
Vaticano apresenta norte-americano Robert Francis Prevost como novo papa
Gritos de alegria ecoaram entre os presentes, emocionados por testemunhar um dos momentos mais emblemáticos do catolicismo

A fumaça branca subiu da chaminé da Capela Sistina no Vaticano nesta quinta-feira (8) às 18h07 (13h07 no horário de Brasília), sinalizando ao mundo que a Igreja Católica tem um novo papa. Imediatamente, sinos da Basílica de São Pedro começaram a tocar, confirmando o tradicional “Habemus Papam” e provocando comoção entre os milhares de fiéis reunidos na Praça São Pedro e na Via da Conciliação.
Pouco depois, o cardeal protodiácono Dominique Mamberti apareceu na Sacada Central da Basílica de São Pedro e anunciou, em latim, o nome do novo Papa: Cardeal Robert Francis Prevost, de 69 anos, dos Estados Unidos, que escolheu o nome de Leão XIV. Gritos de alegria ecoaram entre os presentes, emocionados por testemunhar um dos momentos mais emblemáticos do catolicismo.
A escolha aconteceu na quarta votação do Conclave, que vinha se desenrolando desde o início da semana. O processo, sempre cercado de sigilo e cerimônia, chegou a um consenso sobre o nome do 267º Sucessor de Pedro. Seguindo os passos de pontífices anteriores como João Paulo I, eleito em 1978, e Bento XVI, escolhido em 2005 — ambos também no quarto escrutínio.

Primeira bênção e ligação com a América Latina
Prevost apareceu na sacada da Basílica de São Pedro diante de uma multidão entusiasmada para conceder sua primeira bênção como pontífice. O novo papa tem uma relação antiga com a América do Sul. Ele trabalhou com comunidades carentes no norte do Peru nos anos 1980, o que, segundo o Vaticano, foi determinante na sua formação como líder e pastor.
Esse período no Peru lhe rendeu não apenas fluência no espanhol, mas também um entendimento profundo da realidade eclesial da América Latina. Sua atuação nesse contexto levou-o a ser chamado de “pastor de duas pátrias”. A experiência consolidou uma conexão duradoura com a região e o colocou como um dos nomes fortes para representar as Américas dentro da hierarquia católica.

Trajetória e atuação internacional
Antes de sua eleição ao papado, o cardeal Robert Francis Prevost exercia uma função estratégica na Cúria Romana: era prefeito do Dicastério para os Bispos. Nesse cargo, teve um papel central na nomeação de bispos ao redor do mundo e pôde aprofundar seu conhecimento sobre a estrutura da Igreja em diversas culturas.
Sua atuação à frente do Dicastério o colocou em posição de destaque nos bastidores do Vaticano. Conhecido por seu estilo próximo, ele já expressou publicamente sua visão sobre a missão episcopal. Em entrevista ao portal oficial da Santa Sé, disse:
“O bispo é chamado autenticamente para ser humilde, para estar perto das pessoas que ele serve, para caminhar com elas, para sofrer com elas e procurar formas de que ele possa viver melhor a mensagem do Evangelho no meio de sua gente.”
A declaração reforça a linha pastoral que o novo papa pretende seguir: uma Igreja próxima, com líderes que escutam, caminham junto e compartilham das dores e alegrias do povo.
Resistências e desafios pela frente
Apesar de sua trajetória sólida e do alinhamento com os valores promovidos por Francisco, a escolha de um papa norte-americano não deixou de gerar controvérsia. Tradicionalmente, o Vaticano evita escolher pontífices dos Estados Unidos por receio de que isso possa ser interpretado como uma aliança política com uma das maiores potências do mundo.
Além disso, Prevost foi envolvido em processos de investigação de casos de abuso sexual dentro da Igreja. Sua atuação nesses episódios gerou críticas dentro de setores mais conservadores.
Coincidência simbólica
A eleição de Leão XIV coincidiu com o dia da Súplica de Nossa Senhora de Pompéia, uma data significativa no calendário católico. Para muitos fiéis, o simbolismo da data reforça o aspecto espiritual e providencial do momento.
Com a escolha de Leão XIV, a Igreja Católica inicia um novo capítulo sob a liderança de um pontífice com bagagem internacional, experiência missionária e raízes na realidade latino-americana. As atenções do mundo agora se voltam para o estilo de liderança que ele adotará e os rumos que imprimirá à Igreja.
