Anvisa analisa composição de suplementos de creatina de 29 fabricantes no Brasil

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu uma avaliação detalhada sobre a qualidade de suplementos alimentares de creatina comercializados no Brasil. A análise abrangeu 41 produtos de 29 fabricantes e teve como foco três critérios principais: teor de creatina, rotulagem e presença de substâncias estranhas.

As amostras analisadas foram selecionadas com base nas creatinas mais vendidas em embalagens de 300 gramas — o formato mais comum no país. A coleta ocorreu no segundo semestre de 2024 diretamente nas sedes das empresas fabricantes. Uma exceção foi o estado do Rio de Janeiro, onde a Vigilância Sanitária estadual recolheu os produtos diretamente do varejo.

Além do Rio, também participaram da ação os estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, escolhidos por sua relevância no mercado de suplementos. Cada produto foi coletado em triplicata pelas Visas locais, seguindo o padrão estabelecido pela Lei 6.437, de 1977, que trata da fiscalização sanitária.

As análises foram realizadas no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Teor de creatina

Os resultados laboratoriais apontaram que, em geral, os produtos apresentavam teor de creatina dentro do padrão esperado. Para estar em conformidade, o teor da substância precisa respeitar uma margem de até 20% de variação em relação ao que é informado no rótulo, além de atingir o valor de referência de 3.000 mg.

Dos 41 produtos testados, apenas um estava fora do padrão, com teor de creatina abaixo do estabelecido. A marca não foi divulgada, pois ainda está em apuração administrativa. Todos os outros 40 itens foram considerados regulares nesse quesito.

Esse resultado mostra um cenário mais positivo em comparação a levantamentos anteriores realizados pelo próprio setor produtivo, que, entre 2022 e 2024, registravam mais irregularidades. A Anvisa avalia que esse avanço pode ser fruto de uma autorregulação por parte dos fabricantes, que teriam ajustado seus processos produtivos após os primeiros resultados negativos.

Além do teor de creatina, os testes também investigaram a presença de matérias estranhas nos suplementos. Nenhuma amostra apresentou esse tipo de contaminação.

Rotulagem: principal problema identificado

Apesar da boa performance em relação ao teor de creatina, os rótulos foram o calcanhar de aquiles das marcas analisadas. Das 41 amostras, 40 apresentaram erros de rotulagem — algumas com mais de uma irregularidade.

A legislação que regula os suplementos alimentares no Brasil (Resolução da Diretoria Colegiada – RDC 843/2024 e Instrução Normativa – IN 281/2024) exige uma série de informações obrigatórias nos rótulos. A ideia é garantir que os consumidores tenham acesso a dados claros e corretos para tomar decisões informadas.

Os problemas mais frequentes encontrados foram:

• Alegações indevidas, inclusive em idiomas estrangeiros, atribuindo à creatina propriedades não permitidas;
• Uso de palavras ou imagens que induzem o consumidor ao erro;
• Tabela nutricional fora do padrão ou separada da lista de ingredientes;
• Frequência de consumo não informada;
• Quantidade de porções da embalagem ausente;
• Ausência das quantidades de açúcares totais e açúcares adicionados na tabela nutricional.

Apesar das falhas, a Anvisa ressaltou que os erros de rotulagem não configuram risco à saúde do consumidor. No entanto, os fabricantes deverão ser notificados para corrigir essas informações, já que o cumprimento das normas de rotulagem é obrigatório.

Regularização exigida até 2025

Desde a publicação das novas normas em 2024, os suplementos alimentares devem ser notificados à Anvisa para que possam ser vendidos legalmente no país. Essa regularização torna-se obrigatória para todos os produtos a partir de 1º de setembro de 2025, inclusive aqueles que já estavam no mercado antes da entrada em vigor das novas regras.

Marca com resultado 100% satisfatório

Entre todos os produtos analisados, apenas o “Creatine Monohydrate – 100% Pure”, da marca Atlhetica Nutrition e fabricado pela ADS Laboratório Nutricional Ltda., obteve resultado satisfatório em todos os testes, sem qualquer tipo de irregularidade.

Lista completa dos produtos analisados

Abaixo, a lista completa das marcas, produtos, fabricantes e responsáveis legais:

(OBemdito com informações Agência Gov)

Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias do OBemdito em primeira mão.