Stephanie Gertler Publisher do OBemdito

Para Bolsonaro investigação tem cunho político e configura ‘suprema humilhação’

Bolsonaro rejeitou as suspeitas de que teria tentado fugir do país ou buscado apoio internacional para escapar das investigações

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil
Para Bolsonaro investigação tem cunho político e configura ‘suprema humilhação’
Stephanie Gertler - OBemdito
Publicado em 18 de julho de 2025 às 12h00 - Modificado em 18 de julho de 2025 às 12h03

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (18) que considera uma “humilhação suprema” a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o obrigou a usar tornozeleira eletrônica. A declaração foi dada após ele comparecer a um centro de monitoramento da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, onde o equipamento foi instalado.

“Eu não posso me aproximar de embaixada, eu tenho horário pra ficar na rua. E, no meu entender, o objetivo é uma suprema humilhação, esse que é o objetivo”, disse Bolsonaro, ao sair do local.

A medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações contra o ex-presidente, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). Além do uso da tornozeleira, Bolsonaro está proibido de sair de casa durante a noite e aos fins de semana, de manter contato com outros investigados — entre eles, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), seu filho — e de se aproximar de embaixadas ou manter diálogo com diplomatas.

Nega tentativa de fuga

Bolsonaro rejeitou as suspeitas de que teria tentado fugir do país ou buscado apoio internacional para escapar das investigações. A desconfiança surgiu após a revelação de que ele passou alguns dias na embaixada da Hungria, em Brasília, logo após deixar a Presidência da República.

“O julgamento espero que seja técnico e não político, no mais nunca pensei em sair do Brasil, nunca pensei em ir para embaixada”, disse.

Durante a conversa, no entanto, o clima ficou tenso. Um grupo de populares que acompanhava a movimentação protestou contra Bolsonaro, e um trompetista ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) entoou músicas em tom crítico. A manifestação levou o ex-presidente a encerrar o pronunciamento antes do previsto.

Leia também: Bolsonaro vira alvo de operação da PF e deve usar tornozeleira eletrônica

Reação política e ida à sede do PL

Após cumprir a medida judicial, Bolsonaro seguiu para a sede do Partido Liberal (PL), em Brasília. O local também foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal nesta sexta-feira, como parte da mesma operação que impôs novas restrições ao ex-presidente.

De acordo com Bolsonaro, a sede do partido servirá como ponto de encontro com aliados para discutir os próximos passos.

Dinheiro vivo e pendrive escondido

Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu US$ 14 mil e cerca de R$ 8 mil em espécie na residência de Bolsonaro. Ele alegou que os valores são legais e que possui documentação registrada no Banco Central comprovando a origem do dinheiro.

Além do dinheiro, os agentes encontraram um pendrive escondido em um dos banheiros da casa. Questionado sobre o dispositivo, Bolsonaro afirmou desconhecer seu conteúdo.

Filho nos EUA e investigações paralelas

O ex-presidente também comentou a situação de seu filho Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos. De acordo com ele, o parlamentar poderá enfrentar problemas ao retornar ao Brasil, devido a um novo inquérito aberto contra ele.

As medidas determinadas nesta sexta-feira, no entanto, não estão diretamente relacionadas à investigação principal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado por parte de Bolsonaro. Elas dizem respeito a outras frentes investigativas conduzidas pela Polícia Federal e pela Procuradoria-Geral da República. Os detalhes constam no despacho do ministro Alexandre de Moraes, que embasou a operação.

A defesa de Bolsonaro ainda não se manifestou oficialmente sobre as novas medidas impostas.

(OBemdito com informações Agência Brasil)

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