
É fake: Itália não concede cidadania com base apenas em sobrenomes tradicionais
A notícia falsa ganhou força com a promessa de facilitar o processo de concessão do passaporte europeu


No dia 29 de março, o governo da Itália publicou um decreto que endurece as regras para descendentes de italianos obterem a cidadania europeia. A partir de então, apenas filhos e netos de quem nasceu no país poderão pleitear o passaporte italiano. Entretanto, o texto precisa ser aprovado pelo Parlamento dentro de 60 dias, sob pena de perder validade — e essa votação está prevista para esta semana.
Nesta terça-feira (13) surgiu um boato que prometia um atalho para a cidadania italiana: bastaria ter “sobrenomes tradicionais”. A notícia falsa ganhou força com a promessa de facilitar — e agilizar — o processo de concessão do passaporte europeu.
Veículos de comunicação publicaram e apagaram
Logo pela manhã, um grande veículo de comunicação publicou uma matéria listando uma série de “sobrenomes tradicionais” que, segundo a reportagem, garantiriam o benefício. Porém, poucas horas depois, diante de uma avalanche de críticas e comentários negativos nas redes sociais, o veículo deletou o texto do site e removeu a publicação.
Já no início da noite, outro grande jornal veiculou reportagem com o mesmo tema. Na matéria, é mencionada uma suposta “lei que reconhece a descendência ligada ao país, especialmente se o solicitante tiver um sobrenome tradicional do norte ou do sul da Itália”. Entretanto, não existe nenhuma lei desse tipo na Itália.
No Instagram do jornal, circulou ainda um vídeo sobre o assunto que, até o momento, continua online. Na página, a única fonte citada é o veículo colombiano El Tiempo.
Por que a história não procede
Não há, na legislação italiana, dispositivo que agilize ou garanta a cidadania a quem ostente determinados sobrenomes. A obtenção do passaporte segue as regras tradicionais de comprovação de vínculo sanguíneo, sem qualquer privilégio para nomes “típicos” do norte ou do sul do país.