Rodrigo Mello Publisher do OBemdito

Lideranças indígenas são presas por extração irregular de araucária no Paraná

Os líderes indígenas estariam diretamente ligados ao esquema que movimentava madeira extraída de forma clandestina

Foto: Assessoria Ibama
Lideranças indígenas são presas por extração irregular de araucária no Paraná
Rodrigo Mello - OBemdito
Publicado em 21 de agosto de 2025 às 14h26 - Modificado em 21 de agosto de 2025 às 14h26

O cacique José Carlos Gabriel e o vice-cacique Cristian Ricardo Carneiro, da Terra Indígena Mangueirinha, no centro-sul do Paraná, foram presos nesta quinta-feira (21) durante uma operação de combate à extração ilegal de madeira. O cacique também é vereador na cidade, que tem pouco mais de 16 mil habitantes.

A ação foi coordenada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em parceria com a Polícia Federal. No total, foram cumpridos 16 mandados judiciais, entre prisões, buscas e apreensões contra envolvidos no comércio irregular de araucária (Araucaria angustifolia).

Segundo as investigações, os líderes indígenas estariam diretamente ligados ao esquema que movimentava madeira extraída de forma clandestina. A araucária, também conhecida como pinheiro-do-paraná, é uma espécie nativa da Mata Atlântica ameaçada de extinção.

Sua derrubada é proibida pela legislação ambiental, mas, mesmo assim, o corte ilegal tem aumentado nos últimos anos na região. O Ibama informou que, desde 2022, houve intensificação dos ilícitos na área, o que levou à deflagração de operações conjuntas de fiscalização.

De 2022 até agosto de 2025, o órgão ambiental aplicou 33 multas que somam cerca de R$ 2,5 milhões. Nesse mesmo período, 132 hectares foram embargados, e 250 metros cúbicos de madeira nativa foram apreendidos. As ações também recolheram 12 motosserras, oito veículos, incluindo caminhões e tratores, além de uma serraria móvel.

As operações ocorreram dentro da Terra Indígena e em madeireiras suspeitas de comprar madeira extraída ilegalmente. Dez empresas do setor foram fiscalizadas, e três pessoas já haviam sido presas antes mesmo da ofensiva desta semana.

A Polícia Federal informou que a apreensão de celulares e documentos em fiscalizações anteriores forneceu informações cruciais para desvendar uma rede responsável pela extração e pelo comércio ilegal da araucária. Esses elementos permitiram à Justiça expedir os mandados que resultaram nas prisões desta quinta-feira.

O comércio da araucária é rigidamente controlado. Para qualquer transação, é obrigatório o Documento de Origem Florestal (DOF), que assegura a procedência legal da madeira. O Ibama alerta que compradores devem sempre exigir esse documento, obrigatório em todas as etapas da cadeia produtiva.

A Terra Indígena Mangueirinha está inserida no bioma Mata Atlântica e concentra parte dos últimos remanescentes da floresta com araucária. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, apenas 0,8% da vegetação em estágio avançado de regeneração permanece preservada no Paraná.

2025 08 21

(OBemdito com informações Assessoria Ibama)

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