
Rapper grava clipe em homenagem a menino de Umuarama que está em tratamento contra câncer
João Guilherme, diagnosticado com um tumor maligno no sistema nervoso, está em tratamento paliativo desde abril deste ano


Sensibilizado pela história de uma amiga de adolescência, o rapper umuaramense Jaziel Borges Simões, de 36 anos, conhecido como Iel Rap Paranaense, transformou a trajetória de luta do pequeno João Guilherme de Morais Viana, de 6 anos, em uma música e um videoclipe. A obra, intitulada “Anjo Sem Asas”, foi lançada em outubro e acumula milhares de visualizações nas plataformas de streaming.
João Guilherme, diagnosticado com um tumor maligno no sistema nervoso, está em tratamento paliativo desde abril deste ano. A doença foi descoberta há três anos e, segundo os médicos, pode levar à morte a qualquer momento devido à agressividade do tumor.
Iel conversou com OBemdito e contou que a mãe de João, Selma de Morais, pediu diversas vezes que ele fizesse uma música para o filho. No início, ele resistiu à ideia. “Chorei muito a última vez que conversamos. Tenho uma filha pequena e me coloquei no lugar dela. Mas decidi fazer a música em homenagem ao João”, disse o rapper, que raspou a cabeça durante as gravações.
A produção do videoclipe foi realizada em Umuarama, próximo ao bairro Dom Pedro I, e contou com a produção de Dylon No Beat, em Maringá. Para Selma, o resultado foi emocionante. “Foi lindo. Quando vi o clipe pronto, não consegui conter as lágrimas. O João Guilherme ama a música; ele canta e diz que é a música dele”, afirmou.
Doença descoberta no dia do aniversário
Os primeiros sinais da doença surgiram em 2021, quando João apresentava vômitos e fraqueza, além de ter parado de se alimentar. Segundo Selma, que morava em Londrina na época, o filho foi levado diversas vezes ao Pronto Atendimento, mas os médicos atribuíram os sintomas a uma virose.
“O olhinho dele começou a virar e ficou estrábico. No dia 14 de outubro, levei-o ao pediatra. No dia seguinte, quando ele faria 3 anos, a médica pediu uma tomografia. A data que seria de celebração virou um dia de lágrimas”, relatou Selma a OBemdito.
Naquela noite, os médicos pediram que ela se despedisse do filho. “Eles disseram que ele não passaria daquela noite. Perdi o chão, mas entreguei tudo nas mãos de Deus”, revela Selma, que atualmente frequenta a igreja evangélica.
Conforme ela, daquele momento em diante, a história do filho mudou. “O João foi forte e Deus mudou aquele quadro de morte. Ele foi melhorando com medicação. O tumor era muito grande, não havia o que fazer. O médico disse que uma cirurgia seria muito arriscada. Mesmo assim, decidi fazer. Coloquei fé e deixei nas mãos de Deus”, afirma.
João passou por duas cirurgias de 10 horas cada e os médicos retiraram 90% do tumor. Após os procedimentos, iniciou quimioterapia e radioterapia no Hospital do Câncer de Londrina. Ao todo, foram 3 anos de quimioterapia e 33 sessões de radioterapia.

“Vivemos cada dia como se fosse o último”
Apesar do esforço, o tumor persistiu. Os médicos decidiram interromper o tratamento para evitar prolongar o sofrimento da criança. “Ele entrou nos cuidados paliativos em abril deste ano. Hoje está ótimo, vivendo todos os dias como se fossem o último. Sou grata a Deus por cada batida do seu coração, e todos os dias durmo agradecendo e pedindo a Deus mais um dia”, diz emocionada.

Mudança para Umuarama
Selma, que é mãe de outros dois filhos de 17 e 18 anos, tem 43 anos e mudou-se para Umuarama em abril deste ano para ficar mais próxima do hospital Uopeccan, em Cascavel, onde João é acompanhado. Mãe solteira, ela vive de aluguel com o auxílio do Benefício de Prestação Continuada (BPC), no valor de R$ 1.400, além da ajuda de amigos.
Por não poder trabalhar, Selma se dedica integralmente aos cuidados do filho. Os outros dois filhos vivem com a avó paterna, que também mora em Umuarama. “O que tem me sustentado é a fé em Deus e o amor pelo meu filho. Agradeço todos os dias por ele estar comigo e sempre peço a Deus mais uma oportunidade. Para Deus, nada é impossível”, afirmou.


