
Colônia japonesa: Com menos de dois anos Umuarama já tinha seu primeiro clube social
Aceu foi importante para unir os colonizadores nipo-brasileiros que aqui chegaram nos anos de 1950; à época, cerca de 600 famílias aportaram na região


Um lugar para parentes e amigos se encontrarem, para descontrair, conversar na língua pátria, para manter vivas as tradições culturais. Com esse propósito foi criado, em 1957, a Areu – Associação Recreativa e Esportiva de Umuarama. A cidade mal dava os primeiros passos e os japoneses e seus descendentes já tinham o seu clube social, com sede onde hoje está o Colégio Estadual Professor Paulo Tomazinho.
Naquele tempo eram aproximadamente 600 famílias estabelecidas em Umuarama e municípios vizinhos. Como o povo nipônico sempre valorizou a união, a harmonia e o cooperativismo, criar um clube para esses pioneiros compartilhar alegrias foi, digamos, uma providência obrigatória.
Anos depois, com o crescimento rápido da cidade, o clube mudou-se para um local bem mais amplo – nove hectares, em endereço afastado do centro da cidade [hoje está dentro da cidade, no Jardim Universitário]. E passa a se chamar Aceu – Associação Cultural e Esportiva de Umuarama.
Com uma diversidade relevante de serviços, até hoje a Aceu carrega o propósito de manter e fortalecer os vínculos sociais da comunidade nipo-brasileira que habita a região. Atualmente, congrega 260 famílias; entre titulares e dependentes, o número passa de mil associados.
Só de área construída são cerca de quatro mil metros quadrados. O destaque fica para o salão de festas, com 700m2 e capacidade para quase mil pessoas; cozinha, com 120m2; e quadra de beisebol, que mede aproximadamente sete mil metros quadrados.

Nós visitamos o clube. Fomos recebidos pelos diretores Roberto Nakagawa [presidente], Wilson Adashi [vice] e Milton Amamia [vice]; e pelo gerente Milton Suzuki.
Muito atenciosos, eles disseram que os associados sabem valorizar o espaço e os benefícios oferecidos pelo clube: “Nos finais de semana fica lotado, afinal há opção de lazer para todos os gostos”, garante Nakagawa.

“Acima de tudo queremos que a Aceu continue representando a comunidade japonesa, enaltecendo seus costumes, valores e tradições, e também expressando nosso aporte no desenvolvimento socioeconômico e cultural da região de Umuarama, porque é indiscutível a relevância da nossa contribuição, desde que aqui chegamos, nos idos anos de 1950”, endossa o presidente.

Remodelação
No momento, a Aceu está com vários espaços em reforma. Um deles é o salão social, que passa por uma remodelação e adequação de normas de segurança. Fachada nova, com traços arquitetônicos no estilo tradicional japonês, já ganhou. Um portal na entrada do clube também faz parte do conjunto de melhorias.

A cozinha é outro setor contemplado: ganhou visual ‘clean’, com armários novos, todos brancos, fogões potentes e muita luz natural. “Hoje temos a maior e melhor cozinha comunitária de Umuarama”, assegura Adashi.

Segundo ele, o salão de festas quando ficar pronto vai também surpreender pela beleza os associados e os interessados em alugá-lo para festas.

Para garantir a segurança dos espaços, ele conta que providenciaram a instalação de vinte câmeras de vigilância. E procurando diminuir os gastos com energia elétrica, investiram em placas fotovoltaicas: as 72 colocadas geram mais do que o clube precisa.
Nessa remodelação, também entra o paisagismo, com plantio de árvores [ipês e cerejeiras]. “Queremos deixar os pátios do clube bem aprazíveis”, comemora.
Tradições
O rol de eventos e atividades que a Aceu oferece se volta para a interação dos sócios, promoção da melhoria de qualidade de vida e preservação das tradições. O ano começa com o shinnenkai, comemoração típica do dia 1º de janeiro, e termina com o bonenkai, festa de confraternização de final de ano.
Entre outros eventos concorridos, a agenda anual prioriza também o motiyori, que é uma reunião das famílias, onde cada uma leva um prato de comida e partilha; o undokai, que é a gincana do Dia da Criança; e o odori-kai [dança], taiko [tambor] e karaokê.
Nos domínios da culinária japonesa aparece o mais famoso de todos: o ‘Yakissoba da Aceu’, promovida seis vezes por ano para arrecadar dinheiro extra para o clube com a venda de milhares de porções.
“É muito prestigiado, tanto pelos descendentes japoneses, quanto pelos simpatizantes da nossa cultura!”, pontua Amamia.
A realização conta sempre com a parceria de uma entidade filantrópica, que fica com parte do que é arrecadado. “Assim interagimos com a sociedade umuaramense de forma colaborativa”, acrescenta o vice-presidente.

Esporte
O movimento no departamento de esportes da Aceu é intenso. Além do beisebol, tem futebol suíço, gateball e softball, modalidades que revelam talentos. “No softball temos o título de campeão nacional na categoria ‘c’; disputamos em Londrina e trouxemos o troféu”, conta Adashi.
Ele diz que os times são bastante competitivos e marcam presença nos torneios intercoloniais [regionais, estaduais e nacionais]. “Mas o esporte aqui é muito mais valorizado pelas oportunidades de socialização que gera”, atenta.

Na Aceu, cada modalidade tem sua estrutura particular, com salão, churrasqueira, cozinha e banheiros. “Depois do jogo sempre um churrasquinho vai bem”, brinca o vice-presidente.
Falando em churrasco… O Aceu conta também com um ‘costelódromo’, um galpão coberto e projetado especialmente para assar costela bovina em fogo de chão.

Casa do estudante
Uma das marcas mais notáveis da cultura japonesa é o viver coletivo, o se importar com o outro. Talvez o que mais confirme isso, na Aceu, seja a Casa do Estudante, construída nos domínios do clube.
São doze quartos com banheiros, sala de recepção e de jogos, refeitório, sala de aula, auditório, além de uma biblioteca com expressiva diversidade de livros em japonês.

Inicialmente, a Casa recebia somente estudantes nikkeis; agora aceita não nikkeis também; para conseguir vaga, todos precisam ter carta de recomendação da universidade em que estudam.





