
‘Não aguento mais as ligações da Claro. Perdi a minha paz’, diz moradora de Umuarama
São chamadas frequentes para consumidores que nem são clientes e diversas ligações silenciosas. Procon recebe 5 reclamações por dia


Uma rotina de aborrecimentos e interrupções. É assim que a dona de casa Maria do Carmo Silva, de 48 anos, define as ligações insistentes da Claro no seu celular, mesmo sem ser cliente da empresa.
“Estou trabalhando e a Claro liga. Minha linha nem é Claro. Eu atendo e entra mensagem ou a ligação cai. É um desrespeito isso. Estão infernizando minha vida”, reclama Maria, que diz receber chamadas indesejadas em diferentes horários do dia.
A também dona de casa Val Rodrigues de Lima também apresenta indignação diante da persistência do telemarketing da operadora. “Eu não tenho paz. Me falaram que tem como bloquear, mas o ideal seria a empresa parar com isso. Passa uma imagem muito ruim pra gente. E eu ouço falar que a qualidade da Claro não é ruim”.
Casos como o das duas umuaramenses não são isolados. Nas redes sociais e em sites de reclamações, diversos consumidores relatam experiências semelhantes, com ligações insistentes da Claro e até chamadas silenciosas. Mas outras operadores também são alvo da chateação dos clientes.
Leia também: Como evitar ligações indesejadas das empresas de telemarketing
Lei proíbe telemarketing abusivo
O problema esbarra na legislação vigente. O Decreto nº 11.034/2022, que regula o telemarketing ativo, determina que empresas só podem ligar para consumidores que tenham dado consentimento prévio.
Além disso, existe o Não Me Perturbe, plataforma criada pela Anatel que permite aos usuários bloquearem chamadas de operadoras de telecomunicação e bancos.
Para o advogado João Ricardo Amaral, especialista em direito do consumidor, as ligações insistentes da Claro podem ser consideradas abusivas.
“O Código de Defesa do Consumidor protege os cidadãos contra práticas que causem incômodo excessivo. Se a empresa liga repetidamente sem autorização e perturba a paz do consumidor, ela pode ser denunciada aos órgãos de defesa do consumidor, como o Procon”, explica.
A Anatel orienta que consumidores incomodados, como no caso das ligações insistentes da Claro, registrem reclamações na própria agência e busquem seus direitos. Além disso, o Procon pode aplicar multas às empresas que descumprirem a lei.
Procon de Umuarama
A Secretaria Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor de Umuarama – Procon recebe, em média, cinco reclamações diárias sobre serviços de telemarketing, mas não possui um levantamento específico por operadora de telefonia.
A secretária da pasta, Aline Cunha, explica que, assim que recebe a solicitação, o Procon entra em contato com a empresa de telefonia. “Primeiro, ligamos diretamente para a empresa, depois enviamos uma notificação, e o fornecedor tem até 10 dias para responder. Se isso não acontecer, marcamos uma audiência de conciliação”, afirma.
No entanto, o Procon não abre processos judiciais contra os fornecedores, pois atua apenas na esfera administrativa. “Pedimos que o consumidor grave as chamadas e tire prints das ligações, já que esses documentos servem como prova no nosso processo administrativo”, conclui.
O telefone do Procon é o (44) 3621-5600.
O que diz a Claro?
Obemdito entrou em contato com a empresa Claro e ainda não obteve retorno até a publicação desta matéria. A pessoal do setor pediu os números de onde estão sendo originadas as chamadas para as reclamantes.
Enquanto isso, consumidores como Maria do Carmo e Val Lima seguem esperando que a legislação seja mais efetiva.