
Quem diria, no século passado o comércio já cultuava o marketing em Umuarama
Naquele tempo reinava o famoso ditado “A propaganda é a alma do negócio”


Há tantos anos garimpando informações, imagens, curiosidades e ouvindo longos e interessantes depoimentos de antigos pioneiros, a maioria já ausente na atualidade, este repórter aprendeu que os fatos memoráveis do passado desta cidade são fundamentais para entender o “modus operandi” da nossa sociedade atual. Revendo costumes remotos compreendemos o que estamos vivendo agora…
Mais de meio século depois vemos a infinidade de mudanças que as atividades comerciais atravessaram para acompanhar o ritmo da atualização do mundo moderno.
Isto posto, tomamos como exemplo o “merchandising”, o e-commerce e outras criatividades na arte das vendas, que tanto sucesso fazem nestes tempos da tecnologia e movem a roda mágica do consumismo capitalista.
Observando tudo o que aconteceu, me vem à lembrança o antigo ditado “A Propaganda é a alma do negócio!”. Transformações mil aconteceram, mas a tal Propaganda continuou sendo a fonte mais inteligente e produtiva durante tanto tempo. E neste mundo moderno ela é ainda mais admirável e encantadora conquistando milhões de clientes usando o poder invencível da internet. Ou seja, convence a humanidade a comprar tudo que necessidade em tempo real, com facilidades de pagar e de receber tudo que pede confortavelmente em casa com facilidade, conforto e incrível rapidez.
Mas, os marqueteiros geniais deste século 21 na verdade não deixam de beber naquela antiga fonte de criatividade dos antigos comerciantes, donos de armazéns de secos & molhados, empórios e bodegas antigas. As formas são hiper modernas, claro!, mas no fundo os segredos da arte publicitária seguem a magia do passado: vender, vender, vender…

A ARTE DE VENDER SE MOLDOU AOS TEMPOS MODERNOS
A nossa geração, que nasceu e viveu ao longo das décadas de 50 a 70, é testemunha que os “bodegueiros”, dos quais éramos fregueses de caderneta, já faziam merchandising e os armazéns à moda antiga foram o berço de todos os conceitos básicos de comunicação no ponto-de-venda (hoje tratado como PDV pelos marqueteiros modernos); utilizados atualmente pelo comércio de auto serviço.
E vamos explicar por que pensamos assim: os armazéns, bodegas, armarinhos, bazares e mercearias, hoje de saudosa memória e que só resistem em alguns bairros, ou pequenas cidadelas e estradas da região, sempre tiveram no contato direto com o freguês o segredo do sucesso de seu negócio.

Além do calor humano do balcão e daquela amizade fortalecida ao longo dos anos de crédito, muitos embriões de material do PDV foram largamente usados então, mesmo muito antes dos próprios fabricantes produzirem e enviarem para os comerciantes seus displays (ou mostradores), faixas de gôndolas, wooblers, stoppers e qualquer outro tipo de parafernália que encante o olhar do cliente.
Os donos dos velhos armazéns, sujeitos espertos e criativos para seu tempo, foram os “pais” de muitas sacadas geniais do varejo para impulsionar as vendas: espalhavam pelo já conturbado ambiente dos secos & molhados, e até mesmo nas portas e calçadas, faixas, cartazes e placas escritos com letras e linhas tortas; implementando estratégias de fluxo de tráfego e pontos naturais de exposição de produtos.





É fato que eram toscos, desenhados e pintados à mão, não tinham a beleza das artes gráficas de hoje nem o retumbante impacto das imagens internéticas atuais, mas cumpriam seu papel de chamar a atenção de quem passava pela rua e entrava no armazém ou loja.
Lá pelos meados de 1950, década em que Umuarama foi fundada, nos comércios onde se vendia de tudo, a comunicação já era um fator fundamental, e nenhum deles havia aprendido isso numa sala de aula de universidade ou curso profissionalizante específico. Era um dom nato de bom vendedor. Os armazéns, repito outra vez, foram os “avós” das atuais lojas de departamentos e “tataravós” dos hipermercados.
O que hoje se rotula como Canal Moderno no jargão marqueteiro, nada mais é do que um filho estudado do Tradicional. Foi com ele, apenas para citar um exemplo, que ele aprendeu o tal “Cross-Selling” (vender produtos ou serviços a um cliente já em carteira). Muito antes dos correlatos da vida, nos armazéns já existiam aquelas fitinhas de amendoim expostas ao lado da cerveja e usavam a venda do pão como estratégia para aumentar o giro da mortadela, deixada estrategicamente ao lado dos “francesinhos” com um cartazete escrito à mão em cartolina anunciando a promoção… Essas provocações funcionavam genialmente e a distinta freguesia não resistia!
É oportuno recordar que foram nesses armazéns que os pontos extras nasceram e se desenvolveram. Produtos como as “bassôras” (vassouras) e baldes, vez ou outra estiveram agrupados entre a segunda e terceira porta dos secos & molhados, em um formato que agora se convenciona chamar de “ilha”. As pontas de gôndolas também tiveram sua primeira valorização nesses estabelecimentos. Exemplo: em época de matrículas escolares, lá estavam cadernos, lápis, borrachas, canetas, esquadros e compassos na ponta da prateleira, no local bem acessível aos olhares dos pais de família – e, principalmente, da galerinha que ia estudar usando esses materiais.

A PROPAGANDA ERA A ATRAÇÃO DA DISTINTA FREGUESIA
Outro costume era pendurar nas molduras das portas um artigo de cada tipo de mercadoria, principalmente peças de roupas, exibindo a variedade de produtos que os consumidores encontrariam no interior do estabelecimento. As peças dançavam ao sabor dos ventos da rua, acenando e convidando os pedestres a comprar.
Os comerciantes mais ousados invadiam as calçadas com amontoados de caixas ou pilhas de mercadorias, com plaquetas insinuando as promoções e o claro objetivo de despertar ou aguçar o desejo consumista dos transeuntes.
Seria injusto não citar que os antigos comerciantes eram “merchandisers” (negociantes) natos e sabiam como ninguém fazer com que o freguês que chegava ali buscando um pequeno maço de pregos, saísse com um monte de outros tipos de ferramentas sem ter que gastar sequer um Cruzeiro (moeda da época) naquele momento: a conta da compra era anotada na valiosa “caderneta”, hoje substituída por um reluzente cartão magnético… Possuir uma caderneta dessas era prova de crédito. Pensando bem, ela valia mais que dinheiro – pois com grana viva qualquer um podia fazer compras; mas sem $$$ e sem caderneta afundaria na sofrência!
Quem estudou a ciência do marketing e conhece a história da evolução desse processo, sabe muito bem que as tais estratégias pautadas no comportamento do consumidor não têm nada de pós-moderno… Muito antes desse blá-blá-blá todo, os pequenos comerciantes de Umuarama transformavam seus apertados pontos-de-venda (PDV) em potenciais canais de distribuição para os fabricantes, que nada gastavam em propaganda de seus produtos.
O que nestes tempos cibernéticos é constatado como merchandising, nada mais é do que a evolução daqueles antigos conceitos, trabalhados em ambientes orientados a partir dessa premissa. Portanto, quando a gente pensa que os marqueteiros, tão em moda hoje, estão inventando a roda ou descobrindo a pólvora ao promover um produto, é sempre de bom tom lembrar que essas boas ideias surgiram muitas décadas atrás… Claro!, todas devidamente atualizadas para acompanhar a vida moderna, a clientela atualizada com as regras da modernidade e, principalmente, com a esperteza de procurar o que é mais barato e de boa qualidade! Com o correr dos anos, elas foram sendo lapidadas, aprimoradas e adaptadas às novas épocas.

HOJE A ESTRATÉGIA É A ALMA DAS BOAS VENDAS
Estou aqui a concluir que, se antes a propaganda era a alma do negócio, hoje a estratégia é a alma das boas vendas, dos altos faturamentos, do sucesso empresarial e, resultado disso, o enriquecimento daqueles que decidem seguir pelo caminho comercial, ops!, digo pelas luzes internéticas do e-commerce… Resumindo: A Propaganda segue sendo a alma do negócio!!!
E para coroar de sucesso todo sonho empresarial neste século 21 cada um deve adotar uma estratégia genial seja no LinkedIn, no TikTok ou na mídia online. E atentem para este detalhe: Não tem essa de mídia tradicional, o que existe é uso tradicional da mídia. Então, com estratégia, você consegue, por exemplo, fazer de um anúncio comercial um filme, ou uma propaganda em ritmo de música eletrizante usando recursos tecnológicos bombásticos, até mesmo desenhos animados com mascotes de marcas de todos os tipos de produtos estão por todos os lados da web.
Quando se quer bem acompanhar um anúncio com notícias da hora, ninguém mais anuncia em jornal impresso ou qualquer outro veículo ultrapassado. O empresário moderno e inteligente anuncia nos sites de notícias, pois sua propaganda estará no ar em tempo real. E não em páginas amarelas de jornais que hoje nem existem mais nas bancas ‘de jornais’ de tão desprezados que estão.
Até mesmo os clientes mais idosos, que no passado liam jornais, hoje quando desejam ir às compras consultam produtos, preços e pontos de vendas através da internet e dos anúncios nos sites da mídia ou nas redes sociais…
Eles sabem que os tempos mudaram. E que o passado agora apenas é motivo de doce saudade, mas que todos temos que encarar a realidade do mundo. Do mundo internético, do e-commerce e do PIX! Pronto, falei. Talkei? Então, bora às compras pelo meu PC ou cel…
Mas, antes disso não custa nada reconhecer que a criatividade do marketing e da propaganda já turbinavam as vendas no passado. (ITALO FÁBIO CASCIOLA, Especial para OBEMDITO)
