Luiz Fernando Publisher do OBemdito

Padre suspeito de abuso é preso em Cascavel durante operação da PCPR

Delegada detalha investigações que já identificaram três vítimas e podem revelar novos casos

Fotos: Reprodução
Padre suspeito de abuso é preso em Cascavel durante operação da PCPR
Luiz Fernando - OBemdito
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 13h44 - Modificado em 25 de agosto de 2025 às 13h56

Um padre, de 41 anos, foi preso neste domingo (24) sob suspeita de abuso sexual durante uma investigação comandada pela Polícia Civil de Cascavel. Segundo as informações, durante a situação os policiais encontraram no local do cumprimento de mandado vários jogos infantis, um videogame e até um brinquedo guardado no guarda-roupas. A detenção faz parte da operação “Lobo em Pele de Cordeiro”, conduzida pelo Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria).

De acordo com a delegada Thaís Zanatta, responsável pelo caso, disse em coletiva à imprensa nesta segunda-feira (25) que o padre suspeito de abuso foi preso de forma preventiva. O religioso estava morando na casa da mãe após ter sido afastado de suas funções em agosto de 2025, quando começaram as investigações.

Segundo a Polícia Civil, as apurações foram abertas em julho de 2025, a partir da denúncia feita por uma tia de uma das vítimas. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em dois endereços do padre, incluindo uma clínica onde ele atuava como terapeuta. Celulares e computadores foram recolhidos para perícia.

De acordo com a investigação, ao menos três vítimas do sexo masculino já foram identificadas. O caso mais antigo remonta a 2009 e 2010, quando o suspeito ainda era seminarista. Já em 2013 e 2014, ele teria oferecido presentes, bebidas e dinheiro a acólitos – alguns menores de 14 anos – que dormiam em sua casa. O episódio mais recente é de 2019 e envolve um jovem de 19 anos, acolhido pelo padre para tratamento de dependência química, que teria sido dopado e abusado sexualmente.

Até o momento, 11 pessoas foram ouvidas, sendo três reconhecidas como vítimas formais. A delegada destacou que outros relatos podem surgir, já que alguns depoentes só se identificaram como vítimas no momento da oitiva. O padre segue detido na cadeia pública de Cascavel e poderá ser transferido para uma penitenciária. Ele será interrogado ao fim do processo investigativo.

As acusações contra o padre incluem estupro de vulnerável, considerando o uso de álcool, drogas e situações de sonolência que comprometeriam a resistência das vítimas.

Arcebispo se manifesta sobre o caso

O arcebispo metropolitano de Cascavel, Dom José Mário Scalon Angonese, afirmou em nota que a Igreja busca a verdade e defende que a justiça seja feita. “O desejo sincero da Igreja é que a verdade venha à tona. Se o padre de fato cometeu o delito, ele deve responder por isso”, afirmou.

Ele ressaltou que o padre foi suspenso e responde a um processo canônico, que poderá resultar em sua demissão do estado clerical. O religioso reforçou ainda que denúncias formais são essenciais para que providências sejam tomadas. “Suspendemos o padre e abrimos um processo de investigação, que já está em andamento. Temos um prazo de 90 dias na diocese, e depois o caso é encaminhado à Congregação para a Doutrina da Fé e do Clero, em Roma, onde será julgado. Se confirmada a pedofilia, a decisão é clara: demissão do estado clerical, deixando de ser padre”, acrescentou.

*Com informações CGN e Catve.

Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias do OBemdito em primeira mão.

Mais lidas