
Gabriel transforma o cotidiano de farmácia como exemplo de inclusão e superação
A Síndrome de Down não foi empecilho para esse jovem de 24 anos ingressar e fazer a diferença no mercado de trabalho


Gabriel Machado Vieira tem 24 anos, um sorriso cativante e uma história de vida que emociona. Morador de Umuarama, ele é exemplo de superação, dedicação e inclusão.
Diagnosticado com Síndrome de Down ao nascer, ele enfrentou desafios desde muito pequeno — mas também tem colhido vitórias, como a conquista de seu primeiro emprego, na Farmácia Nissei da avenida Apucarana. E lá já se vão quase 3 anos.
Filho de Vilmar Vieira e Aparecida de Oliveira Machado Vieira, ambos com 59 anos, Gabriel é o caçula da família. O irmão mais velho, Vinícius, hoje com 32, também enfrentou dificuldades logo ao nascer, devido a uma fenda palatina. Mas foi com a chegada de Gabriel, oito anos depois, que a família encarou uma nova jornada de amor, cuidado e dedicação.
“Com 34 dias de vida, já levei o Gabriel pra Apae. Ele continua lá até hoje, mesmo trabalhando. Ele teve que passar por quatro cirurgias cardíacas em Londrina. A luta nossa sempre foi dar tudo de melhor para ele”, conta o pai, emocionado.
Vilmar, marceneiro aposentado, dedicou-se integralmente à criação dos filhos, sempre com apoio incondicional da esposa.
“Em relação ao Gabriel, a gente nunca o tratou diferente. Sempre demos amor, carinho, mas também responsabilidade. Ele é carinhoso, educado e muito independente. Toma banho sozinho, ajuda em casa, tem o quartinho dele com computador e celular, e se precisar, até volta para o chuveiro se o banho não foi bem tomado”, diz, sorrindo.
Desde agosto de 2021, Gabriel faz parte do quadro da Farmácia Nissei, onde atua meio período, das 8h ao meio-dia. A responsável pela unidade, Cailaine Mequeline, de 22 anos, acompanha o dia a dia dele e não esconde o carinho que sente pelo colaborador.
“O Gabriel é extremamente alegre, extrovertido. Chega mostrando o lanche do dia, coloca música e já começa a dançar. Ele anima o ambiente e nos inspira. É muito querido por todos”, conta.
Além de ajudar na organização dos produtos e na entrega de panfletos, Gabriel também é presença constante na porta da farmácia, cumprimentando os clientes e espalhando simpatia. Segundo Cailaine, ele participa das rotinas com entusiasmo e sempre compartilha as atividades que aprende na APAE.
Mas a vida de Gabriel não se resume ao trabalho. À tarde, ele segue com uma agenda cheia: segunda-feira é dia de natação na Unipar, atividade que pratica há 14 anos; terça e quinta, participa de projetos educacionais e de inclusão na Apae; quarta-feira, novamente na escola. Só a sexta-feira é mais tranquila — merecido descanso para quem leva a vida com tanta energia.
“Depois que ele começou a trabalhar, foi como virar uma chave”, destaca Vilmar. “Ele ficou mais independente, mais seguro de si. Isso foi essencial para o desenvolvimento dele. E o respeito que ele tem aqui na empresa, a forma como foi acolhido, isso não tem preço.”


Em casa, Gabriel também revela seu lado artístico: ama música, tem dois violões e adora dançar. Do samba ao pop, passando pelas canções católicas — que canta com orgulho — ele mostra que alegria e expressão não têm barreiras.
A história de Gabriel é, antes de tudo, um retrato de como o amor, o respeito e a inclusão podem transformar vidas. É também um chamado à sociedade para abrir mais portas e corações. “É um conjunto”, resume o pai. “Eu, a mãe, o irmão, todos contribuímos. Mas é o Gabriel quem nos ensina todos os dias.”