
Neste ano, a primeira emissora de Umuarama comemora seis décadas
Instalada em Umuarama em 1963, causou muita sensação por anos; o trabalho continua, com a tônica de informar e espalhar alegria


Se tem alguém que testemunhou a história de Umuarama esse alguém se chama Rádio Cultura, presente na região desde junho de 1963. Nem energia elétrica havia chegado por aqui, mas a cidade já podia se orgulhar de ter o potente e badalado meio de comunicação. Isso era o ‘must’!
Potente? Nem tanto se compararmos com as da atualidade: começava com 100 watts [hoje tem rádio no Brasil que opera com 100 mil watts]. Mas para a época era a novidade sensacional, porque, claro, começou causando sensação! Afinal, o Brasil vivia os tempos áureos do rádio e Umuarama entrava com tudo, e toda prosa, nessa onda.
Como de praxe, nascia para informar e entreter o povo, porque a tônica do rádio era a alegria. Instalada pelo comunicador Clóvis Bruno [em memória] e movida por motor a óleo diesel, a emissora informava, tocava música, cobria futebol e os principais eventos da cidade, fazia programa de auditório e, olha só, transmitia radionovelas [que vinham de São Paulo, via Rede Paranaense de Rádio, gravadas em grandes rolos de fita k-7].
A programação era eclética e os radialistas, como eram chamados os locutores, tinham também a ‘obrigação’ de cativar os ouvintes, que interagiam escrevendo cartas. Além da voz potente, eles tinham que ser carismáticos.
“Inquestionável a importância da Rádio Cultura ao longo desses anos todos, pois sempre esteve presente no dia a dia do povo de Umuarama”, exclama o diretor proprietário, Eduardo Mello. “Quanta informação publicou, quanta palavra amiga disseminou e quantos abraços entregou? Impossível saber… Foram muitos e muitos!”.
Segundo ele, não tem como contar a história de Umuarama sem contar também a história de sua primeira emissora de rádio. “Uma testemunha a trajetória da outra”, valida o empresário.
No compasso do crescimento da cidade e do aprimoramento dos recursos tecnológicos, a Rádio Cultura também vai se ampliando e se modernizando. Com 16 anos já passava a operar com cinco mil watts. ”E nunca parou, mesmo nos tempos de crise”, salienta Mello, com sua voz possante de locutor.
“A nossa Rádio Cultura cumpriu o seu papel: informou, divulgou, ensinou e aprendeu, orientou, protegeu, denunciou, defendeu, deu vez e voz, garantindo direitos e exigindo justiça”, enumera Mello. E continua: “Alegrou, divertiu, animou, fez o povo cantar e sorrir; deu espaço para a música e seus cantores…”.
Nesta última frase, ele se refere aos inúmeros cantores que puderam usar os microfones da Cultura para mostrar suas habilidades. E não só os nacionais, já consagrados pela mídia: “Nossa emissora revelou muitos ‘pratas da casa’, também! Nunca negou espaço para os que buscavam essa chance”.
Mello também chama a atenção para a oportunidade que a Rádio Cultura deu à região na formação de profissionais. “Foi uma escola”, destaca, mencionando Rose Alves, Devaur ‘Tatu’ Menossi, Valdir Miranda, Aragão Filho, Manezinho da Rádio […], Milton de Castro Jorge [em memória], Palha Roxa [em memória], Argeu Bello da Luz, Ilídio Coelho Sobrinho, Carlos Rodrigues e Jorge Manga [em memória].

E ele, em que escola se formou?
Depois de ter passado por vários donos, Eduardo Mello comprou a Rádio Cultura em 2006. Surgiu a chance e ele aproveitou, realizando assim um sonho antigo – de ter seu próprio negócio, ou melhor, sua própria rádio.
O desejo já vinha de família. O pai dele, Jairo Mello, dono de duas emissoras em Rolândia, o inspirou, ainda quando era radialista no norte do Paraná, nos anos de 1970 [apresentava um programa na extinta Rádio Clube de Londrina].
“Quando criança, frequentemente eu ia com meu pai e ficava com ele no estúdio, assistindo ao trabalho dele; eu me emocionava!”, relembra Mello, dizendo que tem outra boa recordação da infância.
“Eu brincava de ser locutor em casa, com um lápis empunhado na mão; gostava de narrar, para um público imaginário, o resultado dos jogos de futebol da loteria esportiva que eu lia no jornal”.
No mundo radiofônico de verdade ele estreou em 1986 na ‘Rádio Cidade’ de Cambé e na sequência na afamada ‘Folha FM’, de Londrina [hoje Jovem Pan], com 15 anos de idade. Nesta, começou cobrindo folga ‘dos feras’. Quatro anos depois, teve passagem curta pela ‘98 FM’, em Curitiba, emissora do sistema Globo de Rádio.
Em Umuarama chegou em 1990, contratado pela rádio ‘Bianca FM’, onde ficou por três anos, como locutor e diretor artístico; em seguida foi para a extinta ‘Inconfidência AM’ [por quase dez anos apresentado programa] e para a ‘Cultura’.
Também atuou na ‘TV Caiuá’ [hoje ‘Rede TV’], como apresentador de programa; deixou a televisão para se dedicar exclusivamente à ‘Rádio Cultura’, com o programa que leva o seu nome. Atualmente, está de volta à ‘Rede TV’, apresentando o ‘Bom-dia Cidade’.
Na Rádio Cultura, que opera com equipamentos modernos, importados [da melhor marca do segmento, a Collins], ele fica mais envolvido com a gestão.
É que a emissora está em fase de migração de AM para FM e o processo, em fase de finalização, precisa da atenção máxima. “Hoje a ‘Rádio Cultura’ é multiplataforma: estamos nas ondas do rádio, na internet, no smartfhone… No Facebook somos a emissora de Umuarama com o maior número de seguidores”, comemora o empresário, sem medo das ‘profecias’ de que o rádio vai ‘morrer’.
“Faz tempo que ouvimos esta conversa: primeiro, seria extinto pela força da televisão, depois da internet… Aconteceu o contrário: o rádio se adaptou, se fortaleceu e, em parceria com a internet, está indo cada vez mais longe e está cada vez mais perto”.
