
Fundadora da Agroriente atua há mais de 40 anos em venda de insumos agrícolas
Cheia de ânimo e de boas lembranças, Mitiko Missi dedica nove horas por dia à loja que se destaca entre as pioneiras do ramo


Os anos de 1980, para Umuarama, era o início da retomada do desenvolvimento. Passada a grande crise da cafeicultura, a ordem era pensar e projetar uma agricultura diversificada, com a horticultura e a fruticultura, promissoras em solo do tipo arenoso, entre as opções recomendadas.
Foi neste cenário que chegaram a Umuarama Cigetaca Misse [ou Mário, como era conhecido] e Mitiko Misse; o casal veio de Assis/SP para administrar uma filial da Cooperativa SulBrasil, que se instalou por aqui em 1971, com o intuito de comercializar insumos para agricultura e hortifrutigranjeiros.
A sede era na Avenida Rio Branco, num ponto próximo à Praça Santos Dumont. Foram anos de trabalho, atendendo milhares de agricultores da região.
Em 1993 o entreposto fechou, mas Mário e Mitiko não se abateram e, apostando na relevante experiência que acumularam nesse ramo de negócio, abriram a Agroriente com o mesmo propósito: atender produtores rurais.
Hoje, na gerência da loja, que em 1914 mudou-se para a Avenida Brasil, estão o filho Gilberto Misse, 36 anos, e a mãe, 66 anos [Mário Misse faleceu em 2013]. “Minha mãe continua muito empenhada, trabalhando bastante… Ela ama o que faz!”, diz Gilberto, que é agrônomo.
Mitiko confirma que sempre foi muito dedicada ao trabalho e não pretende parar tão cedo. “Enquanto tenho saúde não me aposento”, diz, sorrindo. Aliás, o sorriso está sempre estampado no rosto. “Desde criança sou elétrica”, brinca.

Na Agroriente ela está à frente de tudo: abre e fecha a loja, supervisiona as tarefas administrativas, atende clientes, além de outras tarefas que faz questão de assumir. “Não sei ficar parada”, exclama a empresária.
Consolidada, a Agroriente até hoje uma das lojas mais concorridas de Umuarama no segmento agrícola e, de uns anos para cá, também no de jardinagem.

Relíquias no balcão
Para Mitiko, recordar os feitos do passado faz parte do seu expediente, no dia a dia. É que ela mantém, com todo carinho, peças antigas que eram da cooperativa, lá nos anos de 1970.
Começando pelo balcão de madeira maciça da Agroriente, com o tampo já bem surrado pelos anos a fio de uso. O móvel tem mais de três metros de puro charme.
Sobre ele ficam duas balanças, as clássicas vermelhas; elas são decorativas. E tem ainda uma calculadora, ‘colada’ numa base de madeira [como se fazia, não tão antigamente] e um grampeador, ambos em uso.
No primeiro endereço da loja, o prédio que sediou a cooperativa e, em seguida, a Agroriente ainda está do mesmo jeito de quando foi deixado.
Ou melhor, agora bem mais desgastado pelo tempo, com ar de abandonado. Mesmo assim, o tal ‘predinho’ passa uma mensagem interessante: a tipologia arquitetônica de um passado não tão distante, adotada por muitos comerciantes anos atrás e que ainda [alguns] dão o ar da graça [pelo valor histórico] no centro da cidade de Umuarama.



