
Lavoura de tomate em estufa rende o dobro em relação ao cultivado em campo aberto
Controle do clima e proteção contra doenças são apenas duas entre outras vantagens importantes, geradas pela tecnologia indoor


Em meio a uma pastagem, o empresário rural Lourival Spontan, de Umuarama, fez um investimento exemplar: construiu cinco estufas para produção de tomate. A maior tem quatro mil metros quadrados; somados com os das outras, resultam em aproximadamente 10 mil m2 dedicados ao plantio do fruto vital na nossa cozinha.
A megaestrutura produz o ano todo; e a produtividade atende a todas as expectativas, o que está deixando o porcenteiro José Gomes de Souza, 41 anos, bastante animado. “Eu planto, cuido, colho, enfim assumo todas as fases da empreitada e estou muito contente!”, diz, agradecendo a assistência técnica que recebe do IDR-PR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná).
Nesta colheita, bom destacar, a produtividade foi surpreendente: 12,5 quilos por planta, enquanto que numa lavoura convencional uma planta produz, em média, 8 quilos por planta. “Esse é o motivo da nossa alegria”, exclama Souza, acrescentando que tudo tem mercado garantido aqui mesmo em Umuarama.
OBemdito foi conhecer a lavoura, que impressiona pela aparência das plantas, bem mais exuberantes do que as que ficam fora da estufa. É que o produtor cultiva ao ar livre a mesma área que cultiva indoor [o que facilita a comparação, embora o objetivo não seja este, o de comparar].

Os tratos culturais, nos dois sistemas, são os mesmos: tutoramento vertical [plantas crescem amarradas em fitilhos], uso de sementes de boa qualidade genética, sistema de irrigação e fertilização especial]; mas o microclima proporcionado pela estufa torna a lavoura mais rentável.
“Dentro da estufa as plantas ficam mais protegidas, porque é possível controlar fatores ambientais que afetam o crescimento delas. Isso significa que podem crescer em condições ideais durante todo o ano, independentemente das variações externas do clima”, explica o agrônomo do IDR-PR, Carlos Alberto Diorio.

Ele chama a atenção para outro fator importante: controle de doenças. “Isso faz diminuir o uso de fungicidas, o que é bom para o meio ambiente, para a saúde dos consumidores e para o bolso do produtor, porque baixa o custo de produção”, reforça.
A qualidade superior dos frutos é mais um diferencial: “Dentro desse ambiente controlado da estufa as plantas crescem de maneira mais uniforme e com mais vigor; assim, geram frutos com tamanho, cor e sabor homogêneos”, atesta Diorio.

Promissoras para a região
O Brasil está entre os dez maiores produtores de tomate do mundo [são quatro milhões de toneladas, aproximadamente]. Goiás é o estado que mais produz; o Paraná fica na quarta posição, com 4.394 hectares produzindo 271.636 toneladas (2022).
Esta quantia abastece o Estado e sobra para ‘exportar’ para outros. Por aqui, na região de Umuarama, acontece o contrário: a produção regional não corresponde ao que consome; os 36 hectares cultivados resultam em 1,8 mil toneladas (2022), o que garantem 67% da demanda.
Os números são do Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento). E indicam que as chances para investimento no setor são promissoras. “É produção com mercado garantido”, assegura o engenheiro agrônomo do Deral, Antônio Carlos Fávaro.

Ele explica que, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o consumo per capita de tomate é de 4,1 quilos por ano; além do consumo domiciliar, existem outros destinos para o fruto, como restaurantes e indústrias, o que representa um consumo anual de 46.740 toneladas/ano no Paraná.
Fávaro diz que a região tem clima e solo propícios para a cultura, que é excelente alternativa para pequenos, médios e grandes produtores interessados na diversificação agrícola. “Tem espaço para todos”, sustenta.

E se for em cultivo indoor, as perspectivas em relação à lucratividade são bem positivas. “A implantação de uma estufa é um investimento relativamente caro [uma de mil m2, ideal para uma pequena propriedade, pode chegar a R$ 40.000], mas compensa, porque se paga já na primeira colheita, com produtividade estimada em 12 toneladas”, acentua o engenheiro agrônomo.
“A estufa permite mais produção, inclusive fora da temporada, mais produtividade e mais qualidade dos frutos. Neste caso, o de frutos com mais qualidade, pode acarretar preços mais altos”, ratifica.











