
“Quero justiça”, diz irmão de pizzaiolo que morreu na PR-323 em Umuarama
"Isso não trará meu irmão de volta, mas quem errou precisa pagar, seja menor ou não", disse Deivid Edson de Paula, irmão mais velho de Abner, que perdeu a vida em um grave acidente ocorrido na noite desta terça-feira


OBemdito recebeu na tarde desta quinta-feira (19) Deivid Edson de Paula, de 35 anos, irmão mais velho de Abner Daniel, de 33 anos, que perdeu a vida em um grave acidente ocorrido na noite de terça-feira (17), na PR-323, próximo à Loja Havan, em Umuarama.
Abner, pizzaiolo no Senhor Pizza, pilotava uma Honda CG Titan pela rodovia quando, por volta das 22h, foi atingido por um VW Jetta em frente ao Multi Atacado. O impacto foi tão violento que retorceu a motocicleta e lançou Abner vários metros à frente. O motociclista morreu no local.
Deivid relembrou a trajetória difícil da família. Eles viviam no Rio Grande do Sul até 2002, quando perderam a mãe de forma trágica. Na época, ele tinha 13 anos, Abner 11, e o irmão mais novo apenas 1 ano e 2 meses. “Minha mãe foi vítima de feminicídio. Nosso padrasto, alcoólatra, a matou”, contou Deivid.
Após o crime, os tios trouxeram os três irmãos para Umuarama, onde foram criados. “Nossa história não é bonita, mas é de superação. Poderia ter dado tudo errado, mas não deu. Meu irmão sempre foi trabalhador. Ele e nosso irmão mais novo trabalhavam juntos. Abner era batalhador, tinha muitos amigos e cuidava do cachorro dele”, lembrou.
Abner cresceu no bairro Dom Bosco e mas atualmente morava no bairro San Remo. Na noite do acidente, ele não estava trabalhando. “Ele estava testando a moto, pois havia colocado óleo nela. Planejava voltar para casa depois disso”, explicou o irmão.
Deivid revelou que a troca da folga de Abner aconteceu para atender à demanda da pizzaria. “Ele folgaria na segunda, mas como precisaram dele, trocaram para terça. Eu vim cobrir ele e nosso outro irmão. Estava no trabalho quando recebi a notícia”, relatou.
O pizzaiolo vivia um bom momento pessoal e profissional. “Ele estava feliz com a vida, ganhando bem e fazendo planos, como trocar a moto e melhorar as coisas”, afirmou Deivid. “Era uma pessoa tranquila, do bem. Não dava trabalho para ninguém. A perda é imensa. Quando vi meu irmão naquela situação, fiquei sem reação”.
A família não recebeu informações da polícia no dia do acidente. “Soube pelos veículos de comunicação. Não tivemos tempo de ler todas as notícias, estávamos resolvendo os trâmites. Amigos começaram a nos avisar que poderia ser ele. Fomos até o local e confirmamos”, explicou.

Deivid ficou sabendo no local do acidente que o motorista que atingiu Abner fugiu. “Inicialmente achávamos que era o dono do carro, mas ele disse que não estava dirigindo e que desativou as redes sociais por causa de ameaças. Quero deixar claro que nenhuma ameaça partiu de nós”, afirmou.
Deivid busca respostas e pretende acionar a Justiça. “A única coisa que sei é que foi imprudência dirigir em alta velocidade. Ainda precisamos entender como um menor pegou esse carro sem ser notado”, questionou.
Ele também relatou que o impacto destruiu a moto e forçou o velório a ser realizado com o caixão fechado. “O traumatismo craniano foi severo. Meu irmão seguia as regras, e ainda assim isso aconteceu”
A Polícia Civil informou que, na quarta-feira (18), foram ouvidos o proprietário do VW Jetta, de 26 anos, e o suposto condutor, um menor de idade. Ambos foram liberados após prestar depoimento. O delegado Gabriel Menezes afirmou que as declarações não podem ser divulgadas para não comprometer as investigações. Ele garantiu que outras pessoas serão ouvidas e que imagens de câmeras de monitoramento ajudarão a responsabilizar os envolvidos.
Deivid finalizou com um apelo por justiça. “A única coisa que quero é justiça. Isso não trará meu irmão de volta, mas quem errou precisa pagar, seja menor ou não. Não podemos permitir que esse tipo de situação fique impune. A pessoa que fez isso precisa ser punida para que outros não cometam o mesmo erro.”