
Marina Colasanti, um dos grandes nomes da literatura brasileira, morre aos 87 anos
O velório de Marina Colasanti será nesta quarta-feira (29), no salão nobre da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro


A escritora Marina Colasanti faleceu nesta terça-feira (28), aos 87 anos, no Rio de Janeiro. Embora a causa da morte não tenha sido divulgada, Marina já apresentava um quadro de saúde debilitado. O velório da autora ocorrerá na manhã de quarta-feira (29), no salão nobre da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, localizado na Zona Sul da cidade. A cerimônia será restrita a familiares e amigos próximos. Casada com o poeta Affonso Romano de Sant’Anna, Marina deixa duas filhas.
Autora de mais de 70 obras voltadas tanto para o público adulto quanto para o infantojuvenil, Marina Colasanti colecionou importantes reconhecimentos ao longo de sua trajetória. Entre eles, o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, bem como nove estatuetas do Prêmio Jabuti, sendo homenageada como personalidade literária na última edição do prêmio, em 2024.
A estreia literária de Marina Colasanti ocorreu em 1968, com o livro Eu Sozinha. Em 2017, ela publicou sua última obra, intitulada Tudo Tem Princípio e Fim, encerrando uma jornada que atravessou décadas e deixou um impacto marcante na cultura nacional.
Reconhecimento cultural e impacto artístico
Marco Lucchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, exaltou a diversidade e a profundidade das contribuições de Marina Colasanti:
“Ela foi mestra em todos os campos: no diálogo com a gravura, a pintura, a poesia, o romance, a literatura infantil e as artes plásticas. O Brasil e a Itália perdem um de seus maiores nomes. E eu perco, certamente, uma grande amiga. Devo a Marina muitos passos que tomei, inspirações e partilhas culturais, poéticas.”
A Câmara Brasileira do Livro também se manifestou, destacando a importância de Marina Colasanti para a literatura brasileira. Além disso, em nota oficial, expressou pesar e solidariedade aos familiares, amigos e leitores, ressaltando que sua vida e obra são um “presente eterno para a cultura brasileira e mundial”.
Trajetória pessoal e influências de Marina Colasanti
Marina Colasanti nasceu em 1937, em Asmara, então capital da Eritreia. Durante a infância, viveu na Líbia e na Itália, até emigrar para o Brasil com a família na década de 1940. Seu vínculo com a arte foi cultivado desde cedo, tanto no ambiente familiar quanto em sua formação na Escola Nacional de Belas Artes.
Ao longo da carreira, Marina Colasanti trabalhou como jornalista no Jornal do Brasil e na Editora Abril, além de colaborar como cronista e colunista em diversos veículos de comunicação. Além disso, também atuou como apresentadora na extinta TVE e traduziu importantes obras italianas para o português.
Feminismo e protagonismo feminino
Declaradamente feminista, Marina Colasanti foi integrante do primeiro Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Suas obras frequentemente refletiam sobre a condição feminina na sociedade, bem como, apresentavam protagonistas mulheres, enfatizando a força e a complexidade do universo feminino.
Em uma entrevista ao programa Trilha de Letras, da TV Brasil, em 2019, Marina Colasanti compartilhou sua paixão pelos livros, que nasceu ainda na infância:
“Os livros foram o meu colete salva-vidas. Lemos muito, mesmo em situações adversas. Os livros eram nossa maior diversão, nossos brinquedos e nossa fonte mais rica de imaginação.”
O olhar poético de Marina Colasanti
Assim como ao ser questionada sobre seu estilo literário, Marina rejeitou rótulos, preferindo acima de tudo destacar sua pluralidade criativa:
“Eu sou prosa e verso na mesma medida. Isso atravessa o olhar. Você tem um olhar poético ou não tem. É a maneira de se aproximar do mundo. E eu acho que tenho os dois.”
Marina Colasanti deixa um legado inestimável para a literatura e a cultura brasileira, marcado por sua sensibilidade, versatilidade e profundidade artística.