
Pastor Tião: Uma vida de evangelismo e perseverança nas ruas de Umuarama
Com sua bicicleta vermelha e uma caixa de som, Sebastião Filiciano da Silva prega em praças e feiras, impactando vidas desde os anos 1990


O Dia Nacional do Evangélico é celebrado no Brasil no dia 30 de novembro, ou seja, neste sábado. A data serve para homenagear aqueles que dedicam suas vidas a pregar a fé cristã.
Em Umuarama um nome se destaca: Sebastião Filiciano da Silva, carinhosamente conhecido como Pastor Tião, de 64 anos. Com sua icônica bicicleta cargueira vermelha, um microfone e uma caixa de som, ele percorre praças, feiras e avenidas para compartilhar mensagens de esperança e amor.
Natural de São João Nepomuceno, Minas Gerais, Pastor Tião mudou-se para o Paraná ainda criança acompanhando a família que se estabeleceu em Bandeirantes. Em 1981 ele decidiu ir morar na zona rural de Umuarama, onde trabalhou na roça e, posteriormente, como vendedor ambulante. Foi na cidade que ele conta que teve um encontro com Jesus durante um culto na Praça Miguel Rossafa, na década de 90. O ministrante naquele dia foi o deputado e pastor Hidekazu Takayama.
“Parecia que um elefante tinha saído de mim. Me senti leve como nunca antes”, relembra emocionado sobre o dia em que sentiu a presença de Deus e decidiu mudar sua vida. Desde então, ele seguiu o chamado para evangelizar nas ruas, inicialmente com um pequeno rádio a pilha e, mais tarde, com a ajuda de uma caixa de som adquirida com recursos próprios.

Uma jornada de fé e resiliência
Com nove anos de uso fiel, sua bicicleta e a caixa de som são ferramentas inseparáveis na missão diária de evangelizar. Pastor Tião visita pontos estratégicos como a feira do produtor aos domingos e áreas movimentadas da cidade, onde prega, canta louvores e distribui palavras de conforto.
No entanto, a jornada não foi isenta de desafios. Pastor Tião enfrentou dois processos por “perturbação do sossego” e chegou a sofrer agressões físicas durante suas pregações. “Levei pedrada, tijolada, até sangue do nariz saiu, mas perdoei na mesma hora. Deus nos ensina a amar mesmo aqueles que nos ferem”, conta ele com serenidade.

Evangelismo nas ruas
Pastor Tião acredita que o trabalho de evangelismo nas ruas é uma missão divina. “Deus falou comigo: vai para as ruas, leve a Palavra, ore pelas pessoas”. E assim, durante anos, ele visitou lojas, anotava nomes de funcionários e levava à igreja para intercessão. Hoje ele continua levando sua mensagem de fé, mesmo diante de dificuldades.
O pastor explicou que vive com cerca de R$ 600 que recebe do Bolsa Família, além de pequenos valores ganha de voluntários. Ele mora em uma pequena casa na Rua Curitiba, próximo ao Detran.
Questionado sobre o que o motiva a continuar evangelizando, Pastor Tião respondeu com convicção: “É por causa do encontro que eu tive com Deus. Não tem como parar. Disse certa vez para uma mulher que não existe ninguém que possa parar meu trabalho. Só Deus pode parar. Enquanto Ele permitir que eu esteja aqui na Terra, estarei na rua fazendo o que Ele me chamou para fazer”.
Pastor Tião também enfatizou a importância de sua comunhão com Deus por meio da oração e da leitura da Bíblia. “Jesus é tudo para mim. Ele morreu para salvar a todos, mas nem todos dão ouvidos à Palavra. Muitos não creem, não seguem e não obedecem. Mas Jesus transforma. Ele quer mudar a vida de todos, assim como transformou a água em vinho”.

Impacto na comunidade
Ao longo dos anos, Pastor Tião testemunhou muitos relatos de pessoas impactadas por sua pregação. “Algumas vêm até mim dizendo: ‘Eu estava passando por dificuldades, pedi oração e minha vida foi transformada. Minha família mudou’. Mas eu sempre digo: eu não faço nada. Quem faz é Jesus, é o Espírito Santo”.
Uma dessas pessoas foi Leonice da Silva, uma moradora de Umuarama que não conhecia Pastor Tião, mas que foi impactada pelas palavras de evangelismo dele.
“Lembro de um dia em que estava passando por muita dificuldade, principalmente emocional. Fui na Caixa Econômica sacar um dinheiro. Enquanto estava na fila aguardando o atendimento, vi ele parado na frente com sua bicicleta e caixa de som. Ele falou algumas palavras como se soubesse o que eu estava passando. Entrei no banco chorando. Depois de sacar o dinheiro fui embora, mas já não sentia mais aquele aperto no coração. Era como se aquela angustia tivesse ido embora”, lembra emocionada a mulher.



(Reportagem: Daniel Oliveira)