Stephanie Gertler Publisher do OBemdito

Umuarama: Faísca completa 8 anos ofertando produtos orgânicos e artesanais de excelência

Comercialização de produtos frescos e locais é ênfase da feira

Fotos: Stephanie Gertler/OBemdito
Umuarama: Faísca completa 8 anos ofertando produtos orgânicos e artesanais de excelência
Stephanie Gertler - OBemdito
Publicado em 30 de setembro de 2023 às 13h51 - Modificado em 21 de maio de 2025 às 00h13

A Feira Agroecológica de Inclusão Social Cultural e Artes de Umuarama, conhecida como Faísca, comemora seu 8º aniversário, marcando uma jornada que começou oficialmente em agosto de 2015, nas instalações da feira do produtor. Este projeto de extensão vinculado à Universidade Estadual de Maringá (UEM), já estava em desenvolvimento há pelo menos uma década.

A universidade havia iniciado previamente a prestação de assessoria técnica a pequenos produtores e àqueles que se encontravam à margem do mercado de trabalho, com o objetivo de criar oportunidades de emprego e renda. Com o tempo essa iniciativa atraiu um número crescente de indivíduos gerando um desejo de estabelecer uma verdadeira feira do produtor.

Em 2002, uma pesquisa revelou que a maioria das feiras livres em Umuarama não funcionava como feiras de produtores legítimas mas sim como locais de revenda. Esse insight impulsionou o anseio de criar uma feira genuína onde os produtores pudessem vender diretamente e sem intermediários.

A ideia ganhou força e em 2015 as oportunidades concretas surgiram. O secretário de agricultura da época ofereceu total apoio à criação da Faísca disponibilizando horários aos sábados à tarde.

Max Rickli, um dos organizadores conversou com OBemdito e contou que “Nessa época, percebemos que a cultura de Umuarama estava em declínio, apesar da história da cidade com bandas e festivais. Decidimos então revitalizar essa cultura unindo-a à venda de produtos agroecológicos, artesanato, livros usados [sebo] e atividades culturais. Foi assim que a Faísca surgiu como uma combinação desses elementos.”

A Faísca abriga 18 expositores que oferecem uma ampla variedade de produtos, desde agricultura familiar até artesanato, brinquedos e cerveja artesanal, entre outros. A ênfase da feira está na comercialização de produtos locais e frescos produzidos na região.

A Faísca também incorpora um objetivo pedagógico alinhado à missão da UEM, buscando não apenas enriquecer a experiência dos acadêmicos, mas também beneficiar toda a comunidade.

Isabella Malta Pazinatto, de 24 anos, estudante de Engenharia de Alimentos, participa do projeto liderado pela UEM, que trabalha para melhorar a segurança alimentar e nutricional, oferecendo alimentos saudáveis e de alta qualidade, ao mesmo tempo em que promove a diversidade alimentar e estreita os laços entre a comunidade e os produtores.

“A experiência adquirida dentro do projeto é um caminho promissor que amplia o foco de atuação para objetivos econômicos e sociais. Isso mostra como a gestão da diversidade cultural pode atrair e desenvolver novas competências, promovendo empatia e desenvolvimento pessoal. Isso é fundamental para promover a igualdade, o respeito às diferenças e a construção de uma sociedade e cultura justas, contribuindo para melhorar a qualidade de vida na comunidade e valorizar os laços familiares e sociais”, destaca Pazinatto.

Dona Cleuza Machado Francisco, de 66 anos, é uma das pioneiras da feira. Ela trabalhou como diarista por 30 anos na cidade antes de se aposentar e comprar uma chácara, onde começou a cultivar alimentos.

Ela foi convidada a participar da Faísca por Max e desde então expandiu sua produção. Atualmente vende uma variedade de produtos orgânicos que cultiva na chácara incluindo pães, bolachas, compotas, frutas, verduras e legumes usando isso como renda extra.

Questionada sobre o que mais gosta na Faísca, ela responde: “Ficamos por aqui fazendo amizades com várias pessoas, sempre trocamos conhecimento, então para mim o mais legal é isso. Passamos a tarde aqui e nos divertimos.”

Dona Marlene da Silva de Souza, de 68 anos, e o Senhor Valdecir de Souza, de 73 anos, estão na Faísca há 7 anos, também convidados por Max. Dona Marlene conta que ele visitou a chácara deles, viu a horta e os incentivou a participar, vender produtos e gerar uma renda extra.

“Foi muito bom porque o que produzimos na roça não conseguimos consumir tudo. Então acabamos trazendo e não desperdiçamos. Além disso, o que mais gosto aqui são as amizades que fazemos com os outros participantes. É uma maneira da gente conversar, cada um conta um pouco da sua vida e acabamos nos tornando uma família”, relatou dona Marlene.

O casal vende pães, frutas, verduras, legumes e compotas. Ela também menciona que os clientes gostam de produtos mais tradicionais, “aquelas coisas mais antigas que quase não vemos mais, como por exemplo o cará. Estamos trazendo essas coisas para o povo conhecer. Tudo que temos de mais natural estamos trazendo porque o pessoal gosta de cuidar da saúde.”

Eles compartilham que trabalharam na roça a maior parte da vida, inicialmente plantando café, mas mudaram para outros produtos após uma seca intensa interromper a produção.

“Fazemos isso porque amamos a terra. O que mais gostamos é mexer com a terra, mesmo que não haja necessidade. Eu não sei é uma coisa de raiz, porque nasci e cresci na roça. O diferencial é a abundância que temos lá e o sossego que isso nos proporciona”, conclui Dona Marlene.

Welliton Messias da Silva, de 30 anos, está na Faísca há 3 anos e também foi convidado por Max. Ele e um ex-sócio fundaram a Bantus, a primeira cervejaria cigana de Umuarama. A característica distintiva da Bantus é a produção de cerveja 100% de malte, com ingredientes frescos e sem conservantes. É uma cerveja artesanal, composta apenas por água, malte e levedura.

“Eu já fazia cerveja caseira como hobby e comecei a compartilhar meu gosto com um amigo. Isso nos inspirou a abrir a cervejaria para comercializar. O nome ‘Bantus’ vem da cultura africana, uma forma de homenagear nossas raízes em nosso produto”, contou Silva.

Quando questionado sobre o que mais gosta na feira, ele respondeu: “A Faísca é um estilo de vida, os amigos que fazemos, pessoas que vêm e vão, e por ser um espaço democrático, abre portas para muitas pessoas, bandas e artistas. Algumas bandas nasceram dentro da feira e a proposta é ser aberto ao público em geral e promover a economia solidária.”

Juliana Kloster, de 27 anos, começou a vender na Faísca apenas duas semanas atrás, convidada pela amiga Anny, que vende livros na feira. Juliana oferece óleos essenciais que são produtos pouco conhecidos na cidade. Os óleos essenciais que ela vende são 100% naturais e podem até ser ingeridos.

“Vi a Faísca como uma maneira de mostrar para todos, para que as pessoas conheçam através das demonstrações que faço. Estou adorando participar, fui muito bem recebida, as pessoas apenas perguntam sobre o produto e se é orgânico, você pode participar sem problema nenhum. Todos foram muito legais comigo e já consegui fazer vendas após participar.” contou animada Kloster.

Dentro da perspectiva dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) há 17 metas e a Faísca se encaixa de alguma forma na maioria delas.

“Buscamos operar dentro das diretrizes estabelecidas pela ONU. A UEM também está sendo reconhecida como uma instituição de ensino sustentável, e a Faísca está acompanhando esse processo de desenvolvimento de perto”, finaliza Max.

Para conhecer esses e outros produtos, basta comparecer à feira, que acontece todos os sábados das 16h às 21h, na Avenida Doutor Angelo Moreira da Fonseca, ao lado do estádio Lúcio Pipino.

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