
Em ateliê na garagem, jovem do Guarani confecciona roupas sob medida para cães e gatos
Coleiras, laços, gravatinhas e outros acessórios estilosos também fazem parte da grife ‘Luly’, criada quando a idealizadora estava desempregada


Amigo leal, fiel companheiro, parceiro nos altos e baixos da vida. Assim é o cão, o ‘cara’ que lidera o ranking dos bichos de estimação no Brasil, segundo o Instituto Pet Brasil. No país, são mais de 58 milhões vivendo sob cuidados dos humanos, que, além de carinho, costumam dar aos bichanos certos luxos [nem tanto e nem todos, claro!].
Nesse imenso universo está a Luly, uma cadela sem raça definida que é pura simpatia. Ela foi adotada pela Camila de Souza Nascimento, 27 anos, moradora do Jardim Los Angeles. Nem precisa dizer que o amor que uma tem pela outra é intenso e incondicional. Mas tem também gratidão envolvida neste vínculo inflexível.
Foi Luly quem motivou Camila a empreender no setor de confecção de roupas e acessórios para cães e gatos. Ela começou em 2019 e, desde então, vem conquistando mais e mais clientes, pelo diferencial de seu modo de trabalhar: faz roupas sob medida.
A primeira peça, adivinha para quem foi? Sim, para a Luly. “Não encontrava roupa pronta do tamanho que servisse para ela, então resolvi fazer e ficou bacana! Depois, passei a fazer roupas para os cachorros da vizinhança toda (risos)… Foi uma experiência legal!”.
Camila diz que nem sempre as roupas prontas que o mercado oferece servem para todos: “Meus clientes são, muitas vezes, os cães muito grandes e os muito pequenos, então faço sob medida… Com minha fita métrica, eu vou à casa do cliente para tirar as medidas do pet e, em casa, corto e costuro as peças”, explica a moça, que é formada em Pedagogia e trabalha em uma escola.

“Deste negócio tiro uma renda extra, aproveitando as horas vagas”, conta, informando que uma roupinha com forro chega a custar R$ 100, mas a maioria dos modelos fica na média de R$ 50. No portifólio da grife ‘Luly’ também têm lacinhos, sainhas, bandanas, gravatinhas, entre outros acessórios, incluindo o conjunto de laços ‘tal mãe, tal pet’ e coleirinhas decoradas com strass.
O cliente que compra recebe o produto numa sacolinha personalizada, também feita pela Camila, que também faz a entrega, atualmente com sua motocicleta Honda Biz [antes ia de bicicleta]. “Eu faço tudo”, diz, rindo, deixando à mostra seus lindos dentes e sua predisposição para a realização de um trabalho sério e talentoso.
Conciliada com a profissão de Pedagoga, que diz amar, também, ela sonha em ter uma loja com um espaço para montar o ateliê, que por enquanto está improvisado na casa onde mora com os pais.
As encomendas chegam pelo Instagram, um de seus canais de vendas; o outro é a ‘Feira do Produtor’ dos domingos, na Avenida Parigot de Souza. “Mas meu forte ainda é o método porta a porta… eu saio por aí oferecendo o meu produto e tem dado muito certo! Por tudo isso sou grata à Luly”.

Gratidão com gratidão se paga
A história da marca ‘Acessórios da Luly’ começou com um desafio angustiante: salvar a Luly, que precisou de uma cirurgia de emergência [ela estava prenha e precisou fazer cesárea pois corria risco de morte].
Camila não tinha o dinheiro para pagar, nem perspectiva para obtê-lo, pois estava desempregada. Ao invés de entrar em desespero, internou a Luly, autorizou a cirurgia e garantiu que pagaria os custos do serviço veterinário.
Foi quanto teve o ‘insight’: confeccionar coleirinhas coloridas, para cães e gatos, e sair por aí vendendo. Assim fez. “Sai pelas ruas com minha bicicleta, de porta em porta, oferecendo as coleirinhas por R$ 5; aonde eu via que tinha cachorro eu batia na porta”, conta.

Também ficava em estacionamento de supermercados e nas feiras de hortifruti, abordando as pessoas e explicando a causa; ao mesmo tempo, pela internet, os amigos devam uma força, compartilhando mensagens para colaborar com a ação: “Assim consegui dinheiro suficiente para dar de entrada; o restante fui pagando aos poucos”.
Meses depois, Camila repensou o desafio e viu que o segmento de costura para pets poderia ser uma saída para sua condição de desempregada: “Assim nasceu o meu negócio, com sofrimento, mas também com esperança de dias melhores, sentimento que continuo tendo, já que o mercado pet está em alta e sinto que tenho condições de aproveitar bem esta oportunidade”.





