
Mercado saturado? Umuarama tem uma farmácia para cada 2.250 habitantes
E tem mais estabelecimentos se preparando para abrir as portas na cidade, fomentando um setor de bilhões em negócios


Umuarama é uma das cidades que serve de referência quando o assunto é a expansão do setor farmacêutico. Dados da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) mostram que a Capital da Amizade tem uma farmácia para cada 2.250 habitantes, bem acima da média do país.
Apesar de não haver uma recomendação específica para o número de estabelecimentos em relação ao número de moradores, a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera aconselhável a existência de uma farmácia para cada 8 mil a 10 mil pessoas. Essa proporção, de acordo com o órgão, permite o acesso adequado a medicamentos e serviços do segmento.
De modo geral, a média nacional, hoje, é de uma farmácia para cada 3.300 habitantes. Pesquisas apontam que, em 2003, o número de farmácias ativas no Brasil era 55 mil unidades. Neste ano de 2024 são 90 mil, um salto de 63% em 20 anos.
De acordo com o cadastro da Anvisa, disponibilizado em seu site, atualmente há 52 farmácias ativas em Umuarama. Considerando que em 2022 a cidade tinha 117.095 habitantes, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um cálculo rápido demonstra uma farmácia para cada fatia de 2.251 habitantes do município.
É importante lembrar que a cidade também tem outros tipos de unidades do segmento, como 11 farmácias de manipulação, 11 farmácias hospitalares e 22 farmácias públicas – geralmente ligadas à Secretaria de Saúde, Unidades Básicas de Saúde (UBS) e semelhantes.
Além disso, há projetos de abertura de novos estabelecimentos na cidade, ainda este ano. Uma grande rede mantém em ritmo acelerado a construção de uma nova unidade local, desta vez na esquina entre as avenidas Brasil e Flórida.
Umuarama é um claro exemplo dos rumos que o bilionário setor farmacêutico toma no país. Os empresários do setor sabem que a cidade atrai muitos clientes da região, onde a concorrência ainda é bastante limitada.
Não é preciso muita análise para verificar que há um número bastante expressivo de farmácias na Capital da Amizade. Em avenidas e ruas – principalmente de regiões centrais – há locais onde farmácias são praticamente vizinhas umas das outras.
Se, por um lado, a quantidade de farmácias na cidade facilita o acesso aos serviços, por outro, gera um questionamento sobre a saturação do mercado e o impacto dessa concorrência para os pequenos negócios locais, especialmente considerando o poderio exercido pelas grandes redes, que negociam em grandes quantidades com os laboratórios.
É inegável que essas mesmas redes modernizaram a oferta do serviço farmacêutico, com estacionamentos próprios, de fácil acesso. Há também uma modernidade na disposição dos produtos (visual merchandising), abundância de medicamento e marcas, ambientes climatizados e ofertas de programas à comunidade, como ginástica para a terceira idade.
Ao procurar entre um estabelecimento e outro, o consumidor percebe uma diferença de preços, que pode chegar a 30% ou mais, dependendo do remédio. A dona de casa Ana Maria Belanze, 52 anos, endossa essa informação. “Eu tenho minha farmácia preferida. O preço é melhor que nas outras. Tem fila. Às vezes fico esperando bastante. Mas vale à pena por causa da economia”, disse.