Stephanie Gertler Publisher do OBemdito

Em luta contra o câncer de colo do útero, umuaramense destaca papel do diagnóstico precoce

Cinthia Mara Viana Rodrigues está em tratamento contra o câncer e compartilhou sua jornada com OBemdito

Fotos: Stephanie Gertler/OBemdito
Em luta contra o câncer de colo do útero, umuaramense destaca papel do diagnóstico precoce
Stephanie Gertler - OBemdito
Publicado em 26 de outubro de 2024 às 16h21 - Modificado em 19 de maio de 2025 às 22h55

O câncer de colo do útero é o terceiro mais incidente entre as mulheres no Brasil, considerando todos os tipos, exceto o câncer de pele não melanoma. Desde os anos 1980, políticas públicas vêm sendo implementadas para combate a essa doença, fortalecidas com o Programa Viva Mulher, lançado em 1996. A prevenção do câncer de colo do útero é uma prioridade no Brasil e faz parte do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis no Brasil 2021-2030.

O movimento Outubro Rosa reforça a necessidade da prevenção e da detecção precoce do câncer de mama e de colo do útero. A umuaramenses Cinthia Mara Viana Rodrigues, de 37 anos, está em tratamento para câncer de colo do útero no Hospital Uopeccan (União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer) e compartilhou sua jornada com OBemdito, destacando a importância do diagnóstico precoce.

Em 2022, Cinthia relata ter notado um sangramento após uma relação sexual com seu marido. Até então, ela não havia percebido nenhum sintoma que a levasse a suspeitar da doença. “Apareciam algumas manchas roxas no meu corpo, mas como isso sempre aconteceu, achei que fosse estresse, por ficar em casa com meu filho”, explicou.

Em novembro, ela notou o sangramento, mas, por estar próximo do ciclo menstrual, julgou ser algo comum. Em dezembro, durante uma viagem à praia, percebeu um padrão anômalo em seu ciclo, com períodos irregulares de sangramento. Preocupada com a situação, Cinthia conversou com seu marido, que a incentivou a procurar seu ginecologista.

“Assim que retornamos de viagem, o sangramento parou e com as tarefas da maternidade, acabei adiando a consulta. Mães sempre se colocam em último lugar”, explicou.

Em uma consulta posterior, o médico sugeriu o uso de anticoncepcional para regular o ciclo, acreditando que o fluxo elevado estivesse relacionado ao estresse. No entanto, o sangramento persistiu por mais de 30 dias, levando o médico a solicitar um exame preventivo, já que o último havia sido feito em 2020.

“Eu nem lembrava que fazia tanto tempo; temos a tendência de cuidar dos outros antes de nós”, comentou. Ao realizar o exame, o sangramento voltou, impossibilitando a coleta completa do material. Cinthia perguntou ao médico se poderia ser câncer, e ele disse que não havia como confirmar sem exames adicionais, mas demonstrou preocupação.

Após conversar com sua pastora sobre que estava passando, ela conseguiu uma consulta com um especialista em Maringá, onde ele informou que havia uma chance mínima de ser câncer.

“O médico disse que caso fosse eu deveria agradecer, pois esse tipo de câncer costuma progredir para cima, e não para baixo”, relatou. A coleta para biópsia foi realizada, e Cinthia foi diagnosticada com neoplasia intraepitelial cervical (NIC) 2, indicando lesão no colo do útero.

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Com o diagnóstico de NIC 2, os médicos recomendaram uma cirurgia para a retirada da lesão e subsequente análise. No entanto, o resultado final apontou a necessidade de uma abordagem mais agressiva, com a possibilidade de remoção do útero.

“Foi um choque. Gostaria de ter mais um filho e a ideia de perder o útero foi devastadora”, declarou.

Após exames adicionais, ficou constatado que o útero, os ovários e outros órgãos estavam livres de células cancerígenas. No entanto, o câncer havia atingido os linfonodos, o que levou os médicos a optarem por quimioterapia e radioterapia. “O médico explicou que o tumor alcançou tecidos, por isso desceu, causando sangramentos durante relações sexuais”, explicou.

Cinthia deu início ao tratamento e embora a quimioterapia fosse desgastante, sua fé lhe deu forças para continuar. “Minha mãe recebeu uma revelação de nossa pastora de que eu passaria pela quimioterapia, então estava mentalmente preparada”, contou.

Ela enfrentou o processo com resiliência, recebendo apoio de familiares e amigos. Um grupo de amigas organizou uma “vaquinha” para comprar uma peruca e uma tia, em um ato de solidariedade, raspou a própria cabeça para incentivá-la a raspar a sua também.

Durante as sessões de radioterapia, os efeitos colaterais se intensificaram, e o fígado de Cinthia começou a apresentar complicações. Ela precisou interromper o tratamento temporariamente e, em seguida, foi internada com início de pneumonia, mas conseguiu se recuperar.

“Mesmo passando por tantas dificuldades, mantive minha fé e agradeci por estar viva”, relatou.

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Agora ela se prepara para realizar novos exames em novembro, com esperança no futuro. “Sempre creio que tudo passa, tanto os momentos bons quanto os ruins. Tenho certeza de que já estou curada”, afirmou Cinthia.

Entre os aprendizados, ela reflete sobre a importância do autocuidado e incentiva outras mulheres a realizarem exames preventivos anuais.

“É fundamental cuidar de nós mesmas primeiro, para depois podermos cuidar dos outros. Em meu Instagram, fiz um vídeo sobre autocuidado e a pouca divulgação do câncer de colo do útero, que gerou engajamento e outras mulheres relataram que estavam ser realizar o exame há muito tempo ou que também estavam passando por situações semelhantes a minha.”

Ela finaliza com um apelo: “Mulheres, façam seus exames preventivos. A detecção precoce pode salvar vidas.”

Quem deseja conhecer mais sobre a trajetória de Cinthia, seu cotidiano, trabalho e maternidade, pode acompanhá-la pelo perfil no Instagram @cinthia26mara, onde ela compartilha suas experiências.

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Cinthia com seu irmão que raspou a cabeça para demonstrar seu apoio. (Foto: Arquivo Pessoal)
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(Com informações OBemdito e Instituto Nacional de Câncer)

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