Graça Milanez Publisher do OBemdito

Com 81 anos, proprietária do ‘Restaurante Pedromiro’ dá exemplo de assiduidade e eficiência

De segunda a segunda, ela chega para o trabalho pontualmente às 6h40; sua missão na empresa familiar, que neste mês completa 44 anos, é cuidar do caixa

Dona Tereza mostra foto do casamento: orgulho de tudo o que fez em e por Umuarama - Foto: Danilo Martins/OBemdito
Com 81 anos, proprietária do ‘Restaurante Pedromiro’ dá exemplo de assiduidade e eficiência
Graça Milanez - OBemdito
Publicado em 17 de junho de 2023 às 12h13 - Modificado em 21 de maio de 2025 às 06h39

Umuarama teve uma juventude intensa: no início da sua história a fama de terra ensolarada e acolhedora atraiu muitos empresários de fora, cujo trabalho [aquele marcado por resiliência, importante destacar] gera valores sólidos para o município até hoje. Um bom exemplo é o ‘Restaurante Pedromiro’, bastante prestigiado por quem gosta da receita ‘comida boa, caseira, servida com simplicidade’.

No mês em que comemorava 24 anos [junho de 1979], a cidade foi contemplada com o investimento de Pedromiro José Fernandes [em memória] e Tereza Suzuko Uemura Fernandes, 81 anos, que abriram o restaurante com muita fé e vontade de consolidar o empreendimento.  O casal trabalhou muito para que isso acontecesse, conta a proprietária para a equipe d’OBemdito.

Dona Tereza, como é chamada, trabalha todos os dias. “De segunda a segunda”, deixa claro. “E chego às 6h40”, atenta, concluindo a frase com uma risadinha discreta. “Sou pontual”, reitera, pra não ficar dúvida. Vai para casa às 16h. São cerca de nove horas, então, dedicadas ao departamento de cobrança. Sua tarefa é somar, receber dinheiro, dar troco, passar cartão.

Faz isso com uma destreza e segurança admiráveis. Seu local de trabalho: atrás [ou no meio] de um balcão em forma de ‘u’, que mede pouco mais de dois metros quadrados. Nesse espaço apertado, ela fica o tempo todo. Cansa? “Não, porque faço o que gosto, o que sei fazer”, responde a empresária octogenária, que também não tira férias. Só faz questão de duas folgas por ano: o dia de Natal e o de Ação de Graças.

No quadrado onde passa horas trabalhando, todos os dias

Ali mesmo, no quadradinho, conversou com a reportagem, folhando seu álbum de fotos, que guarda lembranças “dos bons tempos”, segundo ela. Uma das primeiras que nos mostra é a de quando foi princesa no carnaval do Country Club de Umuarama. Ela tinha 21 anos. “Eu gostava de participar; nesse ano meu irmão foi o Rei Momo [Paulo Uemura]”, orgulha-se.

Também mostrou a foto do casamento, relatando como conheceu o marido, que à época era caixeiro-viajante. “Ele vendia fumo no Paraná todo e quando vinha a Umuarama se hospedava no hotel [Sol Nascente] dos meus pais. Eu trabalhava na recepção e foi assim que nos conhecemos. Eu tinha 22 anos; era 1963. Dois anos depois, nos casamos”, relembra. 

No restaurante, ela é responsável pelas tarefas do financeiro

Mas os primeiros passos no ramo empresarial não foi por aqui. Foi em Mandaguari [região de Maringá]; lá, onde moraram por oito anos, os recém-casados foram donos de um restaurante. Depois, voltaram para a região: abriram uma churrascaria em Pérola, que funcionou por cinco anos. “Por causa do asfalto, fechamos; diminuiu o movimento de clientes”.

O que o asfalto tem a ver? Ela explica: “É que facilitou o ir e vir dos viajantes de Umuarama para aqueles lados… Ninguém levava mais o dia todo para uma viagem de trabalho! O viajante saia daqui de Umuarama de manhã e ia, por exemplo, pra Pérola; lá, fazia o que tinha que fazer e dava tempo pra voltar para almoçar em casa. Por isso tivemos que fechar as portas”.

Respondendo nossas perguntas, ela se diverte rememorando o passado

Recomeço em Umuarama

Dispostos a começar de novo do zero, o casal resolveu, então, vir para Umuarama, já com os planos de abrir o ‘Restaurante Pedromiro’ na Avenida Brasil/esquina com a Rua Governador Ney Braga. Vieram com bastante experiência na bagagem: “Talvez por isso, desde o início nosso estabelecimento atraiu boa clientela, o que fez a gente crescer”.

Segundo a D Tereza, o movimento crescente os fez mudar para um espaço maior; uns anos depois, de novo: desta vez para o ponto onde está hoje, próximo ao Banco do Brasil, num prédio com capacidade para 60 pessoas. “E aqui estamos desde 1984”, exclama a mãe de quatro filhos, nove netos e um bisneto.

Restaurante sempre foi palco de muitos encontros

Família unida

Os filhos Jefferson Fernandes e Paulo Sérgio Fernandes e os netos Isabella Fernandes da Silva e Matheus da Silva Fernandes participaram da conversa. Jefferson e Paulo são sócios da Dona Tereza; os netos ajudam nos dias de mais movimentados, quando ‘convocados’.

Eles marcam presença, rigorosamente, aos sábados, já que a feijoada do ‘Pedromiro’ tem centenas de fãs cativos. “A ajuda dos parentes, a união da família em torno do negócio é que faz nosso restaurante continuar firme no seu propósito de atender bem e sempre”, diz Jefferson, acentuando a importância do pioneirismo dos pais.

Pedromiro nasceu numa cidade chamada Oliveira dos Brejinhos, do sertão da Bahia. Quando jovem veio para São Paulo, onde trabalhou na colheita de café. Depois mudou-se para Londrina, também para trabalhar nas lavouras do ‘ouro verde’. Por um tempo, porque logo começou a atuar como caixeiro-viajante. Dona Tereza nasceu em Vera Cruz/SP.

Dona Tereza com os filhos Paulo Sérgio e Jefferson, a neta Isabella e o neto Matheus

Patrão bom!

O ‘Restaurante Pedromiro’ gera nove empregos. Jacilene Cavalcanti, 51 anos, faz parte da equipe da cozinha. Ela está no posto há 36 anos. “Gosto muito de trabalhar aqui, porque o serviço é bom, o patrão é bom”, declara . “Quando tiver que sair daqui, saio satisfeita”, acrescenta, informando que está prestes a se aposentar.

A colega dela, Vera Lúcia Stabile, 60 anos, também está contente com o emprego de 20 anos. “Esse lugar é bom de trabalhar porque os patrões são bons, nos tratam bem, são honestos; trabalho feliz por isso”, assegura.

As cozinheiras Vera Lúcia e com Jacilene, que tem 36 anos de casa
Relembrando o carnaval do Country: bons tempos!

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