
Acampamento indígena no terminal urbano de Umuarama gera desconforto na população
A situação tem sido alvo de críticas, uma vez que o ambiente tem ficado cada vez mais insustentável para quem utiliza o local


Desde começo do mês de dezembro de 2024 um grupo de indígenas, composto principalmente por crianças e jovens, está acampado ao lado da rampa de acesso ao terminal urbano, na Praça da Bíblia, em Umuarama. Além das crianças e jovens, o grupo também conta com homens e mulheres de diversas idades.
O acampamento improvisado, formado por lâminas de compensado, caixas de papelão, colchões e lonas, além de chamar a atenção de quem passa pelo local, tem gerado incômodos aos usuários do terminal urbano, comerciantes, trabalhadores e frequentadores da região. Muitos reclamam do lixo espalhado pela área, das necessidades fisiológicas feitas ao redor e do assédio relacionado a pedidos de esmola.
Em visita ao local, OBemdito conversou com um comerciante que preferiu não se identificar. Ele relatou que os indígenas abordam as pessoas para pedir comida e esmolas. “Eles incomodam menos que os ‘nóias’ [usuários de drogas], mas a grande questão é que ocupam o local e como não há estrutura, acabam fazendo até suas necessidades em qualquer lugar. Até fraldas das crianças ficam jogadas por aqui”, afirmou.

Outro trabalhador, também não identificado, expressou grande preocupação, principalmente com as crianças. “Eles usam essa torneira que fica aqui na rua e dão banho nas crianças, que ficam completamente nuas. Até as adolescentes são submetidas a esse tratamento. Considero isso muito perigoso, pois, com os ‘nóias’ por aqui, a chance de um deles sofrer uma violência sexual é muito grande. Estamos aqui há muitos anos e cada ano a situação piora”, relatou.

“Já vi alguns deles pedindo esmolas lá naquele semáforo na saída para Xambrê. É longe e pelo que vi, a criança estava sozinha. Naquele sol quente, desacompanhada. Isso é uma vergonha”, expressou outro trabalhador.
O município acompanha a situação por meio do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) mas, segundo o órgão não há muito o que fazer. Até 2023 os indígenas precisavam de autorização do cacique da aldeia para montar acampamento no local, como parte de um acordo com a Prefeitura. Essa medida foi revogada por um procurador da Justiça Federal.

“O Centro Pop acompanha os grupos que chegam, faz abordagens e oferece os mesmos serviços destinados aos moradores de rua. Além de fornecer kits de higiene, também oferecemos café da manhã e da tarde, banho, documentação e encaminhamentos na área de saúde”, explicou a entidade.

Os acampamentos de indígenas em Umuarama não são uma novidade, sendo uma questão tratada diversas vezes entre o município, o Ministério Público Estadual e Federal, a Defensoria Pública da União e do Estado, além de entidades ligadas ao bem-estar social.

Apesar da grave situação de degradação humana e social, os indígenas não podem ser retirados do local. Por serem povos originários, eles são regidos por uma legislação específica, que é administrada pela Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).
OBemdito tentou contatar a Assistência Social da Prefeitura de Umuarama para esclarecer a origem dos indígenas, mas a responsável não estava disponível para um pronunciamento. O espaço segue aberto para a secretaria.
