Leonardo Revesso Publisher do OBemdito

O que tem por trás da troca de afagos entre Ratinho Junior e Bolsonaro?

Caso a inelegibilidade de Bolsonaro se mantenha, ele terá que apoiar alguém para a Presidência

Ratinho Junior abraça Jair Bolsonaro na abertura da Expo Londrina - Foto: Jonathan Campos / AEN
O que tem por trás da troca de afagos entre Ratinho Junior e Bolsonaro?
Leonardo Revesso - OBemdito
Publicado em 6 de abril de 2025 às 16h52 - Modificado em 6 de abril de 2025 às 21h46

Ratinho Junior (PSD) participa neste domingo, na Avenida Paulista, em São Paulo, do ato em favor da anistia aos denunciados do 8/1. É o segundo encontro do governador com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em pouco mais de 48 horas. A outra agenda aconteceu na sexta (4), em Curitiba com extensão para Londrina, e foi cheia de afagos mútuos.

Mesmo inelegível, Bolsonaro tem afirmado de pés juntos que será candidato à presidência no ano que vem. Ratinho Junior também já demonstrou que pretende disputar o cargo. Então por que os dois aparecem juntos, quase que de mãos dadas, se desejam a mesma cadeira?

Primeiro de tudo, a chance de Bolsonaro ficar realmente fora do páreo é abissal. Ele depende da aprovação de um amplo projeto de anistia no Congresso, o que não é tão simples assim, por conta de muitas pedras colocadas no caminho. Com o nome fora das urnas, o ex-presidente terá que escolher o seu apadrinhado.

Na mesma via estão outros aspirantes, como os também governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais). 

Na Paulista, Tarcísio optou pela camiseta azul da seleção brasileira. Caiado e Zema repetiram Bolsonaro, com a tradicional amarelinha. Ratinho Junior, por sua vez, foi de roupa escura. A escolha das cores diz muito. É como se estivesse dizendo: “Estou com você, mas não sou você. Tenho personalidade própria”. Ratinho sabe das coisas.

Bolsonaro no Paraná

Jair Bolsonaro chegou ao Paraná, na sexta, por volta das 10h30. Foi recebido por apoiadores no saguão do aeroporto Afonso Pena, em Curitiba. Na saída, chegou a vestir um boné em que se lia “Trump”, e foi direto para o Palácio Iguaçu, onde almoçou com Ratinho Junior e aliados.

O encontro durou mais de três horas e, de acordo com convidados, a pauta foi sobre “anistia e estarmos juntos em 2026”, nas palavras de integrantes do PL e do PSD.

Depois, Bolsonaro e Ratinho seguiram de avião a Londrina, onde participaram da abertura da tradicional Expo Londrina, uma das maiores feiras do país voltadas ao agronegócio.

Bolsonaro discursou no evento e, ao final, citou a participação de Ratinho Junior na manifestação deste domingo, em São Paulo, em defesa da anistia aos denunciados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

O ex-mandatário repetiu que se sente injustiçado, dizendo que “eles querem me tirar da cédula eleitoral no ano que vem”, e se voltou para a plateia, ligada ao agro. 

Ratinho Junior fez elogios ao ex-presidente. “Presidente Bolsonaro, em exercício, foi o presidente que mais veio ao Paraná na história. É uma demonstração do carinho, do amor que ele tem pelo nosso estado” afirmou.

Ratinho Junior também disse que construiu “uma relação de amizade e de respeito” com o ex-presidente. “Foi o presidente que investiu no Paraná”, discursou ele. 

Após a cerimônia, Bolsonaro falou com a imprensa no local, mas não deu detalhes sobre a conversa com Ratinho Junior horas antes, no palácio. Segundo o ex-presidente, a conversa girou em torno das alianças locais.

Alianças entre PL e PSD no Estado

Bolsonaro se referiu à união do PL com o PSD para as pré-candidaturas ao Senado e ao governo do Paraná. Pelo acordo que está sendo costurado, o deputado federal Filipe Barros (PL) seria um dos dois nomes da possível aliança do grupo para a disputa ao Senado. 

O outro candidato deve ser um indicado por Ratinho Junior ou o próprio governador, na hipótese de ele desistir da corrida ao Planalto. “O resto a gente vê depois”, disse o ex-presidente aos jornalistas.

Do grupo do PSD de Ratinho Junior, estavam o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel, e o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Alexandre Curi, cotado para disputar o governo em 2026.

Guto Silva e Rafael Greca

Outros nomes do PSD estão na lista de possíveis candidatos ao governo estadual e Ratinho Junior já acomodou parte deles em seu secretariado, como Guto Silva, que ficou com a pasta das Cidades, e Rafael Greca, que terminou seu mandato na prefeitura de Curitiba no ano passado e assumiu a secretaria estadual do Desenvolvimento Sustentável. 

No ano que vem, o Paraná terá abertas duas vagas para candidatura ao Senado, com o fim dos mandatos de Flávio Arns (PSB) e Oriovisto Guimarães (PSDB). Ambos podem disputar a reeleição, porém, com chances reduzidas, principalmente Oriovisto. Aliás, você sabia que ele é senador pelo Paraná?

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