
Após 50 anos sem casos registrados no Brasil, ameba comedora de cérebro mata bebê
A infecção ocorre quando a ameba entra pelo nariz, normalmente durante mergulhos. Suspeita-se que o bebê tenha sido infectado durante o banho.


Um bebê de 1 ano e 3 meses faleceu vítima de uma infecção causada pela ameba Naegleria fowleri, conhecida por provocar a doença rara e geralmente fatal chamada meningoencefalite amebiana. A confirmação do caso foi feita pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria Estadual da Saúde do Ceará, de onde era a criança.
Este é o primeiro caso registrado no Brasil em quase 50 anos, desde o último ocorrido em 1975, em São Paulo. A infecção foi identificada após a realização de uma necrópsia com autorização da família da criança, e envolveu diversos órgãos, incluindo a Secretaria de Vigilância em Saúde, o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) e o Instituto Adolfo Lutz.
O bebê deu entrada inicialmente em uma UPA de Caucaia no dia 12 de setembro, com um diagnóstico de infecção viral comum. Contudo, a rápida piora do quadro e o surgimento de sintomas neurológicos severos levaram os médicos a suspeitar da meningoencefalite amebiana.
Transmissão da Naegleria fowleri
A Naegleria fowleri, ameba responsável pela infecção, é geralmente encontrada em águas doces aquecidas, como lagoas e rios. A infecção ocorre quando a ameba entra pelo nariz, normalmente durante mergulhos. Suspeita-se que o bebê tenha sido infectado durante o banho.
As autoridades de saúde locais, após reuniões com líderes comunitários, implementaram medidas preventivas, incluindo melhorias no abastecimento de água e na filtragem e cloração, além de promoverem orientações de higiene à população.
Características da Naegleria fowleri
A Naegleria fowleri não é transmitida pelo consumo de água contaminada ou pelo contato direto com pessoas infectadas. A infecção através do nariz leva a ameba ao cérebro, onde causa inflamação grave e destruição do tecido cerebral. A doença é extremamente letal, com uma taxa de mortalidade de 97%.
Autoridades de saúde consideram o caso como isolado e acreditam que as medidas tomadas reduzirão o risco de novas infecções. Antonio Lima, secretário executivo do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Ceará, afirmou que “parece ser um caso isolado, provavelmente favorecido por condições específicas de aquecimento da água”.