursos naturais e, consequentemente, de emissões atmosféricas que podem favorecer o aumento da temperatura locais e global.
Associado a isso, o próprio regime de chuvas possui sua variação, onde temos invernos mais secos e verões mais chuvoso, por exemplo, e fenômenos como El Niño e La Niña que mudam a dinâmica atmosférica e, portanto, afetam a ocorrência de chuva e disponibilidade de água. Quanto mais as mudanças climáticas se intensificam mais essas variações se intensificam também, se tornando mais bruscas e marcantes ao longo do tempo. Alguns exemplos aqui perto de nós são:
De SECA: a crise hídrica em 2019 no estado do Paraná, que diminuiu os níveis dos reservatórios de água e dos principais rios que abastecem a população paranaense;
De CHEIA: a chuva intensa que ocorreu no litoral de São Paulo em fevereiro de 2023 que causou deslizamentos de terras, desalojamentos de pessoas e mortes.
Por isso, que a gestão é fundamental, pra que possamos evitar momentos de crise, e quando tivermos que enfrentá-los que consigamos fazer da melhor forma possível.
OBemdito: Interessante, professora. Agora, poderia falar um pouco mais sobre essa gestão necessária? Existe alguma legislação que regulamenta tudo isso?
Professora: Claro, vamos lá. Primeiro, sim temos uma lei que regulamenta, ou seja, dá regras para que todo esse gerenciamento ocorra, que é a Lei das Águas, ou a Política Nacional de Recursos Hídricos, que em 2023 completa 26 anos de vigência. Essa lei diz o que precisamos fazer para que esse gerenciamento ocorra de forma equilibrada e justa.
Vou explicar melhor. Basicamente a lei estabelece que a água é um bem que pertence às pessoas, possui um valor econômico, porém é limitado. E o uso dela deve ser múltiplo, ou seja, todas as nossas atividades e consumo precisam usufruir dela adequadamente.
Imagine se somente o setor industrial fosse o “dono” de toda a água, e nós ficássemos sem abastecimento em casa. Ou mesmo, se pudéssemos usar a água somente em casa, e a agricultura não usufruísse de nada. Teríamos um desequilíbrio grande.
É aí que a gestão entra, assim como os profissionais da Engenharia Ambiental e Tecnologia em Meio Ambiente, promovendo estudos ambientais que permitam que essa divisão seja justa e equilibrada para a sociedade, para a economia e principalmente para o meio ambiente. Que tenhamos sempre água em quantidade e qualidade suficiente para todas as nossas necessidades.

OBemdito: Realmente, com essas informações fica muito evidente a importância do gerenciamento dos recursos hídricos assim como dos profissionais da área ambiental. Porém, e a população, pode contribuir de alguma maneira para a questão dos recursos hídricos?
Professora: Sim, certamente. Evitar o desperdício é o primeiro passo para ajudar nesse gerenciamento. Sem água desperdiçada, não há água sendo jogada fora que pode eventualmente sofrer algum tipo de contaminação. Uso consciente dentro de casa com aquelas regrinhas simples que sempre ouvimos falar, evitar lavar carros e calçadas com a mangueira ligada, tomar banhos menos demorados, na hora de escovar os dentes fechar a torneira, e por aí vai.
Outras iniciativas bem-vindas são as comunicações em caso de vazamentos visíveis, seja na rua ou na sua própria casa, e o próprio reaproveitamento da água da chuva. Mas claro, com muita cautela para evitar os focos do mosquito da dengue.
OBemdito: Professora, qual seria o grande desafio atual envolvendo os recursos hídricos?
Professora: Os desafios são inúmeros, mas eu diria que fazer com que os instrumentos da política funcionem adequadamente é um ponto importante. E para isso, precisamos entender muito bem a dinâmica do uso dos recursos hídricos nas atividades da nossa sociedade.
Nesse sentido, a formação de profissionais da área ambiental especialistas nas questões hídricas do nosso país são fundamentais e é um gargalo a ser vencido. As profissões como Engenharia Ambiental e Tecnologia do Meio Ambiente estão direcionadas para colaborar nessa temática, e precisamos capacitar cada vez mais esses profissionais, de tanta importância para nossa vida. Aqui na Universidade, esse é o nosso papel, e nós do Departamento de Meio Ambiente (DAM) temos isso como missão.
OBemdito: Muito obrigado por sua visão e seu trabalho, professora. Como último ponto, deixo a palavra aberta para você.
Professora: Nós do Departamento de Meio Ambiente (DAM) da UEM estaremos sempre à disposição da sociedade. Falamos bastante sobre a importância de profissionais da área ambiental capacitados para atuarem na gestão de recursos hídricos, e aqui em Umuarama, a UEM possui os cursos de Engenharia Ambiental e Tecnologia em Meio Ambiente que justamente formam esses profissionais.
Vale destacar que a UEM é uma universidade pública, gratuita e de qualidade, e nossos egressos têm se destacado significativamente na área ambiental. Além do vestibular e do Processo de Avaliação Seriada promovidos pela UEM, outras formas de ingresso na universidade é via ENEM, e estamos atualmente com vagas disponíveis para aqueles que tenham concluído o ensino médio.
As inscrições para essas vagas ocorrerão nos dias 17 e 18 de julho e todos interessados podem entrar em contato conosco através do WhatsApp (44) 98844-1609 para mais informações. Temos também um perfil no Instagram (@dam_uem) que postamos vários assuntos pertinentes a área ambiental. Convido a todos que se interessarem, a nos seguir.
Além disso, na UEM, os estudantes têm a oportunidade de concorrer a bolsas de estudo, tornando-se elegíveis para uma remuneração enquanto se dedicam aos estudos. Essa é uma excelente chance para todos aqueles que desejam adquirir conhecimento e contribuir para um futuro mais sustentável.