
No Dia das Crianças vale recordar da primeira escolinha infantil de Umuarama
A Isa Mesquita foi criada em 26 de junho de 1956, exatamente um ano depois fundação da cidade...


Atualmente Umuarama possui um dos maiores e mais modernos complexos educacionais do Paraná, reunindo estabelecimentos de ensino de todos os graus, sejam eles particulares ou municipais, estaduais e federais.
Mas, no século passado, quando a Capital da Amizade foi fundada, a Educação começou com apenas um lugar para estudar: Era a Escola Isa Mesquita, criada e instalada no dia 26 de junho de 1956 comemorando o primeiro aniversário de fundação da cidade. Esse primeiro educandário foi batizado com o nome da irmã de Hermann Moraes de Barros e esposa de Gastão Mesquita Filho – Isa Mesquita -, ambos diretores da colonizadora Cia Melhoramentos Norte do Paraná.
Essa primeira escola funcionava na esquina da Avenida Flórida com a Rua Paissandu (hoje é Rua Ministro Oliveira Salazar). Suas instalações eram acanhadas, de madeira, totalmente simples, com apenas duas salas de ensino primário, funcionando em dois períodos: de manhã e à tarde. No começo estudavam apenas 100 alunos e tinha só duas professoras, Dulce e Jacira.
Na varanda dos fundos havia uma salinha estreita de administração e ao lado uma apertada cantina. Ao redor era tudo de terra, sem revestimento de cimento e tijolos, o que causava protestos dos pais das crianças pois virava um lamaçal nas temporadas chuvosas; e no calor o vento rodeava a Escola Isa Mesquita de poeira. As crianças ficavam dentro das salas, que ferviam de calor com as janelas fechadas, para a poeira não invadir os espaços que já eram apertados…

Não havia nem sombras, pois não existiam árvores rodeando a escolinha; as perobas que existiam antes naquela área haviam sido derrubadas para abrir o território que seria ocupado pelo conjunto urbano de casas, construções, ruas e avenidas…
Nas duas salas não havia nenhum recurso a mais do que o quadro negro e cada sala de aula tinha o clássico formato de uma turma cheia de alunos enfileirados e concentrados no que o professor está ensinando, que era a regra do ensino tradicional antigo. Cinquenta alunos ocupavam as fileiras de carteiras de madeira de peroba, feitas pelos carpinteiros da colonizadora. Eram rústicas e pesadas e isso evitava que a galerinha fizesse barulho ao mover-se de um lado para outro. Esse fato também contribuía para a turma de alunos se concentrassem no que as professoras estavam ensinando.
E era no próprio grupo escolar que as novas professoras aprendiam a profissão na prática. A construção bem como a manutenção estava a cargo da colonizadora. Na falta de material didático, elas escreviam no quadro negro o conteúdo que copiavam de livros ou cartilhas. Ou faziam longos ditados. A maior parte do tempo era utilizada para copiar. E os alunos seguiam à risca o que elas ensinavam…

No grupo escolar, que era a primeira fase da nossa história estudantil, a gente ia aprendendo as lições que seriam importantes tanto para a nossa vida educacional como, depois, para a nossa vida real… Na idiomática profissional da Educação esse modelo objetivava preparar o maior número de estudantes para a vida em sociedade, alfabetizando e qualificando profissionalmente os jovens para atuar futuramente em uma profissão.
Na primeira classe, ela ensinava o abecedário – que a gente chamava graciosamente de ABC, a ler e a escrever; Na segunda classe ensinavam a contar: fazer contas de somar, dividir, subtrair e de multiplicar; E também tinha as aulas ensinando os detalhes da Língua Portuguesa; Na terceira classe era a vez das lições para resolver os problemas e aprender pelo caderno de verbos. Na quarta classe, a última da fase do grupo escolar, a gente aprendia Geografia, História e Ciências. Aliás, essas eram as nossas matérias preferidas pois as considerávamos mais divertidas e curiosas do que ficar atormentado estudando Matemática. A absoluta maioria detestava e fazia cara feia quando tinha que resolver problemas matemáticos…
EM NOSSO TEMPO REINAVA O MAIOR RESPEITO NAS SALAS DE AULAS
É oportuno registrar que em nosso tempo de escola reinava o maior respeito nas salas de aulas entre alunos e professores. Isso gerava uma convivência em clima de amizade, pois elas ensinavam felizes e nós alunos aprendíamos com entusiasmo. O mais importante era prestar atenção no que a mestre estava dizendo, sendo proibida qualquer interrupção barulhenta… E quando ela estava escrevendo no quadro negro alguns detalhes da lição que estava ensinando, era obrigatório copiar no caderno para depois estudar, porque geralmente esses assuntos depois eram aplicados nas provas.

Apenas para ilustrar esta crônica, devo lembrar que era costume antigamente levar uma frutinha ou um doce caseiro para a professora, que ficava feliz com a atitude simpática e colocava o presente sobre a sua mesa.
Outro fato pitoresco que merece ser lembrado é que quando chovia forte, principalmente no inverno quando aconteciam tempestades, não era preciso ir à aula. Pois isso era impossível! Como sair de casa e andar pelas ruas quando ainda nem existia asfalto e essas vias viravam verdadeiros lamaçais?! Para se ter uma ideia de quão terrível era a situação basta imaginar uma criança caminhando numa rua com a água misturada com barro batendo em seus joelhos. Fortes enxurradas, aliadas às águas pesadas e ventanias, colocavam em risco os adolescentes que tentassem essa aventura de ir à escola em dias tempestuosos como aqueles do passado. Para justificar a ausência, as professoras acrescentavam os ensinamentos que haviam sido interrompidos em aulas posteriores. E ficava tudo bem e ninguém perdia a oportunidade de ensinar e de aprender…

Pois é, antigamente estudar e lecionar era realmente sacrificado. Era um tempo em que nem se sonhava em equipamentos para tornar a tarefa mais satisfatória como é hoje (um dos exemplos atuais: salas possuem até ar condicionado e equipamentos de alta tecnologia!!!). Mas, se for contar tantas histórias que ocorriam na escolinha pioneira eu passaria escrevendo textos quilométricos…
Encerrando com muita alegria, devo dizer que fui feliz durante todo o período que frequentei a Escola Isa Mesquita. Foi o início da minha vida aprendendo a ler e escrever. E me apaixonei por essas atividades que pratico até hoje feliz e encantado por passar a vida toda bebendo na fonte da sabedoria – a Educação!!! (ITALO FÁBIO CASCIOLA, Especial para OBEMDITO)