Jaqueline Mocellin Publisher do OBemdito

Cocaína rosa: droga é identificada pela Polícia Científica do Paraná após apreensão

A equipe constatou que o entorpecente continha MDA e Metanfetamina

Fotos: Roberto Dziura Jr/AEN
Cocaína rosa: droga é identificada pela Polícia Científica do Paraná após apreensão
Jaqueline Mocellin - OBemdito
Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 16h59 - Modificado em 28 de fevereiro de 2025 às 17h35

A Polícia Científica do Paraná (PCP) identificou uma droga que normalmente não circula no Paraná, que é conhecida como cocaína rosa. A análise da substância aconteceu após a apreensão de 77 pinos de uma droga de cor rosa, o que levantou a suspeita dos policiais. A PCP levou menos de um mês para concluir o estudo sobre o material análogo à cocaína.

A apreensão da substância aconteceu em Cascavel, no Oeste do Estado, durante uma operação da Polícia Civil (PCPR) e despertou suspeita. A análise ficou a cargo da Seção de Química Forense da Polícia Científica. A equipe constatou que o entorpecente continha MDA e Metanfetamina. As duas substâncias são da classe das fenetilaminas. Elas fazem parte da composição da cocaína rosa, que pode levar ainda MDMA, Cetamina, 2C-B, entre outras substâncias.

Apesar de ter cocaína no nome, o entorpecente é 100% sintético e pode conter diversos elementos misturados, o que deixa seus efeitos muito mais perigosos. Esta foi a primeira grande apreensão da droga no Paraná. A operação da PCPR aconteceu no início de fevereiro e levou à prisão de quatro pessoas envolvidas em um homicídio. Seis mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

“Chegaram para análise alguns pinos contendo um pó de coloração rosa, onde foram identificadas duas substâncias químicas: o MDA e a Metanfetamina. Ambos são substâncias estimulantes do sistema nervoso central e são mais comumente encontrados nos comprimidos de ecstasy, mas vieram em mistura para a gente”, explicou a perita criminal da PCP, Isabella Ferreira Melo.

Cocaína rosa é pouco conhecida no Brasil

A cocaína rosa mais comum encontrada na Europa e na América Latina possui uma mistura da substância 2C. Elas têm efeito tanto estimulante como alucinógeno. A composição do entorpecente também leva MDA (identificado na apreensão) e MDMA. As substâncias estimulantes são mais comumente encontradas nos comprimidos de ecstasy. Outro componente é a cetamina, uma droga depressora utilizada como anestésica.

“Ela tem cor rosa porque é adicionado um corante alimentício, que faz com que isso se torne mais atrativo para os jovens. Além da coloração rosa, é adicionado também sabor de morango ou qualquer outro tipo de fruta, então se torna mais atrativo, tanto no aspecto visual como no gustativo. Isso facilita o consumo, principalmente nas grandes festas”, afirmou o delegado Marcos Fontes, que participou da operação em Cascavel.

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Mistura torna a cocaína rosa mais prejudicial

O delegado destacou que o conjunto de diversas substâncias misturadas e várias composições torna os efeitos da cocaína rosa mais prejudiciais. “Os especialistas entendem que utilizar cocaína rosa, que é tudo menos cocaína, equivale a jogar na roleta russa, porque os efeitos dela no organismo são imprevisíveis. Ninguém sabe como isso vai se definir no organismo de cada pessoa”, destacou.

Apesar de existir desde os anos 1970, o entorpecente vem se popularizando agora, principalmente em países da Europa, Estados Unidos e América Latina. Por conter componentes sintéticos e mais caros, a droga não se popularizou no Brasil.

“Foi a primeira vez que veio para a gente esse tipo de material. Essas substâncias são identificadas em comprimidos de ecstasy ou na forma de cristal, puras, mas nessa mistura de pó de coloração rosa no eppendorf [pino] foi a primeira vez”, complementou Isabella. “Não é comum no Estado a identificação de metanfetamina.”

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Equipamentos

A Polícia Científica adquiriu equipamentos que ajudaram na análise da cocaína rosa e de outras substâncias que chegam até o laboratório.

Na seção de química, em 2024 foi adquirido um Espectrômetro Portátil de Fluorescência de Raios X (XRF). Ele permite a determinação de composição química de amostras coletadas pelos peritos. Outro aparelho novo é um purificador de água de alta performance, que produz água utilizada para o preparo de amostras e soluções em dois graus de pureza. Assim, garante a precisão dos experimentos e a confiabilidade dos resultados.

Além disso, o laboratório recebeu em 2023 dois novos equipamentos de cromatografia gasosa acoplados à espectrometria de massas (CG-MS). Eles permitem a separação e identificação de compostos desconhecidos em uma mistura. E também determinam substâncias químicas relacionadas a crimes ocorridos em todo o território paranaense.

Segundo o diretor operacional da PCP, Ciro Pimenta, a constante modernização e os investimentos do parque analíticos dos laboratórios colaboram para a rápida identificação das substâncias. “Os novos equipamentos trazem a ampliação do portfólio de exames e análises periciais, possibilitando uma resposta mais precisa aos procedimentos criminais e, consequentemente, uma maior assertividade do sistema de justiça na análise dos casos”, ressaltou.

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(Informações: AEN)

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