Umuarama Futsal Feminino: uma história de rachões, luto e conquistas que vai além da quadra
Equipe enfrenta o Chopinzinho neste sábado (9), às 19h, no Ginásio Amário Vieira da Costa; jogo vale classificação para a próxima fase da Série Prata do Paranaense
Time de futsal feminino de Umuarama enfrenta o Chopinzinho neste sábado em jogo decisivo pela Série Prata (Foto Thalyta Silva/AFSU)
Rudson de Souza - OBemdito
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 12h28 - Modificado em 7 de agosto de 2025 às 15h40
Por trás de uma bola rolando, há sempre muito mais do que dribles e gols. Há suor, reconstrução, luto, renascimentos e, principalmente, mulheres escrevendo uma história que por muito tempo lhes foi negada. Essa é a trajetória do Umuarama Futsal Feminino, que neste sábado (9), joga em casa contra o Chopinzinho pela décima e penúltima rodada da primeira fase da Série Prata do Campeonato Paranaense de Futsal Feminino 2025. A partida acontece às 19h, no tradicional Ginásio de Esportes Professor Amário Vieira da Costa.
E a bola da vez é decisiva: o Umuarama precisa, no mínimo, de um empate para garantir vaga na próxima fase, segundo cálculos do técnico Kassio Santana. Atualmente, a equipe ocupa a 6ª colocação, com 11 pontos em 8 jogos, com 3 vitórias, 2 empates e 3 derrotas. Com 8 das 11 equipes avançando, o time está muito perto de mais um capítulo importante na sua jovem, mas rica história. “É um grande jogo. O Chopinzinho é um adversário de tradição. No ano passado disputamos o terceiro lugar com eles e vencemos após uma partida difícil”, lembra Kassio.
Uma história que nasceu no rachão e cresceu com o coração
A história do futsal feminino de Umuarama não começa com holofotes. Começa em 2016, nos rachões organizados pela, hoje, empreendedora Roberta Lima Niebuhr dos Santos, uma jogadora apaixonada e, mais do que isso, uma líder nata. De jogos improvisados com vaquinhas de R$ 2 para alugar quadra, nasceu o Master Futsal Umuarama, equipe que conquistou mais de 20 troféus em competições regionais, inclusive o título da Copa Outubro Rosa de 2017.
Mas a virada mesmo veio em 2021, quando, com o apoio dos amigos Ednei Custódio, Guilherme Parro, e do inesquecível Paulo Victor Debia, o Vitinho, Roberta liderou a criação do Umuarama Futsal Feminino, dentro da Associação de Futsal de Umuarama (AFSU), com as bençãos de seu presidente, Edvanilson Lopes, o Nil. Com poucos recursos, mas muito amor ao esporte, o projeto saiu do papel e caiu nas quadras estaduais com o comando técnico do professor Marcos Coltro, o Marcão.
“Eu chamei as meninas, conversei com todas, organizei tudo. O Vitinho era meu braço direito. Nós sonhamos juntos com um time profissional, com a AFSU feminina. Ele acreditava nisso desde 2017 comigo”, conta Roberta, emocionada.
Luto, força e resistência: o impacto do acidente de 2021
O maior baque da equipe veio com a tragédia que abalou todo o futsal nacional. No dia 8 de julho de 2021, um ônibus que levava a equipe masculina da AFSU para Jaraguá do Sul, para disputa da Taça Brasil, tombou na BR-376, em Guaratuba. O acidente matou o motorista Osvaldo da Silva e Vitinho, o amigo e parceiro de longa data de Roberta.
“Quando o Vitinho faleceu, meu mundo desabou. Eu continuei até o fim do ano, mas de forma diferente. Ele sonhou tudo isso comigo. Sem ele, ficou tudo mais difícil”, desabafa. Após o acidente, Roberta se afastou do time e em 2022, a supervisão passou para Guilherme, que deu continuidade ao legado deixado.
Até o fim de 2023, Guilherme supervisionou a equipe com a ajuda do técnico Henrich Hyordan, do auxiliar técnico Renan Bigas e da preparadora física Jocineia Terassini. No ano seguinte, a supervisão do time foi assumida por Felipe Fadeli que recebeu a companhia ainda da supervisora Paula Sarturi do técnico Kassio e da preparadora física Angélica Savioli. Essa última composição de comissão técnica segue até o momento.
Além do empate contra o Chopinzinho que já garante uma classificação, a vitória é ainda mais bem-vinda, já que pode até elevar a posição na tabela e garantir adversário teoricamente mais fraco nas oitavas de final. Na próxima fase, os confrontos serão em jogos de ida e volta, com o 1º enfrentando o 8º, 2º contra 7º, e assim por diante. “O time a ser batido neste campeonato é o Stein, que até agora segue invicto na competição”, destacou o técnico do Umuarama.
Muito mais do que bola na rede
O futsal feminino em Umuarama não é só esporte, é também resistência, organização comunitária e luta por espaço. Enquanto muitos clubes ainda engatinham no apoio às mulheres no esporte, a cidade mostra como comprometimento, amizade e paixão podem construir um projeto sólido.
Com apoio limitado, patrocínios conquistados na base da conversa e dedicação voluntária de figuras como Roberta e dos demais que seguem ou passaram pela equipe, o Umuarama Futsal Feminino representa um modelo de empoderamento genuíno.
O Umuarama Futsal Feminino conta com o apoio essencial de parceiros que acreditam no esporte feminino local: Cota Fácil, Posto 7, Team Bedim, Dota, Esthetic Odonto, Interclin, Toninato, Interlagos, Clínica Equilíbrio, Galves Modas, Triângulo Metais e Henrich. Juntos, esses patrocinadores fortalecem a estrutura do time e ajudam a escrever essa história de superação dentro e fora das quadras.
A convocação está feita
Neste sábado, o futsal feminino de Umuarama joga mais do que bola: joga por seu futuro, por sua memória e pela força de cada mulher que acreditou em si mesma quando ninguém mais acreditava. O ingresso para a partida custa apenas R$ 10, e o recado é simples: leve sua torcida, sua voz e sua energia. Porque elas já estão levando tudo isso para dentro da quadra há anos.
A empreendedora Roberta Lima Niebuhr dos Santos: uma jogadora apaixonada e, mais do que isso, uma líder nata que profissionalizou o futsal feminino
Imagens gentilmente cedidas por Roberta dos Santos e Thalyta da Silva/AFSU
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