
Cartunista planeja criar e-book para expandir seu trabalho na seara dos quadrinhos
Já com vários projetos esboçados, Marcos Vaz está pronto para retrabalhar sua presença virtual e aproveitar ao máximo os meios poderosos disponibilizados pela internet


Uma carreira bem posicionada agora também no mundo virtual. Este é o desejo do cartunista umuaramense Marcos Vaz, 51 anos, ‘pai’ de mais de duzentos personagens de história em quadrinho. Versatilidade para isso ele tem. E know-how, também, afinal seu portfólio, além de extenso, é muito bem cotado no meio artístico.
No dia a dia, quando não está inventando historinhas, está ensinando. Junto com seu ateliê funciona sua escola de desenho, onde dá aulas presenciais para crianças e adolescentes. Por isso, a ideia é transpor para a internet, juntos, essas duas vertentes da profissão: o da criação de HQ e o de ensinar a desenhar. Cada um no seu tempo, claro. “Pretendo levar os gibis para os dispositivos eletrônicos e também ministrar curso de desenho on-line”, conta Vaz.
Tantos personagens, entre eles os famosos Umuaraminha, Paranazinho e Brasilzinho, saíram da sua mente intrépida por uma boa causa: instruir, divertir, conscientizar as crianças, que moram perto e muito longe, como o Japão. Sim, ele já publicou suas histórias em quadrinhos também lá no país do sol nascente.
Aliando criatividade e senso empreendedor, Vaz conseguiu moldar uma carreira sólida, [praticamente] solo e autodidata. Diz que nasceu com o dom para o desenho, mas se apaixonou pela arte folheando as revistinhas da turma da Mônica. Era fissurado no colorido das histórias e de tanto que ‘viajava’ pelas páginas dos gibis de Mauricio de Sousa aprendeu a ler antes de ir para a escola.

Seguindo o ídolo, o menino Marcos começou a querer uma turma pra chamar de sua. “Não era uma pretensão; era um desejo de alguém inocente, apaixonado por aquele universo lúdico; olhando para trás, posso dizer que eu era uma criança querendo conversar com outras crianças, trocar ideias, sugerir, alertar, mas de uma forma, digamos, ampla; veja só: com meu desenho e minhas convicções, eu já queria transmitir mensagens que fossem além do entretenimento”, rememora o cartunista.
Eis então que seus ideais ganham contorno e cor. Em 1981 [quando tinha 10 anos] cria o Brilhante, que comandava um grupo de 30 amiguinhos. Entre eles estava o Umuaraminha, que logo ganhou os holofotes pela carga de significados que carregava e que, por isso, viria a tornar-se símbolo oficial de Umuarama [em 1990].

De lá para cá, Marcos foi alinhavando e concretizando muitos outros projetos, a maioria linkado no Umuaraminha, o indiozinho Xetá que dá vazão aos seus presságios. “Tudo feito na prancheta, no papel com lápis; só entrei para o ambiente digital na década de 1990”, conta Marcos.
Com apoio do computador, tudo ficou mais fácil. “E a produção foi de vento em popa”, exclama. “Somando gibis, cartilhas, jornais institucionais e livros, são mais de 20 milhões de exemplares distribuídos em todo o Brasil e no exterior”, calcula. Daí veio a pandemia, que cortou o ritmo do artista. Mesmo assim, com apoio da Lei Aldir Blanc, publicou trabalhos interessantes [confira abaixo].
“Acredito que daqui um ou dois anos tudo por aqui volte ao normal! Pelo menos estou me empenhando para isso”, garante Vaz.

Alegria nas escolas
Marcos Vaz se define como um artista de parcerias. Sempre foi em busca delas para expandir as fronteiras do seu mister. Um bom exemplo é a criação do ‘Jornal do Umuaraminha’ como suplemento do jornal ‘Umuarama Ilustrado’; nele, circulou durante cem edições [de 1991 a 1993].
Mas não parou. O ‘Jornal do Umuaraminha’ continuou com parceria da prefeitura e anunciantes; a cada três meses saía da gráfica uma nova edição, para ser distribuída nas escolas das redes pública e privada do município. Foram 17 edições [2015 a 2020]. “Durante esses cinco anos fez a alegria de muitos alunos; todos recebiam o exemplar com empolgação! Era bonito de ver!”, assegura Vaz.

Genebra, Paris e Japão
Entre os destaques no portfólio de Marcos Vaz está a ‘Cartilha do Direito Internacional do Trabalho’ em quadrinhos, encomendada pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho e pela Organização Internacional do Trabalho e impressa em quatro línguas: português, inglês, espanhol e francês.
O lançamento foi na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), em Genebra/Suíça, durante a 100ª Conferência Mundial do Trabalho [em 2011]. Como era de se esperar, ficou muito arrojado, a começar pelo elenco que transmitiu mensagem multicultural.
Vaz reuniu vários personagens, que representavam os cinco continentes. Entre eles se destacam: Akiiki (Moçambique), África; Midori (Japão) e Sharmila (Índia), Ásia; Paola (Itália) e o sociólogo Hans (Alemanha), Europa; Justin (Austrália), Oceania; e Ramírez (Peru), Steve (EUA) e Professora Helena (Brasil), América.
A versão em francês foi lançada também em Paris/França; a em espanhol, em Lima/Peru; e a em português, em Salvador/Bahia.

Outro trabalho que ganhou repercussão importante foi a ‘Cartilha da Justiça em Quadrinhos’, feita em parceria com a Associação dos Magistrados Brasileiros [em 1992].
Outro trabalho de Marcos Vaz bastante comemorado foi o gibi-mangá, feito com apoio do Rotary Internacional para ser distribuído no Japão. Com o título ‘Brasilzinho – Brasil e Japão 100 anos de Amizade’ e bilíngue [em português e em japonês], foi lançado em Tóquio e depois distribuído em doze cidades do país dos samurais [2012].

Trabalhos recentes
Estes são os produzidos por Marcos Vaz durante e após a pandemia
Livro ‘Umuaraminha e o Pequeno Príncipe na Capital da Amizade’, o quarto da série ‘A Alma de Umuarama é a Literatura’, lançado em parceria com a escritora Maria Cristina Madeira.
Almanaque ‘Umuaraminha 30 Anos – Jubileu de Pérola’, com 140 páginas recheadas de historinhas inéditas, bem coloridas e divertidas, com o Xetazinho no centro conscientizando sobre situações do dia a dia de uma sociedade, sempre no tom questionador.
Para o município de Morro Agudo/SP produziu: ‘Brasilzinho – Estatuto da Criança e do Adolescente’; ‘Brasilzinho – Lugar de Criança é na Escola – Diga não ao trabalho infantil’; e ‘Brasilzinho – Todos juntos em defesa das crianças e dos adolescentes – Diga não à exploração sexual e ao abuso sexual infantojuvenil’.
Para a prefeitura de Curitiba foram cinco títulos: ‘Curitibinha – Segurança Alimentar e Nutricional’, ‘Curitibinha – Cidadania no Trânsito’, ‘Curitibinha – Proteção Animal’, ‘Curitibinha – Amigos dos Rios’ e ‘Curitibinha – Viva Bem Curitiba’.

Para Brasília foram a ‘Cartilha da Justiça 30 Anos’, por solicitação da Associação dos Magistrados Brasileiros, e a ‘Cartilha do Trabalhador em Quadrinhos – 7ª edição’, encomendado pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho.
Para São Carlos, município de São Paulo, fez ‘Brasilzinho e a Galera Adolescente – Parlamento Jovem’ e ‘Turma do Brasilzinho e Procon Júnior – Consumidor Consciente’.
O município vizinho, Cianorte, encomendou ‘Brasilzinho – Cartilha de Trânsito’ e Umuarama, ‘Umuaraminha e Procon Júnior – Consumidor Consciente’.
Também inaugurou durante a pandemia a lojinha dos produtos personalizados do Umuaraminha, a Mimos do Umuaraminha; e este ano realizou em Curitiba a exposição ‘Curitibinha 30 Anos’, na Gibiteca de Curitiba.









