Jaqueline Mocellin Publisher do OBemdito

Acadêmicos de Medicina realizam pesquisa sobre medicamento para prevenir o HIV

O medicamento está disponível através do SUS em Umuarama

Foto ilustrativa: Ascom/Instituto Santos Dumont
Acadêmicos de Medicina realizam pesquisa sobre medicamento para prevenir o HIV
Jaqueline Mocellin - OBemdito
Publicado em 8 de novembro de 2024 às 18h07 - Modificado em 19 de maio de 2025 às 22h01

Um grupo de acadêmicos do curso de Medicina da Unipar Umuarama realizou uma pesquisa junto à população para identificar quem tinha conhecimento a respeito de medicamento que previnem o contágio por HIV. O planejamento da atividade iniciou no segundo semestre deste ano e a execução ocorreu nos meses de setembro e outubro.

Em virtude da importância do assunto e do desconhecimento de parte do público que participou da pesquisa, os alunos procuraram OBemdito para divulgar os resultados. Além disso, divulgar para a população que existe a medicação na rede pública, através do SUS (Sistema Único de Saúde), inclusive em Umuarama.

O grupo é formado pelos estudantes: Antonella Peruso, Nathalya Zuin Lopes, Emilly Picanço Magalhães, Maria Clara Oliveira Balan, Júlia Vitória Schuller Cattaneo, Pietra Antonella Berti, Carol Christófole de Souza e Marlon Richter Bertoglio. Eles cursam o 2º ano de Medicina, fizeram o trabalho no Programa de Atividade Curricular e Extensão (Pacex) e contaram com orientação do médico Raphael Hartmann, que é especialista em Infectologia.

O foco foi a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP), que pode ser feita através de um medicamento utilizado na prevenção do contágio com o vírus. Ao todo, 228 pessoas participaram respondendo um formulário, que foi enviado de forma online. O público teve o anonimato assegurado e a pesquisa contou com moradores de Umuarama e também de cidades da região. A acadêmica Antonella explicou que o formulário foi postado nas redes sociais e enviados via e-mail para alunos e professores da Unipar.

Segundo o Dr. Raphael Hartmann, o tema sobre o uso da medicação na estratégia de prevenção do HIV tem importância estratégica para diminuir a transmissão do vírus, sendo mais uma forma de garantir a saúde da população. As medicações podem ser adquiridas após avaliação do especialista, preenchimento de protocolo e exames, tudo gratuitamente pelo SUS.

O medicamento está disponível na rede pública de farmácias em Umuarama, através do SUS. No entanto, é preciso fazer o teste para garantir que a pessoa não esteja positivada. O teste está disponível na rede privada (farmácias) e na pública, inclusive no ambulatório municipal de infectologia, localizado na Rua Perobal, 4488, fundos do Centro de Especialidades Médicas (CEM). O telefone para contato é (44) 3906-1033.

O que é a PrEP

A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição ao HIV) consiste no uso de medicamentos antes da relação sexual de forma programada para evitar uma infecção pelo vírus. De acordo com a pesquisa dos estudantes, a técnica foi inicialmente aprovada no Brasil para o uso diário e contínuo do medicamento, porém desde 2022 também é possível tomá-la na modalidade ‘sob demanda’. Caso haja uma exposição (situação de risco), o medicamento não permite que o HIV se instale no organismo.

Foto Prefeitura De Mucuri Divulgação
Foto ilustrativa: Prefeitura de Mucuri/Divulgação

Como funciona?

A PrEP é a combinação de dois medicamentos (tenofovir + entricitabina) que bloqueiam alguns “caminhos” que o HIV usa para infectar o organismo. Existem duas modalidades de PrEP indicadas: a PrEP diária e a PrEP sob demanda.

A PrEP diária consiste na ingestão dos comprimidos de forma contínua, todos os dias, e é indicada para qualquer pessoa em situação de vulnerabilidade ao HIV. Já a PrEP sob demanda é a ingestão da medicação somente quando a pessoa tiver uma possível exposição de risco ao HIV. Neste caso, a pessoa ingere 2 comprimidos de 2 a 24 horas antes da relação sexual, mais 1 comprimido 24 horas após a dose inicial e mais 1 comprimido 24 horas após a segunda dose. A PrEP sob demanda é indicada para pessoas que tenham, habitualmente, relações sexuais com frequência menor do que duas vezes por semana e que consigam planejar quando a relação sexual irá ocorrer.

Quais são as outras formas de prevenção?

O preservativo, ou camisinha, é o método mais conhecido, acessível e eficaz para se prevenir da infecção pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), como a sífilis, a gonorreia e também alguns tipos de hepatites, entre outras. Além disso, ele evita uma gravidez não planejada.

Já a PEP (profilaxia pós exposição) é uma medida de prevenção de urgência à infecção pelo HIV, hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST), que consiste no uso de medicamentos para reduzir o risco de adquirir essas infecções. Deve ser utilizada após qualquer situação em que exista risco de contágio, tais como: violência sexual; relação sexual desprotegida (sem o uso de camisinha ou com rompimento da camisinha); e acidente ocupacional (com instrumentos perfurocortantes ou contato direto com material biológico).

Conforme a pesquisa realizada pelos acadêmicos, a PrEP é utilizada por mais de 83 mil pessoas no Brasil, sendo que, nos primeiros dois meses de 2024, 11.857 iniciaram o uso, de acordo com dados da Agência Diadorim. Desde 2018, o medicamento é fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com acompanhamento médico.

O total de usuários anuais da PrEP cresceu de 8.215 para 119.333 em anos recentes. Entretanto, a taxa de descontinuidade no uso do medicamento foi de aproximadamente 30%, refletindo desafios como adesão e continuidade de tratamento.

Sempre que se possui uma vida sexual ativa, é de interesse realizar periodicamente testes para detecção de infecções sexualmente transmissíveis, e no caso da PrEP é da mais suma importância, pois o medicamento só garante a proteção caso o indivíduo não apresente a infecção pelo vírus do HIV.

Atualmente, os resultados ficam disponíveis em no máximo 30 minutos, e podem ser realizados gratuitamente, sem ser necessário encaminhamento médico prévio, em qualquer UBS, UPA, ou centros de testagem, e para realização do teste é coletada somente uma gota de sangue.

Porém, é necessário esclarecer que o vírus leva um tempo para poder ser detectado nos testes, e caso seja feito durante esse período o resultado será um falso negativo, sendo o ideal esperar pelo menos 30 dias após a exposição para se ter um resultado mais seguro.

Dessa forma, os testes são uma etapa fundamental no processo de utilização da PrEP, pois garantem que o indivíduo esteja negativado para o HIV antes de iniciar o tratamento. Além disso, é essencial consultar um infectologista, que pode esclarecer dúvidas e abordar temas cruciais para a saúde sexual.

Durante a consulta, um dos principais tópicos é a importância da adesão ao tratamento. A eficácia da PrEP depende da regularidade com que o medicamento é tomado, e o profissional pode oferecer orientações personalizadas que ajudam a manter essa adesão. Outro aspecto importante a ser discutido é a prática de sexo seguro. O infectologista pode fornecer informações sobre como prevenir outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e reforçar o uso de preservativos como parte de uma estratégia abrangente de proteção.

A infectologia é a área da medicina dedicada ao estudo das doenças infecciosas que afetam tanto adultos quanto crianças. Essas infecções podem ser causadas por bactérias, vírus, parasitas ou fungos, que se multiplicam e causam danos ao organismo. O médico infectologista é responsável por prevenir, diagnosticar e tratar infecções, como o HIV. Para obter a PrEP, uma consulta com um infectologista é fundamental, pois ele fornece orientações essenciais, realiza o teste rápido e acompanha a saúde do paciente, garantindo o uso seguro e eficaz da medicação.

Confira abaixo as respostas do formulário feito pelos estudantes:

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