
Lideranças indígenas são presas por extração irregular de araucária no Paraná
Os líderes indígenas estariam diretamente ligados ao esquema que movimentava madeira extraída de forma clandestina


O cacique José Carlos Gabriel e o vice-cacique Cristian Ricardo Carneiro, da Terra Indígena Mangueirinha, no centro-sul do Paraná, foram presos nesta quinta-feira (21) durante uma operação de combate à extração ilegal de madeira. O cacique também é vereador na cidade, que tem pouco mais de 16 mil habitantes.
A ação foi coordenada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) em parceria com a Polícia Federal. No total, foram cumpridos 16 mandados judiciais, entre prisões, buscas e apreensões contra envolvidos no comércio irregular de araucária (Araucaria angustifolia).
Segundo as investigações, os líderes indígenas estariam diretamente ligados ao esquema que movimentava madeira extraída de forma clandestina. A araucária, também conhecida como pinheiro-do-paraná, é uma espécie nativa da Mata Atlântica ameaçada de extinção.
Sua derrubada é proibida pela legislação ambiental, mas, mesmo assim, o corte ilegal tem aumentado nos últimos anos na região. O Ibama informou que, desde 2022, houve intensificação dos ilícitos na área, o que levou à deflagração de operações conjuntas de fiscalização.
De 2022 até agosto de 2025, o órgão ambiental aplicou 33 multas que somam cerca de R$ 2,5 milhões. Nesse mesmo período, 132 hectares foram embargados, e 250 metros cúbicos de madeira nativa foram apreendidos. As ações também recolheram 12 motosserras, oito veículos, incluindo caminhões e tratores, além de uma serraria móvel.
As operações ocorreram dentro da Terra Indígena e em madeireiras suspeitas de comprar madeira extraída ilegalmente. Dez empresas do setor foram fiscalizadas, e três pessoas já haviam sido presas antes mesmo da ofensiva desta semana.
A Polícia Federal informou que a apreensão de celulares e documentos em fiscalizações anteriores forneceu informações cruciais para desvendar uma rede responsável pela extração e pelo comércio ilegal da araucária. Esses elementos permitiram à Justiça expedir os mandados que resultaram nas prisões desta quinta-feira.
O comércio da araucária é rigidamente controlado. Para qualquer transação, é obrigatório o Documento de Origem Florestal (DOF), que assegura a procedência legal da madeira. O Ibama alerta que compradores devem sempre exigir esse documento, obrigatório em todas as etapas da cadeia produtiva.
A Terra Indígena Mangueirinha está inserida no bioma Mata Atlântica e concentra parte dos últimos remanescentes da floresta com araucária. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, apenas 0,8% da vegetação em estágio avançado de regeneração permanece preservada no Paraná.

(OBemdito com informações Assessoria Ibama)
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