Rudson de Souza Publisher do OBemdito

Defesa alega ilegalidade em prisão de acusado por morte de Miss Altônia e empresário; vídeos

Defesa do homem apontado como mandante do crime alega que prisão foi baseada em inquérito já arquivado e sem novas provas

Defesa alega ilegalidade em prisão de acusado por morte de Miss Altônia e empresário; vídeos
Rudson de Souza - OBemdito
Publicado em 9 de junho de 2025 às 16h47 - Modificado em 9 de junho de 2025 às 19h18

A defesa de Armando Diego Salvadego, de 39 anos, apontado como mandante de um duplo homicídio em Altônia no ano de 2018 classificou a prisão de seu cliente como “arbitrária e sem base jurídica válida”. Na ocasião, as vítimas foram a ex-Miss Altônia Bruna Zucco Segantin, de 21 anos, e o empresário Valdir de Brito Feitosa, de 30 anos.

O advogado Luiz Henrique Baldissera afirmou que a decisão judicial se baseou em elementos de um inquérito “arquivado há seis anos”, sem novas provas. “Trata-se da indevida reutilização de provas já consideradas insuficientes no passado”, disse Baldissera a OBemdito, por meio de nota.

Ele destacou que Salvadego é pai de quatro filhos, tem residência fixa há quatro anos e “não representa risco processual”. A defesa informou que recorrerá da prisão preventiva, cujo mandado foi cumprido no último sábado (7) durante a Operação Miss, e espera reversão “nos próximos dias”.

Os detalhes do crime

O caso, um dos mais emblemáticos da violência na fronteira paranaense, ganhou nova fase com a prisão do suposto mandante e três executores. O crime ocorreu em março de 2018: Bruna e Valdir foram assassinados a tiros e, em seguida, os autores atearam fogo em seus corpos, que estavam em um veículo. Os agentes de segurança encontraram a caminhonete incendiada e os corpos carbonizados.

A polícia afirma que o homicídio foi motivado por disputa territorial entre facções do tráfico. Valdir seria o alvo principal, enquanto Bruna, sem ligação com o crime, foi morta por estar no local.

Operação Miss e resistência

A ação, coordenada pela 16ª Delegacia de Altônia, cumpriu 4 mandados de prisão e 5 de busca em Palmas (PR), Pato Branco (PR) e Balneário Camboriú (SC). Um dos presos tem uma tatuagem com o rosto de uma mulher na mão, possível referência à vítima. Os policiais não conseguiram cumprir o quinto mandado de prisão e, por isso, o alvo é considerado foragido.

Leia também: Avó da miss morta em Altônia reage à prisão de acusados 7 anos após o crime; assista.

Salvadego foi detido em um apartamento com porta blindada em Balneário Camboriú, exigindo o uso de explosivos pela polícia. Os outros três detidos têm entre 26 e 44 anos.

Caso Miss 1
Fotos: Polícia Civil do Paraná

Dificuldades na investigação

O delegado Reginaldo Caetano, responsável pelo caso, afirmou que a elucidação foi “extremamente complexa”. As dificuldades são decorrentes da destruição de provas, logística criminosa (incluindo um pistoleiro de outro estado) e coação de testemunhas.

A expectativa agora é que os presos sejam denunciados pelo Ministério Público do Estado do Paraná nos próximos dias, enquanto a defesa busca a liberdade de Salvadego. A Polícia Civil promete novas divulgações sobre o caso, já que as investigações continuam.

Miss
Foto: PCPR

Nota da defesa

Responsável pela defesa de Armando Diego Salvadego, o advogado criminalista Luiz Henrique Baldissera encaminhou a nota abaixo. Confira na íntegra:

NOTA À IMPRENSA

O advogado criminalista Luiz Henrique Baldissera, que representa o investigado Armando Diego Salvadego, vem a público manifestar-se sobre a recente decretação de prisão preventiva contra seu cliente, medida que considera arbitrária e desprovida de fundamentação jurídica legítima.

A ordem de prisão foi baseada em elementos extraídos de um inquérito policial arquivado — ou ao menos inativo — há mais de seis anos, sem qualquer fato novo que pudesse justificar medidas tão gravosas, como busca e apreensão e a própria prisão. Trata-se da indevida reutilização de provas antigas, já analisadas e consideradas, à época, insuficientes para a formalização de denúncia.

Mais grave ainda é o fato de que o pedido de prisão preventiva atual se baseou em fragmentos seletivos de um procedimento datado de 2018, numa tentativa clara de conferir aparência de novidade a um conjunto probatório esvaziado — e que, inclusive, já havia comprovado a inocência do investigado em momentos anteriores.

Importante ressaltar que Diego é pai de quatro filhos, trabalhador, dedicado à sua família e residente no mesmo endereço há mais de quatro anos — fatos que reforçam sua conduta ilibada e o afastam de qualquer risco processual que justificasse a segregação cautelar.

A defesa está adotando todas as medidas legais cabíveis para reverter essa decisão e restabelecer a liberdade de Diego com a maior brevidade possível.

Reiteramos nossa confiança no Poder Judiciário, acreditando que essa prisão será revista, fazendo prevalecer a justiça, o devido processo legal e a dignidade de um cidadão que jamais deveria ter sido submetido a tamanha medida constritiva.

Luiz Henrique Baldissera
Advogado Criminalista – OAB/PR 55.717

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