Stephanie Gertler Publisher do OBemdito

Comer salsicha faz mal para a saúde? Veja o que dizem os especialistas

Apesar da praticidade e versatilidade, o consumo de salsichas oferece riscos significativos à saúde, principalmente ao sistema digestivo

Foto: Ilustrativa/Freepik
Comer salsicha faz mal para a saúde? Veja o que dizem os especialistas
Stephanie Gertler - OBemdito
Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 17h24 - Modificado em 21 de fevereiro de 2025 às 12h08

O consumo de salsicha e outros embutidos frequentemente gera debates sobre saúde. Embora sejam opções práticas e versáteis, seu consumo excessivo pode representar sérios riscos, especialmente para o sistema digestivo. “Ah, mas comer de vez em quando não faz mal, certo?”. A resposta é: depende.

Desde 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda evitar ao máximo, ou até mesmo eliminar, o consumo de salsicha e carnes processadas. Essa orientação se baseia em um relatório da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), que identificou uma ligação direta entre esses alimentos e o aumento do risco de câncer.

As carnes processadas integram o grupo 1 de agentes carcinogênicos, que também inclui substâncias como tabaco, amianto e fumaça de óleo diesel. Isso significa que há evidências científicas suficientes para afirmar, portanto, que esses produtos contribuem para o desenvolvimento de câncer.

Além da salsicha, as carnes vermelhas também são um risco

Além dos embutidos como a salsicha, carnes vermelhas — como boi, porco, carneiro e bode — também apresentam risco elevado de câncer. Do mesmo modo, a Iarc classificou esses alimentos no grupo 2A, que indica um risco provável de carcinogenicidade. O glifosato, princípio ativo de diversos herbicidas, encontra-se na mesma categoria.

A classificação foi baseada na revisão de mais de 800 estudos científicos. “As evidências apontam que o consumo de carnes processadas aumenta especificamente o risco para o câncer colorretal”, explica Maria Eduarda Melo, nutricionista da Unidade Técnica de Alimentação, Nutrição e Câncer do Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Esse tipo de câncer se torna cada vez mais comum em áreas urbanizadas, onde a alimentação tradicional cede lugar a produtos industrializados, ricos em gorduras e conservantes.

Estilo de vida e câncer colorretal

O câncer de intestino está diretamente relacionado ao estilo de vida. Fatores como sedentarismo e obesidade aumentam o risco da doença. “O aumento dos casos de obesidade pode ser explicado, em parte, pela substituição do alimento de verdade por produtos ultraprocessados”, destaca Maria Eduarda.

As carnes processadas mais comuns são de origem bovina e suína, mas também há opções feitas com aves. Itens frequentemente considerados saudáveis, como peito de peru e blanquet, são igualmente prejudiciais à saúde. O problema central desses produtos não está na carne em si, mas nos aditivos químicos e no processo industrial ao qual são submetidos para melhorar o sabor e a aparência.

“Carnes que não seriam vendidas in natura passam por processos industriais, como salga, cura ou defumação. No processo de cura, são adicionados nitritos, substâncias bactericidas que prolongam a validade do produto. No organismo, esses nitritos reagem e formam nitrosaminas, compostos relacionados a danos celulares e ao câncer”, explica a nutricionista.

Recomendações nutricionais

Entretanto, desde 2007, o Fundo Mundial de Pesquisa em Câncer, organização sediada no Reino Unido, já apontava o aumento significativo do risco de câncer colorretal devido ao consumo de carnes processadas e vermelhas. Com base nesses dados, o INCA recomenda evitar completamente as carnes processadas e limitar a ingestão de carne vermelha a 400 gramas por semana.

Christopher Wild, diretor da Iarc, reforça que as descobertas dão suporte às recomendações sanitárias atuais. “É importante limitar o consumo de carne, mas sem alarmismo. A carne vermelha tem valor nutricional”, afirma o médico. Ele destaca que os resultados devem orientar governos e agências regulatórias a estabelecer diretrizes equilibradas sobre os riscos e benefícios do consumo de carne.

O relatório da Iarc também aponta que, embora a maioria das carnes processadas venha de boi e porco, esses produtos podem conter outras carnes, como frango e miúdos. A classificação menos severa da carne vermelha ocorre devido às evidências limitadas sobre sua relação com o câncer.

A conexão mais forte foi encontrada com o câncer de intestino, mas estudos também indicam possíveis ligações com tumores no pâncreas e na próstata.

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