
Como dormem os animais? Entenda as curiosidades e peculiaridades
O sono é vital para a maioria dos seres vivos, mas varia entre as espécies. Confira como os animais dormem.


O sono é um comportamento essencial para a sobrevivência da maioria dos seres vivos. No entanto, sua manifestação varia consideravelmente entre as espécies, sendo influenciada por fatores biológicos, ecológicos e comportamentais. Enquanto os seres humanos seguem um padrão de sono consolidado, outros animais apresentam características fascinantes e únicas para garantir descanso e segurança.
O sono humano e seus padrões
Os humanos geralmente seguem o chamado sono monofásico, caracterizado por uma única fase longa de descanso ao longo de, em média, 8 horas. Durante esse período o corpo alterna entre os ciclos de sono REM (movimento rápido dos olhos) e não-REM, fundamentais para a regeneração física e a consolidação da memória.
No entanto, mesmo entre os humanos existem variações individuais influenciadas por fatores como idade, genética e hábitos de vida. Enquanto bebês podem dormir até 16 horas por dia, adultos precisam de cerca de 7 a 9 horas para manter a saúde e o bem-estar.

Diferenças entre os animais
Nos animais, o sono apresenta variações surpreendentes. Algumas espécies precisam de longos períodos de descanso, como nós seres humanos que precisamos de períodos prolongados de sono inconsciente e não estamos cientes do que nos cerca enquanto dormimos, enquanto outras conseguem sobreviver com breves momentos de sono distribuídos ao longo do dia.
Mamíferos marinhos: o sono em hemisférios separados
Golfinhos e baleias são exemplos notáveis de animais com adaptação ao ambiente aquático. Para evitar o afogamento, esses animais possuem um padrão de sono conhecido como sono uni-hemisférico. Nesse mecanismo, apenas metade do cérebro descansa enquanto a outra metade permanece ativa. Isso permite que continuem nadando, subam à superfície para respirar e fiquem alertas a possíveis predadores.
Além disso, enquanto um hemisfério do cérebro repousa, o olho oposto permanece aberto, permitindo a vigilância contínua do ambiente. Esse padrão impressiona não apenas pela eficiência, mas também pela sua complexidade biológica.
Segundo a Whale and Dolphin Conservation, outra curiosidade sobre os golfinhos é que eles, normalmente, descansam imóveis na superfície da água, respirando regularmente ou nadam constante e lentamente, perto da superfície. Às vezes, eles também dormem no fundo do mar, subindo periodicamente à superfície para respirar.

Pássaros: sono em voo e descanso parcial
Algumas espécies de aves também apresentam sono uni-hemisférico. Esse comportamento é especialmente útil durante migrações de longa distância, quando esses animais precisam voar por vários dias sem interrupções. Pesquisas revelaram que andorinhas-do-mar, por exemplo, conseguem dormir brevemente em pleno voo, alternando os hemisférios cerebrais para manter a navegação e evitar colisões.
Outras aves, como os patos, exibem uma estratégia interessante chamada “sono em grupo”. Os indivíduos que estão no lado externo de um grupo dormem com um olho aberto, permanecendo atentos a possíveis ameaças, enquanto os que estão no centro conseguem descansar mais profundamente e por por isso eles revezam as posições dentro do agrupamento.

Animais terrestres: adaptações curiosas
Entre os mamíferos terrestres, as variações no sono estão frequentemente relacionadas ao tamanho corporal e ao risco de predação. Grandes herbívoros, como elefantes e girafas, dormem muito pouco, geralmente menos de quatro horas por dia. Isso ocorre porque precisam estar constantemente atentos a predadores e dedicar longos períodos à alimentação.
Por outro lado, predadores de topo, como leões e tigres, desfrutam de longos períodos de sono profundo, chegando a descansar até 20 horas por dia. Essa diferença é atribuída ao fato de não enfrentarem tantas ameaças e poderem dedicar mais tempo à recuperação física após a caça.

Animais aquáticos: descanso sem repouso completo
Os peixes diferentemente de mamíferos e aves, não possuem pálpebras e por isso, não fecham os olhos durante o sono. Ainda assim, muitos peixes entram em um estado de repouso no qual reduzem seus movimentos e diminuem o metabolismo. Alguns tubarões, por exemplo, continuam nadando lentamente para garantir a oxigenação das brânquias mesmo enquanto descansam.
Porém, embora seja verdade que muitos tubarões precisam se manter em movimento constante para garantir o fluxo de água necessário à oxigenação das suas guelras, nem todos esse animais dependem dessa estratégia.
Espécies conhecidas como “ventiladores obrigatórios”, como por exemplo os tubarões-brancos, puxam a água pela boca e a forçam para fora pelas guelras, processo essencial para sua sobrevivência. Este método é conhecido como bombeamento bucal, no qual os músculos da bochecha auxiliam no movimento da água, permitindo que o oxigênio seja filtrado pelas guelras.

No entanto, outros tubarões conseguem permanecer parados graças a uma adaptação especial: os espiráculos. Essas estruturas permitem que a água seja forçada através das guelras, sem a necessidade de movimentação constante.
Alguns tubarões inclusive, utilizam tanto os espiráculos quanto o bombeamento bucal. Se uma dessas espécies for impedida de nadar, como ao ser capturada em uma rede, ela não conseguiria mais realizar o processo de respiração e acabaria sufocando.
Além disso, alguns crustáceos e moluscos, como polvos e camarões, demonstram padrões de sono semelhantes ao dos mamíferos, com mudanças fisiológicas e comportamentais durante o repouso. Em polvos, estudos indicam que podem até sonhar, com mudanças de cor e contrações musculares ocorrendo durante o sono profundo.

O sono em ambientes extremos
Espécies que habitam ambientes extremos, como desertos ou regiões polares, desenvolveram adaptações únicas para o sono. No Ártico, por exemplo, ursos polares dormem de sete a oito horas diárias, em tocas rasas na neve, com o corpo protegido do vento e cobertos por neve que ajuda no calor e isolamento.

Já em desertos, espécies como os ratos-canguru vivem em tocas subterrâneas escavadas por eles, geralmente na base de arbustos, onde dormem durante o dia e saem à noite para se alimentar.
Por que os padrões de sono variam tanto?
As diferenças nos padrões de sono entre as espécies estão diretamente relacionadas às suas necessidades biológicas e ecológicas. Enquanto o sono REM é importante para a consolidação da memória em humanos e outros mamíferos, espécies menos complexas podem não depender tanto dessa fase.
Fatores como a segurança no ambiente, a necessidade de vigilância e os hábitos alimentares também influenciam. Animais que vivem em locais seguros ou em grupos grandes geralmente desfrutam de sono mais prolongado, enquanto aqueles que enfrentam ameaças constantes precisam equilibrar descanso e vigilância.
Impactos do sono na saúde animal
Assim como nos humanos, a privação de sono pode causar impactos negativos nos animais. Estudos mostram que ratos privados de sono por longos períodos desenvolvem alterações metabólicas, imunológicas e comportamentais, levando até à morte em casos extremos.
Além disso, animais em cativeiro muitas vezes apresentam padrões de sono alterados devido ao estresse e à falta de estímulos naturais. Isso destaca a importância de fornecer condições adequadas para promover o bem-estar dos animais em zoológicos e outros ambientes controlados.
O sono dos animais é um campo de estudo que revela a incrível diversidade da vida na Terra. Com adaptações impressionantes para atender às suas necessidades, as espécies desenvolveram estratégias únicas para descansar, se proteger e garantir a sobrevivência.
Enquanto nós humanos desfrutamos de noites tranquilas em ambientes controlados, outras criaturas encontram maneiras engenhosas de equilibrar repouso e vigilância. Compreender esses padrões não apenas amplia nossa visão sobre o mundo natural, mas também reforça a ligação entre os humanos e outros seres vivos e o ambiente que compartilhamos.