
História: conheça os conclaves mais rápidos e mais demorados para eleger um papa
Fiéis, estudiosos e líderes religiosos voltam suas atenções ao conclave. Conheça quais foram os mais rápidos e os mais demorados da história da Igreja


Com a morte do Papa Francisco, aos 88 anos, a Igreja Católica entra oficialmente em período de sede vacante — quando o trono papal fica desocupado até a eleição de um novo pontífice. A atenção de fiéis, estudiosos e líderes religiosos agora se volta para o conclave, o processo tradicional e sigiloso que acontece no coração do Vaticano.
O início do conclave
O conclave deve começar entre 15 e 20 dias após o falecimento do Papa. O local não poderia ser mais simbólico: a Capela Sistina, em Roma, cercada por seus famosos afrescos de Michelangelo, será o cenário da eleição. Até 120 cardeais com menos de 80 anos, vindos de diversas partes do mundo, participam da votação.
A rotina começa com uma missa solene e, na parte da tarde, tem início a primeira votação. A cada rodada, os votos são queimados. A fumaça que sobe da chaminé é um dos sinais mais esperados: preta, significa que não houve consenso; branca, que um novo papa foi escolhido.
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Uma tradição que evoluiu com o tempo
O processo de escolha nem sempre foi ágil. Durante séculos, conclaves se arrastaram por semanas, meses e até anos. As dificuldades em alcançar um acordo entre os cardeais muitas vezes refletiam disputas políticas, rivalidades regionais e até interferências externas.
Foi só após episódios especialmente longos que a Igreja resolveu apertar o cerco. O primeiro passo foi dado ainda no século XIII, quando o Papa Gregório X, eleito após um conclave que durou quase três anos, decidiu trancar os cardeais em um local fechado até que chegassem a uma decisão. Daí nasceu a palavra “conclave”, que vem do latim cum clave — “com chave”.
Mais tarde, novas regras surgiram para evitar repetições. A Igreja passou a impor restrições dentro do conclave: se os cardeais demorassem demais, o conforto e a alimentação eram reduzidos. Em 1970, o Papa Paulo VI estabeleceu que só cardeais com menos de 80 anos poderiam votar — uma forma de agilizar a escolha e facilitar o consenso.
Já os Papas João Paulo II e Bento XVI ajustaram o ritmo das votações. Hoje, são até quatro rodadas por dia e, se não houver decisão após cerca de 33 votações, é permitida a eleição com maioria simples, para evitar longos impasses.
Essas mudanças deram resultado. Enquanto o conclave mais demorado da história, em 1268, levou quase três anos, os dois últimos — que elegeram Bento XVI (2005) e Francisco (2013) — foram concluídos em apenas dois dias.
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Conclaves que entraram para a história
Nem todo conclave termina rapidamente. A história da Igreja Católica já presenciou situações extremas. Confira alguns dos mais notáveis:
Os mais longos
Conclave de 1268–1271
Duração: 2 anos e 9 meses
Local: Viterbo, Itália
Motivo: Profundo conflito entre os cardeais italianos e franceses. A situação ficou tão insustentável que os magistrados locais trancaram os cardeais no palácio e, em um gesto simbólico e prático, retiraram o telhado para forçar uma decisão.
Resultado: Eleição de Gregório X.
Conclave de 1314–1316
Duração: 2 anos e 3 meses
Local: Lyon, França
Motivo: Novamente, divisões políticas entre franceses e italianos dominaram o cenário.
Resultado: João XXII foi escolhido como Papa.
Conclave de 1415–1417
Duração: 2 anos
Local: Constança, durante o Concílio de Constança
Motivo: O objetivo era encerrar o Grande Cisma do Ocidente, período em que até três homens reivindicavam simultaneamente o título de Papa.
Resultado: Martinho V foi eleito, encerrando o cisma.
Os mais curtos
Conclave de outubro de 1503
Duração: Algumas horas
Eleito: Júlio II
Contexto: O cardeal Giuliano della Rovere já era amplamente influente e tinha apoio expressivo. A eleição foi praticamente imediata.
Conclave de 1939
Duração: 1 dia (de 1º a 2 de março)
Eleito: Pio XII
Contexto: Eugenio Pacelli, então Secretário de Estado do Vaticano, era o favorito. Foi eleito no terceiro escrutínio.
Conclave de 2005
Duração: 2 dias (18 a 19 de abril)
Eleito: Bento XVI
Contexto: O cardeal Joseph Ratzinger, decano do Colégio dos Cardeais e respeitado teólogo alemão, foi escolhido após quatro rodadas de votação.
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O que esperar desta vez?
Apesar de toda a tecnologia, da instantaneidade da informação e da globalização, o conclave permanece uma cerimônia marcada por tradição, silêncio e oração. Quando a Capela Sistina for fechada ao público e isolada do mundo exterior, começará mais uma etapa decisiva para os rumos da Igreja.
Resta saber se a escolha será tão rápida quanto a de Bento XVI ou se veremos algo mais demorado, como nos séculos passados. Como sempre, o mundo aguarda — com expectativa e olhos voltados para o Vaticano.
(OBemdito com informações Catve)