Graça Milanez Publisher do OBemdito

Cartunista planeja criar e-book para expandir seu trabalho na seara dos quadrinhos

Já com vários projetos esboçados, Marcos Vaz está pronto para retrabalhar sua presença virtual e aproveitar ao máximo os meios poderosos disponibilizados pela internet

Marcos Vaz é autor de mais de duzentos personagens de história em quadrinhos; Umuaraminha é um deles - Fotos: Danilo Martins/OBemdito
Cartunista planeja criar e-book para expandir seu trabalho na seara dos quadrinhos
Graça Milanez - OBemdito
Publicado em 26 de novembro de 2023 às 17h43 - Modificado em 20 de maio de 2025 às 20h41

Uma carreira bem posicionada agora também no mundo virtual. Este é o desejo do cartunista umuaramense Marcos Vaz, 51 anos, ‘pai’ de mais de duzentos personagens de história em quadrinho. Versatilidade para isso ele tem. E know-how, também, afinal seu portfólio, além de extenso, é muito bem cotado no meio artístico.

No dia a dia, quando não está inventando historinhas, está ensinando. Junto com seu ateliê funciona sua escola de desenho, onde dá aulas presenciais para crianças e adolescentes. Por isso, a ideia é transpor para a internet, juntos, essas duas vertentes da profissão: o da criação de HQ e o de ensinar a desenhar. Cada um no seu tempo, claro. “Pretendo levar os gibis para os dispositivos eletrônicos e também ministrar curso de desenho on-line”, conta Vaz.

Tantos personagens, entre eles os famosos Umuaraminha, Paranazinho e Brasilzinho, saíram da sua mente intrépida por uma boa causa: instruir, divertir, conscientizar as crianças, que moram perto e muito longe, como o Japão. Sim, ele já publicou suas histórias em quadrinhos também lá no país do sol nascente.

Aliando criatividade e senso empreendedor, Vaz conseguiu moldar uma carreira sólida, [praticamente] solo e autodidata. Diz que nasceu com o dom para o desenho, mas se apaixonou pela arte folheando as revistinhas da turma da Mônica. Era fissurado no colorido das histórias e de tanto que ‘viajava’ pelas páginas dos gibis de Mauricio de Sousa aprendeu a ler antes de ir para a escola.

Todos feitos à mão: Marcos Vaz criou seus primeiros personagens no início dos anos de 1980

Seguindo o ídolo, o menino Marcos começou a querer uma turma pra chamar de sua. “Não era uma pretensão; era um desejo de alguém inocente, apaixonado por aquele universo lúdico; olhando para trás, posso dizer que eu era uma criança querendo conversar com outras crianças, trocar ideias, sugerir, alertar, mas de uma forma, digamos, ampla; veja só: com meu desenho e minhas convicções, eu já queria transmitir mensagens que fossem além do entretenimento”, rememora o cartunista. 

Eis então que seus ideais ganham contorno e cor. Em 1981 [quando tinha 10 anos] cria o Brilhante, que comandava um grupo de 30 amiguinhos. Entre eles estava o Umuaraminha, que logo ganhou os holofotes pela carga de significados que carregava e que, por isso, viria a tornar-se símbolo oficial de Umuarama [em 1990].

Símbolo oficial do município: o personagem Umuaraminha conquistou tanto sucesso que se tornou mais que um mascote da cidade

De lá para cá, Marcos foi alinhavando e concretizando muitos outros projetos, a maioria linkado no Umuaraminha, o indiozinho Xetá que dá vazão aos seus presságios. “Tudo feito na prancheta, no papel com lápis; só entrei para o ambiente digital na década de 1990”, conta Marcos.

Com apoio do computador, tudo ficou mais fácil. “E a produção foi de vento em popa”, exclama. “Somando gibis, cartilhas, jornais institucionais e livros, são mais de 20 milhões de exemplares distribuídos em todo o Brasil e no exterior”, calcula. Daí veio a pandemia, que cortou o ritmo do artista. Mesmo assim, com apoio da Lei Aldir Blanc, publicou trabalhos interessantes [confira abaixo].

“Acredito que daqui um ou dois anos tudo por aqui volte ao normal! Pelo menos estou me empenhando para isso”, garante Vaz.

Professor Marcos Vaz, que em paralelo com o estúdio de criação tem uma escola de desenho para crianças e adolescentes

Alegria nas escolas

Marcos Vaz se define como um artista de parcerias. Sempre foi em busca delas para expandir as fronteiras do seu mister. Um bom exemplo é a criação do ‘Jornal do Umuaraminha’ como suplemento do jornal ‘Umuarama Ilustrado’; nele, circulou durante cem edições [de 1991 a 1993].

Mas não parou. O ‘Jornal do Umuaraminha’ continuou com parceria da prefeitura e anunciantes; a cada três meses saía da gráfica uma nova edição, para ser distribuída nas escolas das redes pública e privada do município. Foram 17 edições [2015 a 2020]. “Durante esses cinco anos fez a alegria de muitos alunos; todos recebiam o exemplar com empolgação! Era bonito de ver!”, assegura Vaz.

O Marcos Vaz empreendedor também conta com uma loja de souvenirs

Genebra, Paris e Japão

Entre os destaques no portfólio de Marcos Vaz está a ‘Cartilha do Direito Internacional do Trabalho’ em quadrinhos, encomendada pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho e pela Organização Internacional do Trabalho e impressa em quatro línguas: português, inglês, espanhol e francês.

O lançamento foi na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra/Suíça, durante a 100ª Conferência Mundial do Trabalho [em 2011]. Como era de se esperar, ficou muito arrojado, a começar pelo elenco que transmitiu mensagem multicultural.

Vaz reuniu vários personagens, que representavam os cinco continentes. Entre eles se destacam: Akiiki (Moçambique), África; Midori (Japão) e Sharmila (Índia), Ásia; Paola (Itália) e o sociólogo Hans (Alemanha), Europa; Justin (Austrália), Oceania; e Ramírez (Peru), Steve (EUA) e Professora Helena (Brasil), América. 

A versão em francês foi lançada também em Paris/França; a em espanhol, em Lima/Peru; e a em português, em Salvador/Bahia. 

Últimos trabalhos publicados: ritmo de produção, abalado na pandemia, começa a voltar ao normal

Outro trabalho que ganhou repercussão importante foi a ‘Cartilha da Justiça em Quadrinhos’, feita em parceria com a Associação dos Magistrados Brasileiros [em 1992].

Outro trabalho de Marcos Vaz bastante comemorado foi o gibi-mangá, feito com apoio do Rotary Internacional para ser distribuído no Japão. Com o título ‘Brasilzinho – Brasil e Japão 100 anos de Amizade’ e bilíngue [em português e em japonês], foi lançado em Tóquio e depois distribuído em doze cidades do país dos samurais [2012].

Trabalhos recentes

Estes são os produzidos por Marcos Vaz durante e após a pandemia

Livro ‘Umuaraminha e o Pequeno Príncipe na Capital da Amizade’, o quarto da série ‘A Alma de Umuarama é a Literatura’, lançado em parceria com a escritora Maria Cristina Madeira.

Almanaque ‘Umuaraminha 30 Anos – Jubileu de Pérola’, com 140 páginas recheadas de historinhas inéditas, bem coloridas e divertidas, com o Xetazinho no centro conscientizando sobre situações do dia a dia de uma sociedade, sempre no tom questionador.

Para o município de Morro Agudo/SP produziu: ‘Brasilzinho – Estatuto da Criança e do Adolescente’; ‘Brasilzinho – Lugar de Criança é na Escola – Diga não ao trabalho infantil’; e ‘Brasilzinho – Todos juntos em defesa das crianças e dos adolescentes – Diga não à exploração sexual e ao abuso sexual infantojuvenil’.

Para a prefeitura de Curitiba foram cinco títulos: ‘Curitibinha – Segurança Alimentar e Nutricional’, ‘Curitibinha – Cidadania no Trânsito’, ‘Curitibinha – Proteção Animal’, ‘Curitibinha – Amigos dos Rios’ e ‘Curitibinha – Viva Bem Curitiba’.

Para Brasília foram a ‘Cartilha da Justiça 30 Anos’, por solicitação da Associação dos Magistrados Brasileiros, e a ‘Cartilha do Trabalhador em Quadrinhos – 7ª edição’, encomendado pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho.

Para São Carlos, município de São Paulo, fez ‘Brasilzinho e a Galera Adolescente – Parlamento Jovem’ e ‘Turma do Brasilzinho e Procon Júnior – Consumidor Consciente’.

O município vizinho, Cianorte, encomendou ‘Brasilzinho – Cartilha de Trânsito’ e Umuarama, ‘Umuaraminha e Procon Júnior – Consumidor Consciente’.      

Também inaugurou durante a pandemia a lojinha dos produtos personalizados do Umuaraminha, a Mimos do Umuaraminha; e este ano realizou em Curitiba a exposição ‘Curitibinha 30 Anos’, na Gibiteca de Curitiba.

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