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Gatos guardam rancor dos donos? Fomos atrás da resposta e ela não é tão simples assim

A memória de um bichano pode durar até 16 horas, enquanto a de um cachorro é de apenas 5 minutos em média

É rancor ou carência?
Gatos guardam rancor dos donos? Fomos atrás da resposta e ela não é tão simples assim
Leonardo Revesso - OBemdito
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 09h00 - Modificado em 12 de fevereiro de 2025 às 12h38

Para aqueles que são apaixonadamente devotos aos seus amigos felinos, compreender suas nuances comportamentais é um passo importante para um relacionamento mais harmônico. No entanto, apesar do fascínio que exercem, os gatos nem sempre são os companheiros mais dóceis, especialmente quando comparados aos cachorros. A pergunta que fazemos é: gatos guardam rancor dos donos?

A questão tem intrigado muitos amantes dos bichanos. Embora cachorros sejam conhecidos por sua lealdade ostensiva e comportamento previsível, gatos podem parecer, por vezes, distantes ou, até mesmo, rancorosos.

Isso levanta a indagação: será que os gatos realmente nutririam ressentimentos a longo prazo? Segundo estudos, a resposta é mais complexa do que se poderia imaginar. A médica veterinária Luciana Mendes é especialista em comportamento animal, ou seja, uma etóloga.

Ainda no comparativo entre cães e gatos, Luciana explica que a memória de um bichano pode durar até 16 horas, enquanto a de um cachorro é de apenas cinco minutos em média.

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Os cérebros dos gatos são capazes de associar experiências a contextos, como sons, cheiros e pessoas, reativando memórias de experiências negativas, o que pode influenciar suas reações a determinados estímulos.

Nesse sentido, situações como acariciar um gato de surpresa ou deixá-lo sozinho por longos períodos podem resultar em comportamentos defensivos ou até de aparente desdém.

Tentando compreender o comportamento dos gatos

“Apesar dessas reações, é importante lembrar que o comportamento dos gatos é de animais altamente sensíveis ao ambiente ao seu redor. Mudanças na rotina, novos perfumes ou mesmo a presença de estranhos podem desencadear respostas ansiosas nesses felinos”, diz a etóloga, que atualmente se dedica a um mestrado em Portugal.

Neste cenário, ela recomenda observação cuidadosa e a introdução de interações positivas para ajudar a aliviar o mau humor do seu bichano.

Oferecer brinquedos interativos, seu petisco favorito ou sessões de carinho são algumas das estratégias que podem suavemente restaurar a ligação entre gatos e tutores. Especialistas sugerem que a consistência e a paciência nesse processo são fundamentais para criar um ambiente seguro e de confiança.

Mitos e realidades

Muitas vezes, atribuímos comportamentos rancorosos a gatos personificando-os de maneira semelhante ao que se vê em populares personagens felinos da cultura pop.

Desde o manhoso Cheshire de “Alice no País das Maravilhas” até o, eternamente preguiçoso, Garfield, aprendemos a amar esses personagens bem-humorados e seus traços deliciosamente “maldosos”. No entanto, no mundo real, os gatos dificilmente atuam por maldade consciente.

Um estudo feito em 2015 testou a cognição social dos gatos, revelando que possuem habilidades de percepção social comparáveis aos cães.

Eles são capazes de reconhecer a expressão facial dos donos, distinguir vozes familiares e até mesmo trilhar olhares ou gestos indicativos de seus humanos. Na realidade, mais do que uma suposta maldade, esses comportamentos frequentemente são apenas pedidos de atenção.

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Respondendo às necessidades do seu quatro patas

A manifestação de comportamentos “problemáticos” normalmente não está enraizada no rancor. Ao invés disso, representam uma mensagem de que o gato precisa de algo para se sentir mais seguro e confortável. O estresse, por exemplo, é um fator preponderante que pode fazer com que seu felino se comporte de maneira aparentemente intencional.

Pense na última mudança em sua casa: um novo animal de estimação, uma decoração diferente, ou até mesmo o cheiro de outro animal na sua roupa podem ser causas de ansiedade para um gato. Assegure-se de que todos os aspectos da vida do seu bichano estão em ordem, da alimentação adequada ao ambiente ao seu redor.

“Pisar neles sem querer ou deixá-los sozinhos por longos períodos geram um sentimento de raiva nos gatos, a tal ponto de começarem a ignorar seus donos”, explica Luciana. Buscar informações confiáveis, segundo ela, é a melhor forma de responder se realmente os gatos guardam rancor dos donos.

A evolução ao longo da história

Pesquisadores afirmam que os gatos domésticos guardam características de seus ancestrais, os gatos selvagens, que eram criaturas muito solitárias.

Desde que passaram a conviver com humanos, há 9 mil anos, os gatos nunca foram completamente domesticados, ao contrário dos cachorros, ensinados a ser mais sociáveis, leais e obedientes. Os cães também vivem há mais tempo com a gente: 17 mil anos.

Quem chegou a essa conclusão é o pesquisador Wesley Warren, da Universidade Washington em St. Louis, nos Estados Unidos. Mas a descoberta não é uma unanimidade entre os estudiosos do assunto.

Segundo Warren, lá atrás, os humanos perceberam que os gatos eram úteis como caçadores de ratos que infestavam os primeiros assentamos agrícolas da humanidade. Por isso, passaram a oferecer pequenas recompensas aos felinos, como recipientes com leite.

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Consultar um especialista é sempre uma boa opção

Quaisquer que sejam as razões de se levar a entender que os gatos guardam rancor dos donos, saiba que eles não estão tentando enlouquecer você intencionalmente. Na verdade, estão apenas tentando se comunicar da melhor maneira que podem.

Entender o comportamento do seu companheiro amiguinho é uma jornada que requer tempo e dedicação. Com uma abordagem carinhosa e informada, você pode transformar a relação com seu gato, promovendo uma convivência satisfatória para ambos.

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