Aline Reis Publisher do OBemdito

Dependência química, abandono e resgate: dia de luta da população de rua em Umuarama

Além da Apromo, a Casa da Sopa e o Centro Pop também assistem população em situação rua na cidade

Foto: Danilo Martins/OBemdito
Dependência química, abandono e resgate: dia de luta da população de rua em Umuarama
Aline Reis - OBemdito
Publicado em 19 de agosto de 2021 às 13h54 - Modificado em 23 de maio de 2025 às 00h15

Nesta quarta-feira (19) ocorrem diversas atividades voltadas ao Dia Nacional da População de Rua ocorrerem em Umuarama. Na Apromo aconteceram palestras, um almoço especial e à tarde também estão previstas atividades físicas.

A data, originada em 2004, foi escolhida por conta da chacina de sete moradores de rua na praça Sé, em São Paulo. Desde então organizações tentam desmitificar o imaginário popular acerca desta população e, além disso, mostrar como as ações afirmativas são importantes.

Coragem e comprometimento. Palavras de ordem para quem trabalha na linha de frente no acolhimento de pessoas que estão em situação de rua.

Palavras também que podem descrever a história de José Lopes Junio dos Santos, da Apromo. Ele está presidente da instituição há seis anos e assumiu o trabalho após um convite feito dentro de uma paróquia de Umuarama.

De começo, ele que pouco conhecia sobre o trabalho da Apromo, ficou receoso e seis anos depois além de reestruturar o local agora também há uma segunda unidade.

Ações que além de garantir moradia, alimento e higiene para quem vive em situação de rua, também serve para fazer com que os acolhidos tentem retomar a vida. “Eu já tive aqui três pessoas acolhidas que trabalharam conosco. Vimos que tinham potencial, que sempre ajudavam nas atividades, e foram contratados. Hoje já têm sua própria vida fora daqui”, salientou a OBemdito.

Mudança de vida que é difícil, sobretudo para quem luta contra dependência química. Pedro Rodrigues Santana, 50, está há dez anos ‘limpo’. Ele saiu de casa na região de Foz do Iguaçu porque era viciado em drogas. Nas ruas, de cidade em cidade, chegou a Umuarama, onde conheceu a Apromo.

Ele está em sua sexta passagem no local, mas pretende fixar residência em breve na cidade de Cruzmaltina, onde consegue exercer alguns trabalhos por diária e há uma residência que eventualmente é disponibilizada para ele. Expectativa de uma ‘vida normal’ após 20 anos vivendo nas ruas.

“Aqui é muito bom. A Magna (assistente social) me ajudou muito, eu só tenho a agradecer”, elogia.

O dia de luta também foi especial para Ricardo Ruas, que deve deixar a Apromo dentro de alguns dias para se mudar para uma quitinete alugada no centro da cidade. Ricardo era bancário, mas problemas com dependência química o afastaram do trabalho e ele passou a viver nas ruas.

Ele descobriu um novo talento ainda em São Paulo, onde morava. “Eu lembro até hoje como foi: passei em frente a uma loja e havia uns escritos e giz no vidro. Eu pensei ‘posso fazer melhor’, porque gostava de caligrafia. Ofereci o serviço para o cara da loja com giz de escola mesmo. Ele gostou e me deu duas canetas giz, próprias para vidro, que eu nem conhecia e aí comecei a trabalhar com isso”, disse.

Apesar da perspectiva boa, problemas financeiros fizeram com que Ricardo saísse de São Paulo e o trouxeram para Umuarama, onde ele conheceu a Apromo. Desde então já foram feitas 76 vitrines em lojas da Capital da Amizade. “Terra da amizade faz jus ao apelido da cidade mesmo. Todo mundo me trata bem e eu sempre consigo trabalho”.

Pelas redes sociais ele publica o resultado das escritas em vitrines. Confira aqui. Também é possível contratar através do telefone 999607865.

A Apromo vive de doações da população e também recebe verbas da Prefeitura de Umuarama, Governo do Estado e Federal. Além da Apromo, a Casa da Sopa e o Centro Pop também assistem à população em situação rua na cidade.

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